Descrição de chapéu Coronavírus

Paraná assina acordo para produção de vacina da Rússia contra Covid-19

Volume de fabricação e valor de investimentos da Sputnik V ainda não estão definidos

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Curitiba

O diretor-presidente do Instituto Tecnológico do Paraná (Tecpar), Jorge Callado, afirmou nesta quarta-feira (12) que ainda não possui detalhes dos estudos russos que levaram à vacina contra o novo coronavírus anunciada pelo país europeu, mas que o estado não pretende “queimar etapas” junto aos órgãos de controle para fabricar a imunização no Brasil.

“Não tivemos informações por questão de segurança. [...] Não podemos nos pautar apenas por alguns comentários ou citações [críticas à vacina]. Agora é o momento de estarmos em contato com os dados e iniciarmos as análises”, disse aos jornalistas após formalização do primeiro memorando entre o governo russo e as autoridades paranaenses.

A reunião, online, incluiu o governador Ratinho Jr. (PSD), o embaixador da Rússia no Brasil, Sergei Akopov, e representantes do Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF), como o presidente Kirill Dmitriev. O grupo investidor da pesquisa detém a patente da vacina russa, que recebeu o nome de Sputnik V.

Integrantes dos ministérios da Saúde, Relações Exteriores e de Ciência e Tecnologia também acompanharam a assinatura. Os estudos serão acompanhados pelo governo federal.

"Sentimos muita vontade do governo russo em acelerar esse processo com o Paraná”, descreveu o secretário da Casa Civil, Guto Silva, que também participou do encontro.

Cientista exibe vacina contra o novo coronavírus desenvolvido pelo Instituto Gamaleya, em Moscou - RDIF - 6.ago/Xinhua

Segundo Callado, até segunda-feira (17), deve ser formalizada uma força-tarefa com técnicos do instituto paranaense, de outros órgãos parceiros e dos criadores da Sputnik V para troca de dados. “Existem informações de que a vacina passou pelas fases 1 e 2 [de testagem]. Precisamos dessas comprovações para irmos adiante”, afirmou o diretor.

Após o acesso aos dados, num prazo de 30 a 40 dias, Callado disse acreditar que o Tecpar deverá solicitar à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e aos outros órgãos competentes os protocolos de validação da pesquisa russa no Brasil. “Tendo essas aprovações, seguiremos em frente”, ressaltou.

Ele disse que não há comprometimento do Paraná com a assinatura do memorando e que, por isso, caso não haja comprovação científica de eficácia e segurança da vacina russa, a parceria pode se encerrar.

A produção da vacina em território brasileiro, ele apontou, só deve ocorrer no segundo semestre de 2021, mas não descartou a hipótese de importação do produto antes disso, se o registro for liberado.

“Sempre é bom ter mais uma alternativa, até agora temos notícias de avanço [de outras vacinas], mas nada totalmente confirmado. Esperamos que os resultados sejam promissores e que o Brasil tenha várias alternativas de imunização”, disse.

Segundo o secretário da Casa Civil, no atual estágio do acordo ainda não foram tratados outros detalhes, como possível volume de fabricação ou valores de investimento.

“Estamos muito concentrados na rapidez dos protocolos, a partir do momento que tivermos um protocolo, iniciar a testagem [para saber] se a vacina pode avançar, aí vamos entrar em produção, distribuição ou importação”, acrescentou.

A imunização em questão foi desenvolvida pelo Instituto Gamaleya. Nesta terça-feira (11), o presidente da Rússia Vladimir Putin anunciou que a vacina havia recebido aprovação regulatória do Ministério da Saúde do país. Esse é o primeiro registro de uma vacina contra o novo coronavírus feito no mundo.

O anúncio gerou desconfiança na comunidade científica. Nenhum resultado dos estudos que levaram ao desenvolvimento da imunização foi publicado em periódicos especializados até o momento, prática comum no meio científico.

Callado acredita ser normal o atraso do país em publicar estudos que levaram à imunização. “Creio que isso aconteça por questões de publicação e elaboração de textos. O mundo está numa corrida tecnológica e científica para isso”, disse.

Em nota, o RDIF e o Instituto Gamaleya afirmaram que, “num futuro próximo”, estarão prontos para fornecer ao Tecpar os resultados dos ensaios clínicos da vacina e protocolos tecnológicos de sua produção.

“O Brasil é um dos cinco principais países prontos para apoiar a produção da vacina russa. Estamos confiantes na alta segurança e eficácia da vacina Sputnik V e esperamos a aprovação da vacina pelas autoridades brasileiras em breve”, afirmou Dmitriev via assessoria.

Vacinas podem levar anos até serem disponibilizadas à população e precisam passar por uma série de estudos em animais e em humanos para comprovar segurança e eficácia. Os testes clínicos, feitos em humanos, são divididos em três diferentes fases.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) que acompanha as mais de 160 vacinas em desenvolvimento contra a Covid-19 no mundo todo, a substância criada pelo Instituto Gamaleya ainda está na primeira fase dos testes clínicos.

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