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Centrais sindicais anunciam acordo com Venezuela para oxigênio semanal a Manaus

Acordo prevê 80 mil litros de oxigênio por semana para tratar pacientes com Covid-19

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São Paulo

O Fórum das Centrais Sindicais, entidade que reúne a CUT (Central Única dos Trabalhadores), Força Sindical, CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros) e outras organizações de trabalhadores, anunciou nesta quarta-feira (20) um acordo com o governo da Venezuela para fornecer oxigênio semanalmente a Manaus, onde o sistema de saúde colapsou nesta pandemia da Covid-19.

Os hospitais do estado ficaram sem oxigênio na última semana e pacientes internados com Covid-19 morreram sufocados.

Manaus, a 950 km da fronteira com a Venezuela, vai receber 80 mil litros por semana de oxigênio venezuelano, segundo as organizações sindicais. O país vizinho já enviou, na terça (19), 107 mil litros. O estado do Amazonas calcula um déficit diário de 50 mil litros de oxigênio.

No acordo, a Venezuela fornecerá o oxigênio e as centrais sindicais ficarão responsáveis pela logística (transporte e distribuição do produto), segundo a entidade. O primeiro comboio deve chegar na próxima semana, anuncia a entidade.

Caminhoneiro venezuelano segura a bandeira de seu país ao chegar em Manaus com oxigênio - Marcio James/AFP

O auxílio oferecido pelo governo Nicolás Maduro ocorre em um contexto em que a autoridade do ditador não é reconhecida pelo presidente Jair Bolsonaro. O mandatário brasileiro considera que o presidente do país é o deputado Juan Guaidó.

Na última semana, aliados de Guaidó questionaram a oferta de oxigênio do governo Maduro. À Folha, o deputado Julio Borges, responsável pelas Relações Exteriores do autoproclamado governo Guaidó, criticou a ajuda. Chamou de oportunismo político, afirmou que era uma tentativa de Maduro de mudar sua imagem e disse que os hospitais venezuelanos estão desabastecidos.

O presidente Bolsonaro ainda não agradeceu a ajuda venezuelana. Dirigentes do PT, próximos do governo Maduro, como o ex-presidente Lula e a deputada Gleisi Hoffmann, fizeram agradecimentos públicos. O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), que era próximo de Bolsonaro, também agradeceu ao governo venezuelano.

A crise de oxigênio acabou virando crise política para o presidente Bolsonaro, que tem dedicado esforços em suas redes sociais, principal meio de comunicação com seu público, para divulgar ações pelo Amazonas.

Só nesta quarta, divulgou a contratação de 72 médicos para atender pacientes com Covid em Manaus e a criação de uma nova rota para transportar oxigênio entre Porto Velho (RO) e a capital amazonense, entre outras publicações.

Conforme a Folha mostrou, o ministro da Saúde, general da ativa Eduardo Pazuello, foi avisado sobre a escassez crítica de oxigênio em Manaus por integrantes do governo do Amazonas, pela empresa que fornece o produto e até mesmo por uma cunhada sua que tinha um familiar “sem oxigênio para passar o dia”. Pazuello também foi informado sobre problemas logísticos nas remessas.

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