Descrição de chapéu Coronavírus

AstraZeneca e Rússia anunciam testes clínicos conjuntos de suas vacinas contra Covid

Ao mesmo tempo, Sanofi e GSK anunciam que sua vacina não ficará pronta até o fim de 2021

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Moscou e Paris | AFP

A Rússia e o laboratório britânico AstraZeneca anunciaram nesta sexta-feira (11) testes clínicos conjuntos que combinam suas duas vacinas contra a Covid-19.

"Anunciamos um programa de testes clínicos para avaliar a segurança a imunogenicidade da combinação da ASD1222, desenvolvida pela AstraZeneca e a Universidade de Oxford, e Sputnik V, desenvolvida pelo instituto de pesquisa Gamaleya", anunciou a unidade da AstraZeneca na Rússia em um comunicado.

As duas vacinas usam adenovírus. Os testes incluirão voluntários com mais de 18 anos.

Em outro comunicado, o Fundo Soberano Russo, que participa no desenvolvimento da vacina, afirma que propôs em novembro à AstraZeneca o uso de um dos dois componentes da vacina Sputnik V.

"A AstraZeneca aceitou a proposta (...) de usar um dos dois vetores da vacina Sputnik V nos testes clínicos adicionais de sua própria vacina, que começarão antes do fim do ano", indicou o fundo soberano.

"As combinações das diferentes vacinas contra a Covid-19 podem ser una etapa importante para criar uma proteção maior", afirmou a AstraZeneca, explicando que ao unir duas pesquisas é possível obter uma "resposta imunológica melhor".

A Rússia afirmou que sua vacina tem eficácia de 95%, mas os dados não foram revisados pela comunidade científica ou publicados em revistas especializadas. Atualmente está na fase 3 de testes clínicos em 40 mil voluntários. O país iniciou na semana passada a vacinação em parte da população.

A eficácia da vacina da AstraZeneca e a Universidade de Oxford é de 70% em média, segundo estudo publicado na revista Lancet.

Sanofi

Os laboratórios Sanofi e GSK, francês e britânico respectivamente, anunciaram nesta sexta-feira (11) que sua vacina contra a Covid-19 não ficará pronta até o fim de 2021, depois de resultados abaixo do esperado nos primeiros testes clínicos.

O programa foi "adiado para melhorar a resposta imunológica nas pessoas mais velhas", afirmaram as empresas em um comunicado.

Os dois laboratórios esperam disponibilizar a vacina no quarto trimestre do próximo ano. O plano original era apresentar um pedido de licença no primeiro semestre de 2021 e disponibilizar um bilhão de doses.

A Sanofi, que está desenvolvendo a vacina em parceria com a GSK, havia informado recentemente que esperava iniciar os últimos testes em humanos de fase 3 no fim de dezembro.

De acordo com este calendário, o grupo farmacêutico francês, um dos principais produtores de vacinas do mundo, pretendia produzir um bilhão de doses em 2021.

Os resultados provisórios dos primeiros testes (fases 1 e 2) não atingiram as expectativas. Embora a resposta imunológica em adultos com idades entre 18 a 49 anos seja "comparável à de pacientes que se recuperaram da infecção por Covid-19", esta resposta é "insuficiente" nos adultos mais velhos, afirma o comunicado.

Como consequência, os laboratórios desejam "aperfeiçoar a concentração de antígenos para obter uma alta resposta imunológica em todas as faixas etárias", diz a nota.

"A fórmula do produto não é satisfatória. É importante otimizá-la, e isso pode levar um pouco mais de tempo", declarou à AFP Thomas Triomphe, vice-presidente da divisão de vacinas da Sanofi, que admitiu um anúncio "decepcionante".

Os laboratórios organizarão uma fase de testes complementares a partir de fevereiro, baseados em um teste recente em primatas não humanos com uma fórmula de antígenos aprimorada.

O teste mostrou que "a vacina candidata poderia aportar uma proteção contra as patologias pulmonares e comportar a eliminação rápida do vírus nas vias nasais e nos pulmões no espaço de dois a quatro dias", afirma o comunicado.

"Quando injetamos uma forte quantidade de vírus em animais que receberam a vacina, nós temos excelentes resultados, o que nos dá confiança", destacou Thomas Triomphe.

De modo geral, o desenvolvimento de uma nova vacina leva tempo e dinheiro. De acordo com especialistas do setor, são necessários 1,2 bilhão de dólares e dez anos, em média.

No caso da Covid-19, porém, a pesquisa, estimulada por um financiamento excepcional e por parcerias público-privadas, derrubou os prazos tradicionais.

Várias vacinas já tiveram os resultados de eficácia publicados, como a vacina da americana Pfizer, que trabalha em colaboração com a empresa alemã BioNTech. O Reino Unido autorizou a administração do produto e iniciou uma campanha de vacinação na terça-feira, e o mesmo aval pode sair em breve nos EUA.

Neste contexto, a vacina da GSK e Sanofi pode chegar muito tarde. "São de três a quatro meses de atraso, mas, no fim das contas, com mais informações sobre uma fórmula melhor", disse Triomphe. "Corresponderá aos nossos sócios decidir se querem encomendar as doses."

Sanofi e GSK assinaram vários contratos de entrega, um deles com a União Europeia, que reservou 300 milhões de doses para 2021.

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