Descrição de chapéu Coronavírus

Pazuello diz que período chuvoso e falta de 'tratamento precoce' pioraram cenário de Manaus

Em live com Bolsonaro, ministro da Saúde afirma que faltam recursos humanos e oxigênio para atender doentes no AM

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Brasília

Diante de um novo pico de casos de Covid-19, de pacientes morrendo sem oxigênio nos hospitais e ainda sem dar início à campanha de vacinação, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reclamou de cobranças e seu ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, atribuiu o colapso no Amazonas a fatores como umidade e falta de tratamento precoce.

“No período chuvoso, a umidade fica muito alta e você começa a ter complicações respiratórias. Então, este é um fator”, disse Pazuello.

Médicos e o próprio Ministério da Saúde, porém, dizem o contrário, que o tempo mais seco agrava os problemas respiratórios, não a umidade. Isso acontece porque as vias respiratórias são cobertas por mucosas, e com a baixa umidade se formam fissuras que permitem mais facilmente a entrada de bactérias e vírus e aumentam o contato com a poluição do ambiente.

Além disso, o ministro afirmou que Manaus não teve a efetiva ação no "tratamento precoce" com o diagnóstico clínico no atendimento básico, o que agravou os casos da doença. Na avaliação de cientistas, não há tratamento precoce para a Covid.

Pazuello afirmou ainda que a infraestrutura hospitalar de atendimento especializado também é bastante reduzida, sendo, em termos percentuais, uma das menores do país.

“Se você juntar estes dois fatores e colocar o clima, você vai ter uma grande procura por estrutura e por tratamento especializado”, disse.

O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello (à esq.), participam de live - Jair Bolsonaro no Facebook

Segundo o ministro, faltam, principalmente, recursos humanos e oxigênio. Isso porque a produção da empresa White Martins, que fornece oxigênio para Manaus, chegou ao limite.

“Ela se mantém no limite, e a demanda, que é a procura pelo oxigênio na capital, por exemplo, subiu seis vezes. Então, já estamos aí em 75 mil metros cúbicos de demanda diária na capital e 15 mil metros cúbicos de demanda diária no interior”, disse.

Ele afirmou que duas aeronaves da FAB (Força Aérea Brasileira) já estão trabalhando para enviar oxigênio à capital do Amazonas e que outras duas aeronaves serão empregadas na sexta-feira (15).

“Chegaremos a seis aeronaves no circuito, totalizando aí algo em torno de 30 mil metros cúbicos de [áudio falha] partindo de Guarulhos, nesta ponte aérea”, ressaltou.

O ministro admitiu que o sistema de saúde da cidade entrou em colapso e que 480 pessoas aguardam na fila por leitos. Disse ainda que a remoção dos pacientes para outros estados já começou a ser feita.

“Este período que temos pela frente de 5, 6 dias são os períodos mais críticos, onde nós não chegaremos lá com toda esta estrutura”, disse.

Bolsonaro pouco falou sobre Manaus. Nos momentos em que tratou da pandemia, defendeu o que chama de "tratamento precoce" –com medicamentos como a hidroxicloroquina, que não têm eficácia comprovado para a Covid-19– e reagiu às críticas pelo atraso no começo da vacinação.

“Alguns querem botar no meu colo, no do Pazuello, como nós somos os genocidas. E olhe o que nós fizemos para que não aumentasse o número de óbitos no Brasil”, disse Bolsonaro.

Ele voltou a relativizar a vacinação pelo mundo e pediu paciência.

“Alguns reclamam que o Brasil está atrasado, o governo está atrasando, o governo não tomou providência para a vacinação. Calma”, disse o presidente.

Bolsonaro chegou a dizer que há três vacinas em análise pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Foi corrigido pelo ministro. A agência irá se pronunciar no domingo (17) sobre os imunizantes produzidos pela Fiocruz e pelo Butantan.

“Senhores, nós queremos muito que isso dê certo, que seja aprovado o uso emergencial e, depois, o registro, para que a gente possa vacinar o nosso país, independentemente de qual seja esta vacina. É a Anvisa que tem que nos proteger e nos dizer qual o melhor caminho”, disse Pazuello.

Bolsonaro afirmou que o Brasil melhorou sua posição no ranking de mortes por milhão de habitantes devido ao tratamento precoce.

“Até poucos meses, o Brasil estava um dos primeiros em mortes por milhões de habitantes. Agora, está em 23º, 24º. Por quê? Pelo tratamento precoce, não tem outra explicação. Graças ao voluntarismo de algumas dezenas de milhares de médicos que resolveram levar avante isso”, avaliou.

O presidente voltou a dizer que a população vacinada no mundo ainda é pequena e o governo federal já vem se preparando para a vacinação há meses.

“O que é que a gente precisa compreender? Há uma estratégia do governo federal com o SUS, que já foi desenhada há seis meses atrás. Nós estamos na cronologia correta dessa estratégia e nós vamos em janeiro iniciar essa vacinação.”

Pazuello calculou que, em janeiro, o Brasil terá “2, 6 ou 8 milhões de doses” e afirmou que “já vamos nos tornar o segundo, talvez o primeiro, dependendo dos Estados Unidos”.

“E quando nós entrarmos em fevereiro com a nossa produção em larga escala e com o nosso PNI, que tem 45 anos, nós vamos ultrapassar todo mundo, inclusive os Estados Unidos”.

O ministro voltou a dizer que o Brasil irá negociar todas as vacinas que estejam disponíveis e forem aprovadas pela Anvisa. Apesar da polarização entre Bolsonaro e o governador João Doria (PSDB-SP) por causa da imunização, ele afirmou que a vacina Coronavac, que no país está sendo produzida pelo Instituto Butantan, será importante para ajudar a controlar a doença.

"A vacina do Butantan vai ser muito importante se aprovada pela Anvisa, ela vai nos trazer a oportunidade de não agravar a doença. As pessoas que tomarem a vacina pelo menos não terão a doença agravada, não cairão na UTI e num respirador."

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