O movimento antivacina tem uma opositora ferrenha na família Bolsonaro.
Esposa do deputado Eduardo Bolsonaro e mãe de sua primeira filha, a psicóloga Heloisa Bolsonaro chamou de "coisa de retardado" grupos que se opõem à imunização. Horas depois, disse que errou äo emitir uma opinião sobre algo que, como disse, não conheço".
O passa-fora foi dado após ela ser provocada em seu Instagram, por uma seguidora, sobre sua filha tomar ou não vacina e o que ela acha desse movimento que em 2019 foi incluído pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como uma das ameaças globais à saúde.
Pergunta: "Oi Geórgia toma/tomou vacinas? O que vc acha do movimento antivacina?".
Resposta: "Geórgia toma e tomará todas vacinas para cada fase. Não sabia que existia um movimento antivacina, mas agora sabendo, só pode ser coisa de retardado. Depois quando o filho tiver uma doença, quero ver ele agradecer aos pais por terem poupado ele da dor do 'pic'. Pqp né?! Por essas e outras a gente vê a volta de doenças antes erradicadas".
A história dos antivaxxers, como são chamados os que repelem a vacinação, se insere nas guerras culturais que polarizam direita e esquerda mundo afora. Um importante aliado do presidente Jair Bolsonaro, o sogro de Heloisa, já sinalizou simpatia ao movimento.
O escritor Olavo de Carvalho reproduziu em 2016 uma fala que atribuiu ao médico homeopata Carlos Armando de Moura Ribeiro. Ele, segundo Olavo, "dizia explicitamente: 'Vacinas matam ou endoidam. Nunca dê uma a um filho seu. Se houver algum problema, venha aqui que eu resolvo'. Pois não é que o Percival teve nada menos que MENINGITE, e o Dr. Ribeiro o curou em 24 horas?".
Em publicação posterior, Heloisa diz não saber nada "sobre o movimento, seus argumentos. Opinei com base no que eu ouvi. Se você possui suas convicções, ignore".
A psicóloga pede desculpa por ter dito que a corrente é "coisa de retardado". "São apenas pessoas que pensam diferente de mim ou que possuem informações que eu não possuo."
Há ainda uma explanação sobre o uso da palavra que, segundo ela, "nada tem a ver com pessoas com deficiência intelectual. Aqui o politicamente correto não".
Outra ressalva: "E obviamente não estava falando do vírus chinês". Assim os bolsonaristas se referem à Covid-19, que teve seu início no país asiático.
Não consta que o clã Bolsonaro seja contrário à ideia dos imunizantes em si. Mas a postura presidencial na guerra política em torno das vacinas que poderão deter a pandemia anima essa franja da sociedade.
Empolgou antivaxxers, por exemplo, o dia em que Bolsonaro disse a uma mulher que se aproximou para pedir que o governo proíba uma eventual campanha contra a Covid-19: “Ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina”. Dias depois, publicou que vacina obrigatória "só aqui no Faísca". A legenda acompanhava uma foto ao lado do seu cachorro no Palácio do Alvorada.
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