Descrição de chapéu Coronavírus

Cidade de SP enterra 392 corpos num único dia e bate recorde na pandemia

Número foi alcançado neste domingo (28) e reflete o pior momento da crise sanitária na metrópole

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Gonçalves (MG)

A cidade de São Paulo sepultou 392 corpos só neste domingo (28). O número é o maior já registrado num único dia na metrópole, segundo o Serviço Funerário da gestão de Bruno Covas (PSDB).

O recorde anterior havia sido atingido na última sexta-feira (26), quando foram sepultados 385 corpos.

Reflexo direto do endurecimento da pandemia, março de 2021 também caminha para ser o mês com o maior número de enterros realizados.

Já são 8.520 enterros (inclui as cremações), uma alta de 43% em relação ao mês anterior, quando foram realizados 5.964 sepultamentos. E ainda restam mais dois dias para o mês terminar.

Para não repetir cenas dramáticas vivenciadas por Manaus (AM), que abriu vala coletiva para o enterro de vítimas da Covid-19 na primeira onda da pandemia, a maior cidade do país corre contra o tempo.

O plano de emergência para dar conta de 400 enterros por dia, marca que pode ser até ultrapassada ainda nesta semana, prevê a realização de cerimônias noturnas e contratação de vans escolares para transportar os corpos.

Desde a semana passada, os maiores cemitérios continuam a enterrar corpos após o pôr do sol, com o auxílio de torres de iluminação contratadas de forma emergencial.

Os equipamentos estão sendo usados nas unidades 1 e 2 de Vila Formosa, na zona leste; no São Luiz, na zona sul; e no cemitério de Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte.

Segundo a Secretaria de Subprefeituras, a responsável pela administração do Serviço Funerário, os equipamentos têm sido utilizados até as 20h. Mas com o crescimento do número de óbitos, a previsão é que os enterros daqui por diante avancem noite adentro.

Outra medida, que passará a funcionar a partir desta terça (30), será o transporte de corpos em carros particulares.

Também de forma emergencial, a secretaria de subprefeituras contratou 50 carros escolares para realizar o serviço; outros quatro veículos farão o deslocamento de funcionários. O contrato, com dispensa de licitação, vai desembolsar R$ 1,7 milhão por um mês.

Tanto as torres de iluminação como o transporte particular de corpos por meio das vans serão fornecidos pela Era Técnica Engenharia, uma empresa que presta serviços à prefeitura de São Paulo já por ao menos 20 anos.

Alexandre Modonezi, titular da secretaria de Subprefeituras, não vê problema de a Era Técnica Engenharia fornecer os dois serviços para a autarquia, uma vez que “foi ela quem apresentou o menor valor de mercado pelo transporte”.

“Vamos pagar pela hora trabalhada”, diz ele. “A nossa meta é gastar menos do valor que contratamos.”

O Serviço Funerário paulistano possui cerca de 45 veículos. A frota não estava sendo suficiente, segundo Modonezi, para transportar os corpos dos necrotérios dos hospitais para os cemitérios.

“As funerárias já estão fazendo o transporte das urnas para os cemitérios privados. Nem com essa ajuda estávamos dando conta da demanda”, afirma.

Para o secretário, com mais carros em circulação e menos trânsito, a meta é que não haja tanta demora entre a liberação e o enterro dos corpos nos cemitérios. O que, para ele “dará mais dignidade às famílias neste momento tão difícil”, afirma.

Modonezi diz que também acelerou os processos de exumação, com o reforço das equipes de sepultadores, para abrir novas áreas para os enterros. Os restos mortais podem ser exumados passados três anos do enterro.

Além do cemitério de Vila Nova Cachoeirinha, que deverá exumar 1.056 restos mortais, o secretário cita a existência de duas grandes áreas nunca usadas no cemitério de Itaquera, na zona leste, que podem servir de plano B se a demanda avançar ainda mais pelos próximos meses.

“A gente consegue, assim, não usar nenhum espaço dos cemitérios com concessão. E ainda temos o Vila Formosa, o maior da América Latina, que ainda tem muito fôlego”, diz.

Modonezi tem a palavra final nas decisões, mas quem faz a gestão do serviço funerário paulistano há dez dias é Pedro Henrique Dias Barbieri.

Barbieri deixou a chefia de gabinete da autarquia e virou superintendente do serviço no lugar de Dário José Barreto, nomeado por Covas para assumir a subprefeitura de Santana/Tucuruvi.

Reportagem da Folha, de 2018, mostrou que Barbieri entrou no serviço público paulistano por ter sido colega da turma de faculdade do braço direito de Covas, Gustavo Garcia Pires.

Barbieri integra os quadros da prefeitura desde 2017 e, de lá para cá, já recebeu promoções e aumentos salariais. É um militante do PSDB, partido de Covas.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.