Seis trabalhos de pesquisadores do país estão entre os finalistas do 11º Prêmio Octavio Frias de Oliveira. Os vencedores serão revelados ao público no domingo (2), em reportagem da Folha. Serão reconhecidos os melhores trabalhos nas categorias “Pesquisa em Oncologia” e “Inovação Tecnológica em Oncologia”.
A premiação é uma iniciativa do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira) em parceria com o Grupo Folha. A láurea, que leva o nome do então publisher da Folha, morto em 2007, tem como objetivo incentivar e premiar a produção de conhecimento nacional na prevenção e no combate ao câncer.
Na categoria Pesquisa em Oncologia concorrem dois estudos da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto e um da UFRJ. Os trabalhos buscaram descobrir novos meios de combater o câncer de ovário, estudar a intrincada relação entre inflamação e câncer colorretal, e desvendar o papel do hormônio serotonina no câncer de mama.
Na categoria Inovação Tecnológica em Oncologia estão pesquisas do A.C.Camargo Cancer Center, do Inca (Instituto Nacional do Câncer) e do Icesp. Os cientistas finalistas investigaram marcadores do câncer gástrico que podem ajudar na escolha do tratamento, analisaram a composição do câncer de mama e bolaram uma forma mais barata de tratar leucemias.
Ao todo, 32 trabalhos foram examinados pela comissão julgadora, formada por representantes do próprio Icesp, da Faculdade de Medicina da USP, do Hospital das Clínicas da FMUSP, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), da Academia Nacional de Medicina, da Academia Brasileira de Ciências, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Fundação Oncocentro de São Paulo, e da Folha.
Além do melhor trabalho em cada categoria, também será conhecida a Personalidade de Destaque em Oncologia, escolhida pela comissão julgadora do prêmio. Cada vencedor receberá R$ 20 mil, além de um certificado.
Em decorrência da pandemia de Covid-19, a cerimônia de premiação deste ano não acontecerá na sede da Faculdade de Medicina da USP, como inicialmente previsto. No dia 5 de agosto às 17h, haverá uma cerimônia virtual no Ao Vivo em Casa, série de lives da Folha, que também será transmitida no canal do jornal no YouTube. O evento será apresentado pela jornalista Cláudia Collucci, repórter especial de saúde do jornal.
O médico e professor da USP Ivan Cecconello, presidente da comissão julgadora do prêmio, diz que, especialmente durante este período difícil da pandemia, o prêmio serve de estímulo à pesquisa oncológica e reconhece trabalhos feitos por grupos de diferentes instituições de pesquisa do país. “Existe um mar de coisas acontecendo, cada vez mais caminhamos para individualizar o diagnóstico e o tratamento dos pacientes.”
Cecconello, que também é diretor de cirurgia do aparelho digestivo e coloproctologia do Icesp, lembra ainda que a assistência ao paciente com câncer sofreu mudanças em decorrência da quarentena imposta pela pandemia e que serviços tiveram de se adaptar, o que levou muitos pacientes a terem de esperar para iniciar o tratamento. “A esperança é que tudo volte logo ao normal.”
