Descrição de chapéu Coronavírus

Sem doses suficientes, Rio vai suspender vacinação contra Covid, anuncia Paes

Imunização está mantida apenas até terça (16), quando serão aplicadas doses em pessoas com 83 anos

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Rio de Janeiro

Sem Carnaval e, agora, sem mais vacinas. O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM), afirmou na manhã desta segunda-feira (15) que a campanha de imunização contra a Covid-19 na cidade será interrompida por falta de doses de imunizantes.

A aplicação das vacinas em pessoas com 84 e 83 anos, previstas para esta segunda e terça-feira (16), continua de pé, segundo Paes.

"Estamos prontos e já vacinamos 244.852 pessoas. Só precisamos que a vacina chegue. Nova leva deve chegar do [Instituto] Butatan na próxima semana", escreveu o prefeito em sua conta no Twitter.

A entrega do lote é responsabilidade do governo federal, por meio do PNI (Plano Nacional de Imunização). O Butantan, que distribui a Coronavac, repassa os imunizantes para a União.

O instituto, que fica em São Paulo, diz por meio de sua assessoria de imprensa que a logística de distribuição das doses fica a critério do Ministério da Saúde e que a entrega está em dia.

Procurada, a pasta não falou se atrasou ou não o envio. Disse, em nota, que já enviou aos estados 11,1 milhões de imunizantes e que o Brasil tem 354 milhões de doses garantidas para 2021 por meio dos acordos com Fiocruz (212,4 milhões de doses), Butantan (100 milhões de doses) e Covax Facility (42,5 milhões de doses).

Até este domingo (14) o país havia vacinado com ao menos uma das duas doses necessárias poucomais de 5 milhões de pessoas.

"Na medida em que os laboratórios disponibilizarem novos lotes de vacina, novas grades de distribuição e cronogramas de vacinação dos grupos prioritários serão orientados pelo PNI", afirma o minisrério em nota.

A Secretaria Municipal de Saúde está aplicando tanto a Coronavac quanto o imunizante da Oxford/AstraZeneca, este parceiro da Fiocruz, que fica no Rio. A expectativa, de acordo com a pasta, é receber novas doses das duas via Ministério da Saúde e Secretaria de Estado de Saúde. Paes só fez referência ao Butantan ao justificar o adiamento da campanha por escassez de vacinas.

Vacinação contra a Covid-19 no Cristo Redentor, ponto turístico do Rio de Janeiro - Ricardo Moraes/Reuters

Paes esperava a chegada de novas doses nesta segunda para manter o cronograma, que previa a vacinação de idosos a partir de 75 anos até o fim deste mês.

A Secretaria Municipal de Saúde diz que espera retomar o calendário na semana que vem, quando idosos com 82 anos para cima seriam imunizados. Daniel Soranz, à frente da pasta, afirmou que a segunda dose das pessoas já vacinadas com a primeira da Coronavac está garantida.

"A segunda dose está reservada. Começamos a aplicar nesta segunda em institutos de longa permanência de idosos e profissionais de saúde", disse o secretário à TV Globo.

Em entrevista à Folha publicada no sábado (13), a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, Francieli Fontana, disse que a expectativa é receber 4,9 milhões de doses até o dia 23 deste mês.

Recentemente, membros do Ministério da Saúde têm falado na possibilidade de receber novos lotes um pouco mais cedo, até o próximo domingo (21) —sem citar, contudo, datas precisas e qual seria o fornecedor.

Em meio ao anúncio de suspensão feito pelo Rio e ameaça de medida semelhante em mais capitais, auxiliares de Pazuello tentam ainda frisar que a situação não representa o fim ou uma suspensão da campanha em todo o país, mas o que chamam de "término momentâneo" das doses em algumas cidades.

Apontam ainda que a suspensão vale apenas para a primeira dose, já que havia a previsão de reserva da segunda dose da Coronavac para ser aplicada em que já recebeu a primeira.

Para o grupo, a situação já era esperada em cidades maiores, que têm maior estrutura para aplicar as vacinas disponíveis.

A vacinação já havia sido interrompida por motivo semelhante em outras três cidades da região metropolitana do Rio de Janeiro na semana passada. Em duas delea, São Gonçalo e Duque de Caxias, o Ministério Público alertou para falhas na organização do atendimento a grupos prioritários.

Em São Gonçalo, aplicações da primeira dose foram suspensas na terça-feira (9). De acordo com a prefeitura, a segunda dose já estava reservada e começou a ser aplicada na segunda-feira (8) em profissionais da saúde da linha de frente do combate à Covid-19.

No dia 6, o MP-RJ notificou o secretário municipal de Saúde de São Gonçalo, André Vargas, para que fosse cumprido o atendimento aos grupos prioritários, conforme prevê o plano nacional de vacinação.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de São Gonçalo afirmou que fez mudanças no plano de vacinação municipal para garantir a prioridade dos trabalhadores da saúde com mais de 60 anos, assim como da população idosa da cidade.

A Prefeitura de Duque de Caxias não estabeleceu previsão para a retomada da aplicação da primeira dose do imunizante e afirmou que aguarda o encaminhamento das vacinas ao município.

Niterói, onde a vacinação também foi interrompida na segunda-feira, foi o destino de 5.670 doses da Coronavac na terça-feira. A aplicação em idosos acima dos 88 anos foi retomada. Nesta quarta-feira (10), profissionais de saúde e idosos em Instituições de longa permanência começaram a tomar a segunda dose da vacina.

O prefeito da cidade, Axel Grael (PDT), publicou nas redes sociais na segunda-feira (8) um vídeo no qual alertava para as responsabilidades de cada esfera da administração pública na campanha de vacinação.

"O Ministério da Saúde tem a responsabilidade de comprar as vacinas e distribuir para os estados (...) Niterói até tentou comprar vacinas, mas não foi possível. A gente depende das vacinas que chegam do governo federal", disse.

Em todo o estado do Rio, foram vacinadas 370.045 pessoas até esta segunda, o equivalente a pouco mais de 2% da população fluminense.

O Brasil registrou neste domingo (14) a maior média móvel de mortes por Covid-19 de toda a pandemia do novo coronavírus: foram 1.105 mortes por dia na última sem ana.

Até então, a maior média era de 1.097 mortes, registrada em 25 de julho de 2020, no auge da primeira onda da doença no país. A média móvel é calculada somando o resultado dos últimos sete dias, dividindo por sete. O recurso estatístico busca dar uma visão melhor da evolução do vírus, pois atenua números isolados que fujam do padrão.

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