Descrição de chapéu Coronavírus Governo Bolsonaro

'Chega de frescura e mimimi, vão chorar até quando?', diz Bolsonaro sobre pandemia

No dia seguinte a recorde de mortos, presidente minimiza luto e promete 60 milhões de doses de vacina até fim de abril

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Marcelo Toledo Luís Cláudio Cicci
Ribeirão Preto e São Simão (GO)

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a criticar nesta quinta-feira (4) as medidas de isolamento social no país e disse que os problemas precisam ser enfrentados pela população.

“Nós temos que enfrentar os nossos problemas, chega de frescura e de mimimi. Vão ficar chorando até quando? Temos de enfrentar os problemas. Respeitar, obviamente, os mais idosos, aqueles que têm doenças, comorbidades, mas onde vai parar o Brasil se nós pararmos?”, questionou o presidente em São Simão (GO).

Em seguida, Bolsonaro publicou um texto em rede social que diz "Atividade essencial é toda aquela necessária para um chefe de família levar o pão para dentro de casa", em mais uma fala contra o isolamento social.

Na quarta-feira (3), Brasil registrou seu segundo dia consecutivo de recorde de mortes por Covid-19 em 24 horas, 1.840, com a rede hospitalar colapsando em vários estados, e superou os Estados Unidos em número de novas mortes decorrentes da doença por grupo 100 mil habitantes. Já são cerca de 260 mil mortes provocadas pela Covid-19 no Brasil.

Bolsonaro foi à cidade goiana participar da inauguração de um trecho de 172 quilômetros da ferrovia Norte-Sul, que ligará o município a Estrela D’Oeste (SP), o que permitirá o envio de cargas ao porto de Santos.

Num discurso de cerca de 20 minutos, o presidente ainda elogiou produtores rurais —parte do público presente na inauguração do terminal ferroviário—, ao dizer que eles não se acovardaram na pandemia, e disse que até o final do próximo mês o país terá recebido ao menos 40 milhões de doses de vacinas contra o novo coronavírus.

“Só este mês vamos chegar 20 milhões de doses para nós, no mínimo, o mês que vem, no mínimo, 40 milhões de doses. Somos responsáveis, estamos fazendo o que é certo”, afirmou o presidente.

De acordo com ele, as vacinas começaram a ser compradas assim que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou e seu governo nunca se afastou delas.

“Nunca nos afastamos de buscar vacinas, mas sempre disse uma coisa: ‘ela tem que passar pela Anvisa’. A gente está vacinando seres humanos e a Anvisa é uma passagem obrigatória. E isso aconteceu tão logo a Anvisa começou a certificar as vacinas, nós passamos a comprá-las. Hoje somos um dos países que em valores absolutos mais temos gente vacinada.”

O presidente ainda voltou a dizer que “lockdown não funciona” e disse, erroneamente, que teve a autoridade “castrada”.“Apelo aqui, já que foi me castrada a autoridade, para que governadores e prefeitos repensem a política do fechar tudo [...] Vamos combater o vírus, mas não de forma ignorante, burra, suicida. Como gostaria de ter o poder, como deveria ser meu, para definir essa política.”

O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu, ainda em 2020, que estados e municípios têm autonomia para determinar o isolamento social em meio à pandemia. No evento, o presidente ainda criticou a imprensa e afirmou, ao se referir ao ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente), que ele só sai do governo se “for elogiado pela Globo ou pela Folha”.

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