Em vídeo, enfermeiro engana ao dizer que estados recebem verba por vítimas da Covid-19

Repasses da União para o combate ao novo coronavírus não têm relação com o número de óbitos

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São Paulo

São falsas as afirmações de um enfermeiro do Rio de Janeiro que diz, em vídeo publicado no dia 10 de junho, que corpos de vítimas da Covid-19 são vendidos por milhões para governos estaduais e municipais. Ele também afirma, erroneamente, que 60% dos óbitos registrados com a doença foram por outros motivos. Segundo o Projeto Comprova verificou com o Ministério da Saúde, a União disponibiliza verbas para que estados possam usá-las para o combate ao vírus –na construção de hospitais de campanha e na compras de equipamentos de proteção, entre outras ações–, mas não há relação entre o número de infectados e de mortos com os repasses.

Procurado, o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro informou que não há qualquer investigação envolvendo possíveis fraudes em óbitos por Covid-19 no estado. A Polícia Federal não divulga informações sobre investigações em andamento, mas não há citação de nenhuma apuração envolvendo este tema.

No dia 11 de junho, a ONG Rio de Paz colocou cruzes em Copacabana, no Rio de Janeiro, para chamar a atenção para as mortes de Covid-19 no Brasil - Pilar Olivares/Reuters

O autor do vídeo que viralizou nas redes sociais, Anthony Ferrari Penza, que vive em Cabo Frio, disse que pode confirmar suas “denúncias” apenas com relatos de pessoas que buscaram atendimento médico. “Eu tenho provas disso, eu coloco cem pessoas para falar”, declarou Penza –sem apresentar nenhum documento.

Segundo o Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro e o Conselho Federal de Enfermagem, Penza tem diversas denúncias nas ouvidorias dos dois órgãos e há um processo administrativo para apurar possíveis infrações.

O vídeo tinha mais de 8.646 visualizações no YouTube até a publicação desta investigação e alcançou mais de 99 mil compartilhamentos no Facebook até o dia 22 de junho, quando foi apagado por Penza. Por isso, foi investigado pelo Comprova, que verifica conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais. Quando o material aborda assuntos relacionados à Covid-19, a verificação se torna ainda mais importante, pois coloca a saúde das pessoas em risco.

A investigação desse conteúdo foi feita por Folha, O Popular e Jornal do Commercio e publicada na segunda-feira (22) pelo Projeto Comprova, coalizão que reúne 28 veículos na checagem de conteúdos sobre coronavírus. Foi verificada por UOL, SBT e Gazeta do Sul.

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