Descrição de chapéu Coronavírus

Com fila nas portas, Fortaleza reabre comércio de rua

Shoppings também puderam funcionar, com limite público; máscaras são obrigatórias

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Fortaleza

Com filas nas portas de algumas lojas, o comércio de rua de Fortaleza voltou a funcionar nesta segunda-feira (8), depois de quase três meses fechado para evitar a disseminação do novo coronavírus. Também shoppings da capital cearense puderem abrir as portas.

Fortaleza entrou em sua primeira fase de reabertura econômica com a ocupação de UTIs próximo aos 80%, mas o governo informa que haverá monitoramento diário do sistema de saúde e fiscalização para ver se as lojas estão cumprindo o protocolo de segurança contra a Covid-19, como fornecer álcool em gel a funcionários e clientes e adotar medidas de distanciamento social.

O reinício foi confuso nesta manhã no centro da cidade. Filas de pessoas esperando a abertura de lojas, principalmente de eletrodomésticos, já estavam formadas desde as 8h, duas horas antes do horário estipulado pelo decreto do governo do estado —comércio de rua vai funcionar nessa fase das 10h às 16h com 30% da capacidade de funcionários e de clientes. Não havia marcações nas calçadas para orientar as pessoas a manterem distância.

"Preciso trocar um celular que comprei aqui antes de toda essa confusão, não tem jeito", disse Antônio Pereira, 58, na fila de uma loja na Praça do Ferreira. Ele estava de máscaras, como determina o decreto governamental, e com um tubinho de álcool em gel no bolso.

Algumas lojas colocaram fitas na entrada para bloquear a entrada de muitos clientes ao mesmo tempo e outras destacaram funcionários para receber os clientes com potes de álcool em gel na entrada. Mas algumas estavam sem qualquer tipo de bloqueio para o acesso das pessoas ou o higienizador, ao menos visível, na entrada do estabelecimento.

"Olha, está parecendo sábado até. O pessoal veio pra cá mesmo", disse o vendedor ambulante Carlos Carneiro, 37, que trabalha com um pequeno carrinho vendendo garrafas e potes de plástico. Mesmo com o decreto de fechamento do comércio, ele continuou indo ao centro, mesmo sem clientes. "Precisava colocar comida em casa. mas o com as lojas todas fechadas não tinha quase ninguém. Hoje voltou com tudo".

O calçadão da rua Liberato Barroso esteve cheio pela manhã, andando por ele era difícil desviar de outras pessoas. Em uma loja de calçados, um funcionário tentava organizar uma fila, ao mesmo tempo que segurava um tubo de álcool em gel. Enquanto pedia paciência aos clientes, viu funcionários da prefeitura jogando desinfetante na calçada. Ao menos seis homens estavam pelo centro nesta manhã com equipamentos de higienização.

Os shoppings também reabriram nesta segunda, com horário diferente das lojas de rua: podem funcionar, também com 30% da capacidade, das 12h às 20h. Aparentemente há um cuidado maior para acesso de clientes a esses estabelecimentos.

Na entrada a pessoa tem a temperatura medida —quem tiver mais de 37,5°C não poderá entrar. Foi colocado álcool em gel no acesso a cada escada rolante, na entrada e na saída, e quase todos os bancos de descanso foram retirados para evitar aglomeração. Haverá também a contagem de pessoas que entram no local, quando chegar ao limite de capacidade de 30% os demais clientes serão barrados até que outros saiam.

Cinemas, teatros, academias e espaços infantis continuam proibidos de abrir. As praças de alimentação terão restaurantes abrindo, mas somente para retirada de alimento. Não poderá haver o consumo no local.

Plano

O governo do Ceará elaborou um plano de retomada econômica em cinco fases. A inicial, chamada de transição, durou em todo o estado por sete dias, entre os dias 1 e 7 de junho e teve a reabertura principalmente de indústrias, como a química, de lojas relacionadas à saúde, como óticas, e salões de beleza e barbearias.

A primeira fase começou a vigorar nesta segunda, com a abertura de lojas de rua e shoppings (restaurantes e bares continuam fechados para atendimento presencial), mas apenas em Fortaleza onde, segundo a Secretaria de Saúde do Estado, a capacidade hospitalar está mais controlada. Na capital cearense a ocupação de UTIs está em 79%.

Todas as cidades do interior, porém, continuam na fase de transição por pelo menos mais sete dias. A situação que mais preocupa é a da região norte, que tem quatro cidades em lockdown até o dia 14 de junho: Sobral, Acaraú, Camocim e Itarema. Sobral, que tem 132 mortes e 3.067 casos, viu o Hospital Regional Norte chegar a 97% das UTIs ocupadas.

O Ceará tem hoje 4.010 mortos e 64.615 casos confirmados, destes 2.467 óbitos e 27.640 casos em Fortaleza. A periferia tem sofrido mais na capital cearense, com o maior número de mortes. A Barra do Ceará teve 100 óbitos, seguido por Mondubim (72) e Vila Velha e Bom Jardim (66 cada), todas em áreas mais pobres de Fortaleza.

E além de conviverem com a doença, ainda há o desafio da situação de violência em especial na periferia, que não desapareceu durante a quarentena. Maio registrou 317 homicídios no estado, número bem superior aos 178 do mesmo mês em 2019. Somente em Fortaleza foram 119, a maioria nas regiões onde a Covid-19 também ataca mais, como Barra do Ceará, Pirambu e Bom Jardim.

Boa parte dos assassinatos, como é comum no estado, são referentes a disputa por território entre facções criminosas, como o PCC, o Comando Vermelho e a local Guardiões do Estado. O acumulado nos cinco primeiros meses do ano no estado, de 1.838 homicídios, superou o registrado do mesmo período em 2019, que teve 937 assassinatos.

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