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OMS paralisa testes com lopinavir e ritonavir no tratamento de coronavírus

Assim como no caso da hidroxicloroquina, experimentos não mostraram eficácia em pacientes de Covid-19 hospitalizados

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Bruxelas

A OMS (Organização Mundial da Saúde) anunciou neste sábado (4) que vai abandonar os estudos com os antivirais lopinavir e ritonavir para tratamento de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2).

Assim como no caso da hidroxicloroquina, os experimentos mostraram que não há eficácia no uso destes remédios, quando seu desempenho é comparado com o procedimento padrão de tratamento.

A paralisação dos experimentos foi recomendada pelo comitê diretor do Solidarity, programa coordenado pela OMS em 21 países, com mais de 5.000 pacientes hospitalizados, com o objetivo de encontrar um tratamento eficaz para casos mais sérios de Covid-19.

Análises provisórias mostraram que lopinavir e ritonavir têm pouca ou nenhum efeito na redução na mortalidade de pacientes com coronavírus hospitalizados
Análises provisórias mostraram que lopinavir e ritonavir têm pouca ou nenhum efeito na redução na mortalidade de pacientes com coronavírus hospitalizados - BBC/Getty Images

Segundo o comitê, foram revisados também resultados de outros ensaios clínicos usando as substâncias, durante a cúpula sobre pesquisa e inovação em Covid-19, na quarta (1º) e quinta (2) passadas.

As duas substâncias haviam sido incluídas no estudo por já terem sido licenciadas para o tratamento de pacientes com HIV.

Mas as análises provisórias mostraram que, assim como a hidroxicloroquina, lopinavir e ritonavir produzem pouca ou nenhuma redução na mortalidade de pacientes com coronavírus hospitalizados, quando comparados ao padrão de atendimento.

Também não houve evidências fortes de que esses medicamentos aumentem a mortalidade, segundo a OMS. Segundo comunicado da entidade, o estudo britânico Discovery, que faz parte do Solidarity, encontrou alguns dados relacionados à segurança das substâncias, que serão publicados depois de revisados por outros cientistas.

“Esta decisão se aplica apenas à condução do estudo Solidarity em pacientes hospitalizados e não afeta a possível avaliação em outros estudos de hidroxicloroquina ou lopinavir/ritonavir em pacientes não hospitalizados ou como profilaxia pré ou pós-exposição para Covid-19”, afirma o texto

Os resultados provisórios do Solidarity estão agora sendo preparados para publicação revisada por pares.

A entidade afirma que, até que haja evidências suficientes, não é recomendado o uso desses tratamentos para nenhum paciente de Covid-19: “A OMS está preocupada com relatos de indivíduos que se automedicam com cloroquina, o que pode causar sérios danos”.

A cloroquina fazia parte de uma lista iniciais de substâncias que seriam testadas pelo Solidarity, mas não chegou a entrar nos experimentos, pois os cientistas julgaram que não tinha potencial terapêutico suficiente para participar do estudo.

Apesar das contra-indicações e de críticas de médicos e cientistas, o governo federal brasileiro continua permitindo o uso de cloroquina e hidroxicloroquina.

Os testes continuam com as substâncias remdesivir e com lopinavir/ritonavir em combinação com Interferon beta-1a.

O remdesivir, que já recebeu autorização da agência de saúde americana para tratamento de casos graves de Covid-19, foi previamente testado como tratamento contra o vírus ebola e gerou resultados promissores em estudos com animais para Síndrome Respiratória no Oriente Médio (Mers-CoV) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), que também são causadas por coronavírus.

Estudos nos Estados Unidos mostraram resultados positivos no tratamento de Covid-19. Seu fabricante, o laboratório Gilead Sciences, abriu a patente do medicamento para facilitar o acesso em 127 países.

O interferon beta-1a é utilizado no tratamento da esclerose múltipla.

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