Descrição de chapéu Coronavírus

Empresa anuncia retomada de testes de vacina de Oxford contra Covid-19

Estudo clínico havia sido pausado após participante ter reação adversa; Anvisa diz que espera notificação de agência britânica

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Londres | Reuters

Os testes clínicos para a candidata à vacina contra o coronavírus da AstraZeneca e da Universidade de Oxford foram retomados. Segundo anúncio da empresa neste sábado (12), a agência sanitária britânica teria considerado as testagens seguras.

Na terça-feira (8), a farmacêutica anunciou a suspensão dos testes no mundo após o surgirmento de uma doença grave em uma participante dos estudos no Reino Unido. O Brasil é um dos países que participa da pesquisa global, por meio de parceria com a Fiocruz.

Dois dias depois da pausa, em meio a especulações sobre o atraso no cronograma dos testes, o presidente da AstraZeneca, Pascal Soriot, afirmou que ensaio clínico da vacina pode ser completado ainda em 2020, em reunião com alguns investidores da companhia.

A participante, uma mulher que tomou a vacina, e não o placebo, apresentou sintomas neurológicos consistentes com uma inflamação espinhal rara, chamada mielite transversa, afirmou Soriot, ao mesmo tempo em que disse que o diagnóstico não havia sido concluído.

Em nota, a Universidade de Oxford afirmou que a pausa "é uma ação rotineira que deve acontecer sempre que houver uma doença potencialmente inexplicada em um dos estudos, enquanto ela é investigada, garantindo a manutenção da integridade dos testes".

Já a farmacêutica afirmou que, em estudos com participação de muitas pessoas, como é o caso da fase três da vacina em questão, problemas de saúde ocorrerão aleatoriamente, e tais casos precisam ser analisados por uma equipe independente.

ANVISA

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) disse que já foi informada por Oxford sobre a autorização para a retomada dos testes. Mas, até o momento, não teria sido comunicada oficialmente pela autoridade sanitária do Reino Unido, responsavel por esta autorização.

"Para que a reativação do estudo clínico ocorra no Brasil, a Anvisa espera receber nos próximos dias o peticionamento da empresa AstraZeneca", disse, em nota.

Na prática, explica a agência, o laboratório precisa protocolar o pedido de nova anuência para que o estudo da vacina de Oxford possa ser retomado no país.

"A Anvisa reitera que está comprometida com a celeridade na análise de todos os dados. Ao mesmo tempo, trabalha para garantir a segurança dos participantes do estudo clínico no Brasil", afirmou.

Mesmo com o cronograma ainda incerto dos testes das vacinas, países têm anunciado datas para imunização.

Na terça (8), dia da suspensão da vacina britânica, o ministro interino da saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que "em janeiro do ano que vem, a gente começa a vacinar todo mundo". Segundo Pazuello, a previsão as primeiras doses da vacina chegassem ao governo brasileiro neste mês.

Nos EUA, o governo levantou a possibilidade para vacinar parte da população já em outubro, data próxima à eleição presidencial na qual o presidente republicano Donald Trump tenta reeleição e antes mesmo da conclusão da fase três dos estudos.

Kirill Dmitriev, presidente do Fundo Russo de Investimentos Diretos, que bancou os cerca de R$ 300 milhões do desenvolvimento do imunizante anunciado pela Rússia, afirmou estar satisfeito que a AstraZeneca retomou seus testes, mas criticou o que chamou de "riscos potenciais de novas tecnologias" usadas por cientistas nos EUA e na Europa.

"A suspensão dos ensaios mostrou a falácia da abordagem, quando países inteiros contam exclusivamente com plataformas novas e não testadas ao escolher uma vacina, como o uso de um vetor de adenovírus de macaco ou tecnologia de mRNA", afirmou.

Já a vacina russa Sputinik V, segue o investidor, "é baseada em uma plataforma bem estudada usando vetores adenovirais humanos, que se provou ser segura e eficaz".

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