Descrição de chapéu Coronavírus

Remdesivir não é indicado para tratar Covid-19, afirma OMS

Testes iniciais da droga tinham mostrado discreta diferença em relação ao placebo; nos EUA, antiviral tinha autorização para uso emergencial

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São Paulo

A OMS (Organização Mundial da Saúde) não recomenda o uso da droga remdesivir, da farmacêutica Gilead, contra a Covid-19. Segundo um painel de especialistas da entidade, os dados disponíveis não apontam para melhores quadros clínicos em pacientes com o novo coronavírus que usaram a medicação.

A recomendação contra o uso se estende para quaisquer graus de gravidade da Covid-19.

"O painel enfatiza que a evidência não sugere efeitos importantes sobre a mortalidade, necessidade de ventilação mecânica, tempo para melhora clínica e outros resultados importantes para o paciente", afirma a atualização mais recente do guia de drogas contra a Covid-19 da OMS, publicado, nesta quinta-feira (19), na revista científica BMJ.

Mesmo assim, pela qualidade fraca da evidência disponível, o painel de especialistas diz que os dados não provam que a droga seja totalmente ineficaz.

A atualização da OMS é baseada em dados de testes de drogas em quatro estudos clínicos internacionais randomizados que totalizam mais de 7.000 pessoas hospitalizadas com Covid-19.

A nova recomendação relacionada à droga faz parte de um guia feito pela OMS, em parceria com a organização Magic Evidence Ecosystem Foundation, para proporcionar dados e orientações atualizados sobre drogas para o tratamento da Covid-19.

Apesar do antiviral ter sido aprovado pela FDA (Food and Drug Administration, agência americana similar à brasileira Anvisa que regula drogas e alimentos) como o primeiro tratamento para Covid-19, os resultados de testes iniciais já não mostravam nada além de uma diferença modesta entre o remdesivir e o placebo.

O antiviral tem autorização para uso emergencial nos EUA para todos os adultos e pediátricos internados com a Covid-19.

A droga incialmente havia sido desenvolvida para o tratamento de ebola, mas sem resultados expressivos contra a doença.

Ao mesmo tempo, o documento da OMS continua recomendando, com base em evidências fortes, o uso de corticosteroides em casos graves e severos de Covid-19, uma indicação que já vem de meses anteriores.

Estudos demonstram que a barata dexametasona é capaz de reduzir a mortalidade em pacientes críticos da doença. Contudo, a droga é contraindicada para os casos mais leves.

O remdesivir é somente uma das drogas que estão ou estavam sob observação da OMS. A diretriz atualizada vem na esteira de novos dados do estudo ramdomizado Solidarity, da OMS, que foram disponibilizados em pré-print (ou seja, que ainda não passaram por revisão de outros cientistas independentes) no último domingo (15).

Os dados presentes no estudo também se debruçam sobre a hidroxicloroquina, sobre lopinavir e interferon. Nenhum deles, porém, de acordo com a pesquisa, apresentou impacto positivo contra a Covid-19.

Em nota, a farmacêutica Gilead afirma refutar a orientação da OMS quanto ao medicamento. A empresa diz estar desapontada "que as diretrizes da OMS pareçam ignorar essas evidências em um momento no qual os casos estão aumentando dramaticamente em todo o mundo".

A empresa também diz que os dados do estudo Solidarity "foram disponibilizados e não foram revisados por pares".

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