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De Bauru (SP), repórter da Folha escreve sobre a Casa Branca

Em home office, jornalistas diversificam assinaturas em textos

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São Paulo

A escalada das tensões entre EUA e China são reportadas diretamente de Bauru (SP), a 330 km da capital. A exploração de imigrantes que ganham R$ 0,05 para confeccionar máscaras contra a Covid-19 em Carapicuíba, na periferia de São Paulo, é revelada em texto produzido em Viçosa (MG), a 650 km de distância da sede da Folha.

Pode parecer estranho, mas durante a quarentena tais situações têm sido recorrentes. Com a Redação em home office devido à pandemia do novo coronavírus, alguns jornalistas deixaram a cidade em que vivem e partiram para a casa de familiares e namorados —para passar uns dias, que viraram semanas e depois meses.

Fugindo do número vertiginoso de infectados e mortos pelo coronavírus na capital paulista ou do tédio de ficar preso em um apartamento, os repórteres mantiveram suas funções no jornal, só que à distância. E, como prevê o Manual de Redação da Folha, o crédito informado no alto de toda reportagem se refere à cidade em que foi produzida.

"Uma fonte me escreveu curiosíssima sobre o que está acontecendo em Viçosa de tão emblemático nesta pandemia que me fez vir trabalhar aqui. Ele achou que eu estava fazendo alguma reportagem investigativa na cidade", conta a repórter Flávia Mantovani, autora do texto sobre as máscaras anti-Covid.

A repórter Flávia Mantovani e sua filha Olívia, 3, em seu escritório em Viçosa (MG)
A repórter Flávia Mantovani e sua filha Olívia, 3, em seu escritório em Viçosa (MG) - Arquivo pessoal

O repórter Lucas Alonso, que cobre o noticiário internacional instalado no interior de São Paulo, diz que já leu comentário em redes sociais sobre esse aparente paradoxo. "Eu também acho engraçado ver textos que tratam dos EUA, da China ou da Nova Zelândia e que são assinados por alguém em Bauru."

Mesmo as seções da Folha que não são assinadas ganharam uma origem curiosa. O Painel do Leitor é editado da pequena Tapiratiba, a 300 km de São Paulo. O redator Luiz Antônio Del Tedesco resolveu se juntar à mãe na propriedade da família e divide seu escritório com galinhas e gambás —até mesmo uma jiboia já apareceu por lá. "Do meu escritório na varanda tomo sol e vejo os bichos e as árvores. Isso faz o trabalho ser mais leve", afirma.

O home office do redator Luiz Antônio Del Tedesco em Tapiratiba (SP)
O home office do redator Luiz Antônio Del Tedesco em Tapiratiba (SP) - Arquivo Pessoal

Os sons também podem ser diferentes no home office. Alonso trabalha ouvindo música clássica, já que seu namorado é violinista e tem dado aulas online. "Escrevo ouvindo Mozart, Bach, Beethoven e por aí vai".

Flávia Mantovani, que está grávida, precisa lidar com mais surpresas, algumas divertidas. "É novidade para mim trabalhar com vista para as montanhas, mas isso concorre com interrupções de cachorro latindo, criança vazando na tela das reuniões, bebê pulando dentro da barriga e um wi-fi que às vezes falha em momentos tensos das entrevistas", conta.

Em comum, todos relatam sentir falta do contato com os colegas na Redação para trocar ideias sobre reportagens, comentar o noticiário ou bater um papo comendo um doce no fim da tarde. Enquanto esse dia não chega, eles continuam a noticiar o que importa, seja de onde for.

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