Descrição de chapéu Coronavírus

Após primeira foto de vacinação, Doria faz turnê da Coronavac pelo interior de SP

Em eventos em 5 cidades, governador posa para imagens de imunização de servidores e critica Bolsonaro

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São Paulo

O governos Jair Bolsonaro (sem partido) e João Doria (PSDB) travaram uma corrida pela primeira foto da vacinação até os últimos minutos. O governador paulista venceu o páreo no domingo (17) e, desde então, não parou mais de tirar fotos como aquela.

A foto de Doria ao lado da primeira vacinada, a enfermeira Mônica Calazans, gerou irritação no governo Bolsonaro. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, classificou como jogada de marketing a ação, enquanto o presidente voltou a ironizar a vacina e dar declarações que desestimulam o uso do imunizante.

Doria, depois disso, iniciou uma turnê com a Coronavac, a vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan com a Sinovac, que até o momento é a única disponível no Brasil. Nos eventos que já passaram por um total de seis cidades, contando São Paulo, as imagens mimetizam a original, de Mônica, com Doria de pé ao lado de um profissional de sáude sendo vacinado.

A vacina é a grande a aposta de Doria, para nacionalizar seu nome, com objetivo de concorrer à Presidência da República contra Bolsonaro.

Enquanto o governo Bolsonaro não consegue trazer da Índia 2 milhões de doses da vacina da Astrazeneca, em parceria com a Fiocruz, Doria segue viajando. No primeiro dia do tour do governador, ele passou por Botucatu e Campinas, onde técnicas em enfermagem também foram as primeiras vacinadas de suas cidades.

"Esse é o V da vacina, o V da vitória e principalmente o V da vida", disse Doria, em seu discurso no Hospital das Clínicas de Campinas.

Doria também aproveitou para alfinetar o governo Bolsonaro e dizer que o Brasil é o terceiro país do mundo em mortes.

"Nós temos aqueles que no Palácio do Planalto são negacionistas, dizem que é uma gripezinha, um resfriadozinho, pressa para quê?, e daí?, toma cloroquina que passa, não é comigo, fazendo aglomerações, não usando máscara. E, pior, ainda dizendo que quem usa máscara é maricas", disse Doria, em Botucatu.

No discurso, ele ainda disse que covarde é quem "comanda a república no Brasil, que não tem coragem de fazer o que tem que se fazer numa pandemia, que é proteger os brasileiros".

Nesta terça, Doria passou de manhã por Ribeirão Preto e ainda passaria por São José do Rio Preto e Marília. Ele tem viajado acompanhado da responsável por imunizações no estado, Regiane de Paula, o diretor do Butantan, Dimas Covas, o secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, entre outros.

Questionado, o governo Doria não informou qual será o cronograma de viagens para os próximos dias.

Simultaneamente às ações de Doria, governadores também fizeram ações do gênero pelo país.

"Acho que os governos estão confundindo comunicação com marketing. A vacina merece uma boa política de comunicação, do ponto de vista do esclarecimento. Em muita medida, os governadores estão muito mais priorizando sair bem na foto, o que de certa forma acaba aumentando a politização da vacina", diz o cientista político Marco Antonio Teixeira.

Teixeira afirma que é natural que Doria leve o crédito por ter apostado na vacina, mas afirma que é preciso haver uma campanha esclarecedora, que não dê a impressão de que há vacina para todos.

."De um lado é legítimo que o Doria colha isso, não há dúvida nenhuma que a paternidade da vacina tem a ver com uma decisão política [dele]", diz ele, citando que políticas públicas de sucesso alavancaram carreiras como de Fernando Henrique Cardoso PSDB, no caso do Plano Real, e de Lula (PT), no caso do Bolsa Família.

"Mas a vacina não está disponível para todo mundo. É o momento de criar a boa comunicação, sobre o estoque real de vacina. Boa comunicação para a sociedade saber que os cuidados devem ser mantidos", acrescenta.

Para Teixeira, Bolsonaro, por sua vez, "ainda está sentindo a pancada". Ao investir na tentativa de capitalizar a distribuição da vacina pelos estados, acabou vendo sua imagem vinculada a uma ação desastrada do Ministério da Saúde.

Além disso, ele diz que agora o país colhe os resultados das ações desastradas de aliados do governo, como o deputado federal Eduardo Bolsonaro, que aumentaram as tensões com a China, onde estão parados insumos necessários à vacina no Brasil.

"O bolsonarismo perdeu toda a retórica antivacina.Faz tempo que não dá para sustentar que é uma gripezinha, não dá mais para falar de que a letalidade da Covid-19 é baixa, um em cada mil brasileiros está morrendo de Covid-19. Não da mais para falar em tratamento alterantivo precoce, ninguém sustenta isso, agora resta entrar na vacina e tentar diminuir a pecha de ineficiente", afirma.

VACINA

O governo de São Paulo ainda lançou nesta terça-feira (19) uma ferramenta que permite acompanhar em tempo real o número de pessoas vacinadas contra Covid-19 no estado de São Paulo. Até o início da tarde desta terça, o Vacinômetro mostrava que 4.869 pessoas tinham sido imunizadas no estado.

O sistema Vacivida foi desenvolvido pela pela Prodesp (empresa de tecnologia do governo de São Paulo) e produz relatórios atualizados de doses aplicadas e a cobertura vacinal atualizada dos 645 municípios paulistas. Segundo o governo do estado, o sistema também está integrado ao aplicativo Poupatempo Digital e poderá abastecer a base de dados do Ministério da Saúde.

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