Descrição de chapéu Coronavírus

Vacinação contra a Covid-19 em SP deve se iniciar em janeiro, diz Doria

Governador disse estar indignado com o plano do governo federal de iniciar imunização em março

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O governador de São Paulo João Doria (PSDB) disse nesta quinta-feira (3) em entrevista que a imunização da população de São Paulo contra a Covid-19 começará em janeiro e deve ser completada até fevereiro. O governo, no entanto, não apresentou um plano de como será a vacinação no início de 2021.

Doria disse ainda estar indignado com o plano de vacinação divulgado pelo governo federal na última terça (1º), com início previsto só em março. "Se o Ministério da Saúde tiver juízo, competência e visão de que a vacina deve ser para todos os brasileiros, poderá oferecer também para imunizar a população brasileira de São Paulo e de outros estados do país."

O estado de São Paulo, em parceria com o Instituto Butantan, tem acordo para importação e produção no país da vacina Coronavac, produzida pela empresa chinesa Sinovac. A vacina não está no cronograma apresentado pelo governo federal.

A chegada de matéria-prima suficiente para a produção de 1 milhão de doses na manhã desta quinta se soma às 120 mil doses que já desembarcaram no país. "Com mais este lote de vacinas, já temos no Instituto Butantan 1,12 milhão de doses. Até a primeira quinzena de janeiro, teremos 46 milhões de doses disponíveis para a população de brasileiros do estado de São Paulo", afirmou o governador.

"Eu indago se os membros do governo federal que vivem na capital do país não enxergam, não leem e não sabem que existem mais de 600 brasileiros que morrem todos os dias. É surpreendente essa indiferença, essa falta de compaixão com os brasileiros. Por que iniciar uma imunização em março se podemos fazer já em janeiro? Vamos perder mais 60 mil vidas? Vamos deixar que mais 60 mil brasileiros morram para daí iniciar a imunização?", questionou Doria.

O governador completou dizendo que vem "cumprindo a missão de disponibilizar a vacina para salvar vidas no menor tempo possível" e que deve ser divulgado um cronograma de vacinação no estado na segunda-feira (7).

A imunização, no entanto, dependerá de aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e de registro da vacina.

Doria, no entanto, já afirmou, em entrevista ao site Metrópoles, que, caso a Anvisa não aprove a Coronavac mas outras agências regulatórias internacionais sim, o imunizante poderá ser ofertado à população independentemente do aval brasileiro.

Segundo ​​Dimas Covas Tadeu, diretor do Instituto Butantan, o instituto deve apresentar até o dia 15 os resultados da fase 3 do imunizante, testado em mais de 16 centros no país. Se eles forem aprovados pelos órgãos de controle, a vacinação já terá início com as doses disponíveis.

"É preciso ter um programa de vacinação que disponibilize essas vacinas muito rapidamente, sejam elas 46 milhões, sejam 110 milhões [da Oxford]. Temos que usar essas vacinas em dois, três meses, o mais rapidamente possível. Não podemos nos guiar pelos procedimentos habituais de produção de uma vacina."

O pesquisador afirmou, no entanto, que os procedimentos rigorosos de eficácia e segurança estão sendo acompanhados e que a vacina será disponibilizada rapidamente cumprindo esses critérios.

Com a chegada de mais insumos nesta quinta-feira, o envase e rotulagem das doses da Coronavac pelo Instituto Butantan deve ter início na segunda-feira (7), segundo o diretor do instituto.

Antes de apresentar a atualização sobre o avanço da pandemia no estado, Doria disse que sempre houve transparência por parte do governo na atualização do Plano SP e que "não houve, não há e não haverá decisão política" por parte do governo para reclassificar as regiões do estado.

O governador rechaçou a possibilidade de um lockdown no estado, afirmando que "repudia o populismo dos que defendem um lockdown inviável". "Não fizemos e não há perspectiva de fazermos um lockdown em SP pois destrói empregos e prejudica a economia, penalizando justamente os mais pobres e uma sociedade desigual como a nossa."

Segundo o secretário estadual de saúde Jean Gorinchteyn, o nível de ocupação de UTIs da Grande São Paulo até esta quinta-feira (3) é de 53,7%, enquanto em todo o estado a taxa é de 60,7%.

Até o momento, foram registrados 1.267.912 casos e 42.637 óbitos de Covid-19 no estado. Nas últimas 24 horas, o estado registrou 8.208 casos e 181 mortes.

Até a última quarta-feira (2), a média móvel de internações do estado era de 1.474, a mais alta desde o dia 2 de setembro.

Por essa razão, a equipe do governo pediu atenção para evitar aglomerações nas confraternizações de final de ano. "Recomendamos fortemente nas festas de final de ano que as pessoas evitem aglomerações com mais de dez pessoas, pois um número maior do que isso, com tempo de exposição de mais de uma hora, pode colocar em risco não só você mas seus familiares", disse José Medina, coordenador do centro de contingência do coronavírus de SP.

Para fortalecer o cumprimento das medidas sanitárias de controle do vírus, como uso de máscaras e proibição de aglomerações, o governo de SP contratou mais de mil agentes de fiscalização que irão atuar em todo o estado.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.