Indicados na categoria Pesquisa em Oncologia
MICRORNA PODE COMBATER CÂNCER DE OVÁRIO
Autores: Wilson da Silva Jr e colaboradores
Instituição: Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto
RNAs
O RNA é uma estrutura que, usualmente, carrega informação para a fabricação de proteínas pela célula. Existem alguns, contudo, que tem um papel diferente, como os microRNAs
Regulação
Esses microRNAs têm a capacidade de se ligar ao DNA,como o miR-450a, estudado pelos pesquisadores
Câncer
O miR-450a foi capaz de inibir a sinalização celular responsável pela metástase (espalhamento) do câncer de ovário
Futuro
A ideia é que o tratamento com o microRNA possa complementar o tratamento vigente, hoje quase sempre cirúrgico ou controlar a progressão da doença
SEROTONINA TEM PAPEL NO CÂNCER DE MAMA
Autores: Mauro Sola-Penna e colaboradores
Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro
Hormônio
A serotonina é um hormônio com muitas funções, especialmente a de regular o humor, mas também tem papel no crescimento de diferentes tecidos
Correlação
Existe uma correlação entre a utilização de medicamentos antidepressivos que aumentam os níveis de serotonina e a mortalidade do câncer de mama
Estudo
Os cientistas mostraram que a serotonina leva ao crescimento de células tumorais, mas não de células não tumorais — isso graça a modificações sofridas pelas primeiras
Conclusão
A serotonina por si só não leva ao desenvolvimento do câncer, mas agrava tumores já formados
CÉLULAS T PODEM AJUDAR CONTRA O CÂNCER COLORRETAL
Autores: Caio Abner Leite e colaboradores
Instituição: Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto
Infecção e câncer
Médicos e cientistas já desconfiavam da relação entre a inflamação e o surgimento de câncer colorretal, mas não se sabia exatamente como isso acontecia
Culpado
Após diversos experimentos, que envolveram até mesmo colonoscopia em camundongos e análises de sangue, uma célula foi identificada como a orquestradora do fenômeno —a célula T regulatória (Treg)
Efeito paradoxal
Essas células podem tanto inibir novos tumores colorretais quanto acelerar o desenvolvimento daqueles pré-existentes
Possível tratamento
A ideia é que a manipulação, indução ou transferência de células Treg possam ser mais um caminho para combater e prevenir o câncer no futuro
Indicados na categoria Inovação em Oncologia
TERAPIA MAIS BARATA CONTRA A LEUCEMIA
Autores: Luiza de Macedo Abdo e colaboradores
Instituição: Instituto Nacional do Câncer (Inca)
Célula turbinada
Recentemente cientistas descobriram uma maneira de turbinar geneticamente células T do sistema imunológico, o que permitiu um combate mais efetivo contra leucemias
Preço
Um dos problemas, contudo, é o preço, que pode chegar a US$ 500 mil (R$ 2,6 milhões) por tratamento individual
Solução
Os cientistas resolveram fazer ajustes no método que podem baratear e fazer esse custo despencar para apenas dezenas de milhares de reais
Explicação
Entre os motivos para isso está a dispensa do emprego de vírus para fazer as mudanças genéticas e a redução do tempo de preparo das células de três semanas para apenas um dia
SEGREDOS MOLECULARES DO CÂNCER DE MAMA
Autores: Adriana Leandra Santoro e colaboradores
Instituição: A.C.Camargo Cancer Center
Investigação
Pesquisadores usaram uma técnica conhecida como espectrometria de massas para investigar a composição e o comportamento de vários tipos de câncer de mama
Morte programada
Houve alteração, por exemplo, em metabólitos (produtos de reações celulares) relacionados à morte programada, um mecanismo autodestruição da célula cuja falha pode resultar em câncer
Estrutura
Outra alteração observada foi na própria membrana celular de células tumorais, em um lipídio que a compõe
Perspectiva
Com esse conhecimento é possível conhecer melhor o comportamento desses tumores e traçar novos caminhos para pensar em tratamentos
COMO ESCOLHER A TERAPIA CERTA CONTRA O CÂNCER DE ESTÔMAGO
Autores: Marina Alessandra Pereira e colaboradores
Instituição: Instituto do Câncer do Estado de São Paulo - Icesp/HCFMUSP
Agressividade
O câncer de estômago é muito agressivo, especialmente em estágios avançados, quando o paciente responde pouco à quimioterapia
Seleção
Existem certas características moleculares dos tumores que podem ajudar os médicos a escolherem o melhor tratamentos para cada caso. Elas são chamadas de ‘marcadores’. Foram analisados 282 casos
Resultado
Os pesquisadores viram que 40,4% dos casos apresentaram marcadores relacionados a tratamentos direcionados (terapias alvos) já existentes
Na prática
Pacientes que estão passando por tratamento devem ser avaliados para evitar passar por tratamentos desnecessários ou inefetivos
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