Descrição de chapéu Coronavírus

Após pressão de governadores, vacinação nacional contra Covid é antecipada e começa nesta segunda (18)

Gestores estaduais e ministro entraram em acordo antes de evento para distribuição de vacinação

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São Paulo

A vacinação nos estados deve ser antecipada, começando já nesta segunda-feira (18), após pressão de governadores. Eles propuseram ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, adiantar o início do processo, que a princípio ocorreria apenas a partir de quarta (20).

O acordo do início da vacinação se deu em uma rodinha antes do início do evento, no centro de logística do Ministério da Saúde, em Guarulhos, que reuniu governadores para distribuição das doses da Coronavac aos estados.

Tanto o governo federal quanto os estaduais começaram o dia sob pressão após João Doria (PSDB), iniciar vacinação em São Paulo no domingo (17).

O cronograma federal previa a vacinação na quarta e, em conversa entre Pazuello e governadores, inicialmente havia se chegado à antecipação da data para terça (19). No entanto, o grupo avaliou ser possível adiantar ainda mais o processo, com a entrega das doses nesta segunda com aviões da FAB e também a vacinação a partir das 17h.

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em reunião com governadores para distribuição das vacinas, em galpão em Guarulhos (SP) - Zanone Fraissat/Folhapress

"Estão sendo embarcadas 4,6 milhões aproximadamente para todos os estados", disse Pazuello, em frente a uma aeronave da FAB, com destino Goiás, Piauí e Ceará. "Combinamos com os governadores de acelerar todo o cronograma. O cronograma inicial era a logística hoje. Amanhã [terça] a logística dos estados para o município, e na quarta-feira o início. Os governadores solicitaram que assim que chegassem aos estados eles tivessem a liberdade de iniciar a vacinação", disse. "Alguns estados podem iniciar um pouco depois, mas aqueles que começam começam às 17h".

Após a tensão inicial com a ação de Doria no domingo (17), o clima entre os governadores era de baixar a poeira e manter um discurso de união. "Eu vejo que o plano sendo nacional vai funcionar adequadamente. É lógico que uma ou outra região por uma questão logística acaba iniciando antes", disse o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).

Mesmo Pazuello, que havia criticado a ação de São Paulo no domingo, mudou de tom. "Ontem é passado, para historiador. A partir de agora será discutido só futuro".

Um dos poucos que fez críticas foi o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), ao afirmar que o início da vacinação pelo governador João Doria (PSDB) coloca os demais estados em situação de "segunda categoria".

"Eu fui um dos primeiros a rebelar contra qualquer hipótese de que o estado que tem o laboratório ser o primeiro a iniciar a vacinação. Isso nunca existiu no Brasil", disse. "É um gesto que coloca os outros governadores numa situação de segunda categoria. O gesto é muito importante na vida pública. O gesto não pode ser um gesto de que uma situação de saúde pública seja transformada num processo de campanha".

Representando o estado de São Paulo e o governador João Doria, estava presente o vice-governador Rodrigo Garcia (DEM).

Ele afirmou que Doria tinha outros compromissos e que a reunião desta segunda foi agendada na noite de domingo.

Sobre as críticas, ele lembrou que São Paulo iniciou outras campanhas de vacinação antes do resto do país anteriormente.

Garcia adotou tom mais brando ao rebater o governo Bolsonaro, que, no domingo, afirmou ter bancado a vacina do Butantan. No entanto, reforçou a informação que o investimento foi de São Paulo.

"A discussão é quem é que de alguma maneira investiu para que tivéssemos a vacina, foi a fundação Butantan, o governo de São Paulo. A vacina está pronta e foi adquirida pelo Ministério da Saúde", disse.

Garcia afirmou que a vacinação no estado segue durante o dia, antes do início previsto nacional para as 17h. "O importante é a sociedade entender que existem poucas doses e há um longo caminho para que todos sejam vacinados", afirmou.

O ministro Eduardo Pazuello demonstrou confiança de que rapidamente o Brasil terá terminado o uso das doses disponíveis.

"Só com essas seis milhões de doses e a velocidade que vamos aplicar nós já passamos rapidamente para segundo colocado no mundo", disse, acrescentando que se chegarem vacinas da AstraZeneca da Índia, o Brasil deve melhorar ainda mais seu posicionamento na quantidade de imunização em relação a outros países.

Os governadores aproveitaram o evento para fazer vídeos em frente às doses que serão transportadas. Eles também se mostraram otimistas de que conseguirão cumprir o cronograma de vacinar nesta segunda, mesmo que em alguns casos um pouco depois de outros estados.

O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), deve ser um dos últimos estados a receber a vacina, devido à distância. "Assim que a vacina chegar estamos preparados para começar o processo de imunização, principalmente na capital, que é onde há uma maior incidência de casos, em que a nossa rede hospitalar sobre uma pressão muito grande", disse. "A nossa meta é começar a vacinar ainda hoje. O nosso povo tem pressa".

Ele afirmou que o estado receberá 256 mil doses do governo federal e mais 50 mil que serão enviadas por João Doria.

O estado tem o sistema hospitalar em colapso, com casos de falta de oxigênio e sufocamento de pacientes.

"A gente já começou a encontrar uma estabilidade na capital. Passamos o dia todo de ontem numa força-tarefa para regularizar o interior. Mas a gente ainda trabalha contra o tempo para fazer com que todos os hospitais da rede privada e pública, da capital e interior, tenham oxigênio", disse ele, acrescentando que nos próximos dias o sistema deve estar regularizado. Enquanto isso, há ainda transferência de pacientes para outros estados.

No mesmo dia em que anunciou a distribuição de doses aos estados, após o início da vacinação em São Paulo, o Ministério da Saúde publicou uma portaria que obriga serviços públicos e privados a registrarem, nos sistemas de informação da Rede Nacional de Dados em Saúde, dados sobre a aplicação de vacinas contra a Covid.

Entre os dados que devem ser informados, estão vacinas recebidas e aplicadas, tipo de cada uma delas e data de aplicação das doses.

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