Descrição de chapéu Coronavírus

SP quer dobrar produção da vacina contra coronavírus em teste e exportar para América Latina

Governo de SP angaria fundos para reformar fábrica e iniciar produção em outubro caso imunização seja aprovada

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São Paulo

O governador João Doria (PSDB) anunciou nesta quarta (29) que o Instituto Butantan pretende dobrar a sua capacidade de produção da vacina Coronavac contra o coronavírus, atualmente na terceira e final fase de testes.

Atualmente, o instituto tem capacidade de produzir 60 milhões de doses, mas pretende dobrar essa quantidade, chegando a 120 milhões. São necessárias duas doses por paciente para ocorrer a imunização.

O governo se reuniu com mais de 200 empresários virtualmente para buscar doações que possibilitem esse aumento. "Nós já conseguimos um compromisso de R$ 96 milhões de um total de R$ 130 milhões, que representa o valor da meta para dobrar a produção", disse o governador.

Doria afirmou ainda que instituições públicas e privadas de outros países latino-americanos procuraram o Instituto Butantan para buscar informações sobre a produção da vacina. A ideia é que o aumento de capacidade de produção do imunizante possibilite sua exportação para outros países.

Segundo o diretor do Butantan, Dimas Covas, isso é possível, uma vez que o acordo com a empresa chinesa Sinovac, criadora da vacina, prevê o financiamento e o controle do estudo pelo instituto a partir da fase três.

Ele também explicou que o contrato permite ao Butantan começar a produzir e envasar a vacina a partir de outubro deste ano, e a expectativa é que, se os testes forem concluídos com sucesso e tudo der certo, a vacina fique pronta a partir de janeiro do ano que vem.

“É possível que no começo do próximo ano nós tenhamos sim uma vacina, já em quantitativos definidos, 60 milhões [de doses] a partir de outubro e mais 60 milhões no primeiro trimestre do ano que vem, estamos falando de 120 milhões de doses”, afirmou.

“Esses quantitativos de vacina já preveem as necessidades do Brasil e a possibilidade de fornecimento para outros países”, completou.

Segundo Dimas Covas, o dinheiro arrecadado pelo governo será usado para reformar uma fábrica de vacinas que já existe, de 11 mil metros quadrados, mas precisa ser adaptada para produção da vacina contra o coronavírus, o que deve começar a ocorrer a partir da próxima semana.

A vacina começou a terceira e última fase dos testes, para averiguar sua efetividade no combate ao vírus, no Hospital das Clínicas, em São Paulo. Doria afirmou que, agora, mais quatro dos 12 centros de referência espalhados pelo Brasil também estão realizando testes em profisisonais da saúde.

O diretor do Instituto Butantan afirmou que o otimismo quanto aos prazos se ampara no fato de a entidade já produzir vacinas usando a mesma tecnologia. “O Butantan trabalha efetivamente com essa tecnologia, domina a cadeia de suprimento, sabemos quem são os fornecedores dos insumos, os equipamentos utilizados."

Durante a entrevista coletiva, Doria rebateu acusações de que a vacina desenvolvida em parceria com os chineses causaria a morte de quem a tomasse. "Além de não contribuírem em nada, propagarem o negacionismo, propagarem aglomerações, não usarem máscaras, não fazerem o distanciamento social, estimularem o consumo de cloroquina, ainda agora estão acusando a vacina, que vai salvar milhões de brasileiros, de poder provocar danos à saúde daqueles que vierem a ser vacinados", afirmou.

Dimas Covas também disse que as afirmações são "absolutamente inverídicas" e explicou que o imunizante não é testado em pessoas dos grupos de risco neste momento (a terceira fase) porque não faz sentido expor essas pessoas ao risco do vírus.

Ele acrescentou ainda que a tecnologia usada pela empresa chinesa Sinovac no desenvolvimento da vacina já se comprovou segura em outros casos.

O diretor do Instituto Butantan também afirmou que o instituto foi procurado por emissários do governo russo para uma eventual parceria para produção de uma vacina que está sendo elaborado em uma instituição estatal do país.

"É uma tecnologia diferente, que não conhecemos, e precisamos de dados técnicos mais concretos para conhecer melhor a vacina", afirmou. "É prematuro dizer se descartaremos uma associação para produção dessa vacina mais à frente" completou.

Ampliação de testes

Na frente de testes da população para identificar novos casos de coronavírus, o governo do estado afirma que está aumentando a testagem.

"Houve um acréscimo de 500% na testagem de abril para julho em São Paulo e o estado é o que mais faz testes no país", afirmou João Gabbardo, coordenador executivo do centro de contingência da Covid-19 em São Paulo.

Há uma semana, a média móvel de casos confirmados do estado de São Paulo era de 6,6 mil e hoje é de 10,7 mil, segundo Gabbardo.

"É esperado que esse aumento ocorra. A confirmação desses casos nos leva a identificar casos leves e pessoas que não vão ao hospital e podemos fazer seu isolamento. Assim, evitamos que eles continuem transmitindo o vírus", completou.

O estado também ultrapassou a marca de 500 mil casos de coronavírus. Esse quantitativo foi atingido nesta terça (28), quando por um problema no sistema, não houve divulgação dos números. Segundo os dados atualizados nesta quarta, o estado já soma 514.197 testes positivos do vírus e 22.389 óbitos.

Gabbardo criticou prefeitos que escolhem não aumentar a capacidade de testagem com receio de piorar os indicadores da doença. "O prefeito que fizer isso será surpreendido nas próximas semanas não com aumento do número de casos, mas com aumento da taxa de óbitos e de internações", disse.

O governo deve ampliar o programa de rastreamento de contatos das pessoas infectadas para cem municípios do estado, segundo Marco Vinholi, secretário de desenvolvimento regional de São Paulo.

QUILOMBOLAS

O estado também criou um programa de testagem de populações vulneráveis no estado, com coordenação do Instituto Butantan.

Em uma ação realizada nesta quarta na comunidade quilombola Peropava, na cidade de Registro, região sul de São Paulo, serão testadas 120 pessoas.

A iniciativa disponibilizará testes rápidos sorológicos e serão distribuídos cestas básicas, cobertores, máscaras e álcool em gel para as famílias.

Sergundo a Secretaria de Comunicação do estado, o programa já atendeu 1.500 indígenas do litoral de São Paulo, e tem como meta fazer "233 mil testes em indígenas, quilombolas, moradores de comunidades carentes, idosos, moradores de abrigos".

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