Em protesto contra falta de remédios e equipamentos, médicos residentes do Hospital São Paulo anunciam que entrarão em greve nesta terça-feira (9).
O Hospital São Paulo, que atende pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde), é ligado à Unifesp, entre outras entidades, e é gerido por um conselho estratégico. A unidade vive há alguns anos uma crise financeira e, segundo profissionais, a situação piorou desde o ano passado.
De acordo com os médicos, há uma crise de abastecimento no hospital, onde faltam de antibióticos a luvas.
Questionado sobre o assunto, o hospital afirmou que o aumento de pacientes graves durante a pandemia de coronavírus gerou gastos não previstos. Além disso, a unidade diz que prevê normalização dos estoques em 48 horas.
A reportagem teve acesso a uma lista de quase 80 itens que, segundo os profissionais, estavam faltando no hospital nesta segunda. No material, entre os itens, estavam álcool, anestésicos e quimioterápicos. Há ainda gaze, seringas e aventais.
Os profissionais afirmam ainda que, devido aos problemas, pacientes em situação mais grave estão sendo encaminhados a outros hospitais.
O grupo grevista afirma que devem aderir ao grupo cerca de 100 residentes da área de clínica médica, mas outros grupos podem engrossar o movimento chegando a 300 profissionais.
Às 10h, haverá um ato em frente ao hospital, que fica na Vila Clementino, na zona sul da capital paulista.
Apesar da greve, o atendimento não será totalmente interrompido, mas haverá diminuição do atendimento, como se fosse uma escala de feriado. Pelas regras do Conselho Federal de Medicina, os profissionais têm que manter 30% da equipe nos setores essenciais, dizem os médicos
O Hospital São Paulo vem vivendo uma crise financeira nos últimos anos. Em 2017, o governo federal decidiu suspender o repasse da verba do Programa Nacional de Reestruturaçãoo dos Hospitais Universitários Federais, o que agravou a situação da unidade.
Naquele mesmo ano, o hospital já apresentava problemas em relação a insumos hospitalares.
Questionada sobre o assunto, a assessoria de imprensa do hospital afirmou que "com a pandemia, a unidade tornou-se um hospital preferencialmente Covid, atendendo a um grande volume de pacientes graves, que geraram maiores custos, que não estavam previstos".
"Importante ressaltar que a unidade recebeu no 1º semestre de 2020 incentivos fiscais, recursos públicos e doações devido à pandemia, que permitiram o custeio das atividades, mas que, infelizmente, não se mantiveram no 2º semestre de 2020. Assim, o Conselho Estratégico do Hospital São Paulo tem trabalhado incessantemente para solucionar a falta de parte dos insumos, ocasionada recentemente pelo aumento no número de atendimentos e internações na unidade", diz a nota. .
Ainda de acordo com a unidade médica, parte dos itens em falta é substituída por similares e o restante estão em processo de aquisição emergencial, com previsão de normalização dos estoques em até 48 horas.
O hospital afirmou ainda que solicita "aos médicos residentes a manutenção das suas atividades visando a continuidade da assistência na instituição".
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