Em meio a reflexões e risadas, os vídeos veiculados pelo canal Embrulha pra Viagem ganham cada vez mais seguidores.

O núcleo duro do canal, que apresenta esquetes em vídeos com humor do cotidiano, nasceu há quatro anos em São Paulo.

Formado pelos atores e roteiristas Maurício de Barros, Marcelo Laham e Willians Mezzacapa, e pelo diretor de fotografia e editor Philip Silveira, o canal tem 150 mil pessoas inscritas no YouTube, 180 mil seguidores no Facebook e 70 mil no Instagram. Os números de figurantes, atores e equipe técnica que participam em cada episódio são variáveis.

Piadas em torno de questões atuais conquistam o público semanalmente.

"Antes era só um vídeo por semana. Agora, durante a pandemia, são três", afirma Mezzacapa, que no vídeo "A Louça Não Para" faz uma paródia da música "O Tempo Não Para", composta por Cazuza e Arnaldo Brandão.

Os sócios do grupo atuam em cinema, TV e teatro. As funções de roteirista e diretor vieram com a criação do canal.

"Durante um ano, nos encontrávamos numa lanchonete e escrevíamos esquetes. Pesquisamos e nos inspiramos, entre outros modelos, no Porta nos Fundos, antes de decidirmos fazer algo com a nossa cara", lembra o ator.

Há cerca de um mês, o vídeo “Compra de Mercado”, protagonizado por Marcelo Laham, mostra como fazer compras em tempos de pandemia e já teve quase 76 mil visualizações no canal do YouTube. O vídeo “Aula”, veiculado há mais de uma semana, também com Laham atuando, relata o perrengue que têm sido para os pais atenderem as solicitações dos filhos que têm aulas remotas.

No início, o público do canal era masculino. Buscando diversificação, eles incorporaram uma das facetas de Chico Buarque. "Passamos a escrever usando também o protagonismo feminino. Isso mudou o perfil dos seguidores", conta.

No Instagram, o Embrulha pra Viagem reúne, na faixa etária entre 25 e 50 anos, um público mais feminino do que no YouTube. Segundo o ator, por baterem na tecla da homofobia, também conseguem amealhar um público LGBT significativo.

Os vídeos mais vistos variam de acordo com a rede social. No Instagram, é o "Live do Corona"; no Youtube, "Bom Dia"; e no Facebook, a paródia da música "Eduardo e Mônica", feita na ocasião das eleições de 2018, mostrando a separação de Eduardo, de direita, e Mônica, de esquerda, em meio à polarização que tomou conta do país.

Mezzacapa diz não haver um tema que seja tabu. "Mas reprovamos roteiros que ferem minorias. Se falamos sobre homossexualidade, falamos do preconceituoso que vive no armário, e não de quem sofre preconceito por assumir ser gay. Brincamos com o opressor e também com a hipocrisia do meio artístico", conta.

São muitos os vídeos abordando as inquietações e satirizando a realidade do ator. Neles ganham destaque a desvalorização social e cultural sentida por esses profissionais, além do egocentrismo e da “loucura” de ser artista num país como o Brasil.

“É sempre uma crítica construtiva, nunca desrespeitando. Essa é uma maneira de fazermos as pessoas refletirem através da piada”, disse o ator que, junto a seus parceiros, têm gerado oportunidades para colegas, elencando-os em suas produções.

“São excelentes atores, atrizes e figurantes, mas que não costumam aparecer nessa área do audiovisual. Então o canal serve como vitrine para eles serem chamados para outros trabalhos.”

Na rotina de trabalho do grupo, há reuniões virtuais para aprovação dos roteiros, além das gravações. Cada um dos três roteiristas tem o comprometimento de criar seis esquetes por mês.

"Nosso maior objetivo é ter uma independência financeira porque a profissão do ator é muito instável", afirma.

Os sócios ainda não lucram com o projeto, mas pretendem, além de aumentar o número de vídeos postados por semana, inserir seu conteúdo em plataformas de streaming e na TV a cabo.

Os materiais já produzidos podem ser vistos no Instagram, no YouTube e no Facebook.

Vídeos inéditos são lançados todas as segundas, quartas e quintas-feiras.