Descrição de chapéu Coronavírus

Ferramenta de assistência virtual vai ajudar moradores de Serrana, no interior de SP, durante vacinação

Projeto do Butantan, que vai monitorar em tempo real eficácia da Coronavac no município, inicia no próximo dia 17 de fevereiro

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São Paulo

O Instituto Butantan lançou uma ferramenta de assistência virtual para auxiliar os moradores de Serrana, no interior de São Paulo, durante o projeto de vacinação que irá imunizar quase toda a população adulta da cidade nos próximos dois meses.

O município de Serrana (a 316 km da capital) foi escolhido para ser palco do primeiro estudo no mundo a avaliar a chamada efetividade das vacinas contra Covid-19, isto é, qual a sua eficácia quando utilizada em massa na população.

A vacinação dos primeiros moradores terá início na próxima quarta-feira (17). A ferramenta de assistência virtual, chamada “Tainá”, é um canal de atendimento via WhatsApp que irá auxiliar os moradores com perguntas antes e depois da vacinação, como qual o local de vacinação mais próximo, bem como relatar efeitos colaterais e sensações após receber a vacina.

O estudo, chamado de Projeto S (de “Projeto Serrana”), foi desenhado e desenvolvido pelo Instituto Butantan em parceria com o Hospital Estadual de Serrana, ligado ao governo do estado, e com a prefeitura municipal de Serrana.

Na última quinta-feira (11), a cidade enfrentou filas de moradores aguardando cadastro no estudo. Houve relatos também de pessoas buscando alugar e até comprar imóveis na cidade para tentar burlar as regras da pesquisa e receber o imunizante. Somente habitantes com histórico comprovado de já morar na cidade nos últimos meses poderão participar do estudo.

Nesta sexta-feira (12), o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, em uma entrevista à imprensa em Serrana, que contou também com a participação do prefeito da cidade, Léo Capitelli (MDB) e do médico, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP e diretor do Hospital Estadual de Serrana, Marcos de Carvalho Borges, disse que estão envolvidos mais de 600 pessoas no projeto de pesquisa, entre servidores da prefeitura, do Hospital Estadual de Serrana e do Instituto Butantan.

A vacinação em Serrana será feita em todos os moradores da cidade com 18 anos ou mais. Por ser um projeto de pesquisa, a vacinação será feita em etapas escalonadas seguindo a divisão do município em quatro regiões distintas, que receberão as primeiras doses com diferença de uma semana entre elas. Após 28 dias, as segundas doses serão aplicadas, também seguindo um escalonamento.

Segundo Covas, já foram feitos 23 mil cadastros até esta sexta-feira (12). A participação na pesquisa não é obrigatória, mas tanto os pesquisadores quanto a prefeitura de Serrana esperam conseguir a maior adesão possível dos moradores. A cidade possui 45 mil habitantes, dos quais cerca de 30 mil são maiores de 18 anos.

Para os locais de vacinação, foram escolhidas oito escolas municipais e estaduais do município. Por ser um projeto de pesquisa que mede a eficácia do imunizante, e não apenas uma campanha de vacinação, pesquisadores do Butantan envolvidos no estudo se deslocaram até a cidade, onde ficarão durante todo o tempo de pesquisa, que deve ser de até três meses.

As doses utilizadas para a pesquisa não são as mesmas designadas para a campanha nacional de vacinação, e, portanto, não devem interferir no programa nacional de imunização.

“É importante os moradores de Serrana entenderem que esse é um estudo, então ao chegar no posto de vacinação serão feitas várias perguntas para entrar nesse estudo. Por isso, ao chegar no posto de vacinação, o morador irá levar entre 1h, 1h e 15 para concluir a vacinação. A adesão máxima dos moradores é essencial para o sucesso do estudo”, disse Borges.

Por ser um estudo para medir a ação das vacinas na proteção contra o vírus, bem como de desenvolvimento da doença, os resultados obtidos serão comparados com dados preliminares de prevalência do vírus no município, isto é, quantas pessoas já apresentam anticorpos no sangue contra o Sars-CoV-2 e, portanto, se infectaram no passado.

Para Borges, a expectativa é já conseguir os primeiros resultados do estudo com 12 a 13 semanas.

A escolha de Serrana é por ser um município pequeno, próximo a uma região com uma instituição de pesquisa —a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto—, com um hospital estadual na cidade que pode prestar atendimento à população e por ter uma situação de alta circulação do vírus na cidade.

Não poderão ser vacinadas pessoas que não sejam moradoras de Serrana, gestantes ou lactantes, ou pessoas que tenham apresentado febre nas últimas 72 horas.

Até a última quinta-feira (11), foram registrados 2.470 casos e 57 óbitos de Covid-19 em Serrana.

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