Descrição de chapéu Coronavírus senado

Com recorde de mortes e lentidão na vacinação, Pacheco pede socorro aos EUA nas ações contra Covid

Presidente do Senado envia ofício a Kamala Harris no qual afirma que Brasil representa risco para todo o hemisfério ocidental

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Brasília

No momento em que o Brasil registra recorde de mortes diárias e ainda patina na vacinação contra o novo coronavírus, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), pediu socorro aos Estados Unidos nas ações de combate à pandemia da Covid-19.

Em suas redes sociais, Pacheco informou que encaminhou um ofício à vice-presidente americana, Kamala Harris, com "um pedido de socorro" para o Brasil. O presidente do Senado afirma que o rápido avanço do vírus no Brasil representa um risco para todo o hemisfério ocidental.

"No ofício, pedi que fosse considerada pelas autoridades norte-americanas a eventual concessão de autorização especial que permita a aquisição, pelo governo brasileiro, de doses de vacina estocadas nos Estados Unidos e ainda sem a previsão de serem utilizadas localmente", escreveu o presidente do Senado.

"Esse compartilhamento de estoques, caso autorizado, daria impulso decisivo ao esforço de imunização dos 210 milhões de brasileiros", completou.

Na quinta-feira, os EUA anunciaram que planejam enviar para o México e o Canadá cerca de 4 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 produzida pela AstraZeneca/Oxford —cuja autorização de uso ainda não foi aprovada no país.​

O pedido de ajuda acontece na semana em que foram registrados recordes de mortes por causa da Covid-19. Na quarta-feira, o Brasil teve 2.736 mortes.

O Senado já perdeu três de seus membros para a Covid-19 –o último deles Major Olímpio (PSL-SP), na quinta-feira. Antes dele já haviam morrido José Maranhão (MDB-PB) e Arolde de Oliveira (PSD-RJ). A morte de Olímpio causou grande comoção entre os senadores, com muitos chorando copiosamente.

A mais recente morte de parlamentar também aumentou a pressão para a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar ações e omissões do governo no enfrentamento à pandemia. O requerimento já conta com assinaturas suficientes para sua abertura e a decisão final cabe exclusivamente a Pacheco.

Também nesta semana, o Brasil passou a ter o seu quarto ministro da Saúde durante a pandemia. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) indicou o médico Marcelo Queiroga para substituir o general Eduardo Pazuello.

No ofício encaminhado, o presidente do Senado pede autorização especial para que o Brasil compre doses da vacina da AstraZeneca, que já foram aprovadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Pacheco lembra que a já começou a fabricar a imunização em território nacional, mas sofre com a chegada dos ingredientes importados.

O senador mineiro afirma que o Brasil é o atual epicentro da pandemia no mundo e que a venda dessas vacinas ao Brasil poderia ajudar a conter a propagação do vírus.

"Permita-me agregar minha firme convicção de que semelhante gesto humanitário contribuiria não apenas para o aprofundamento dos laços de amizade e cooperação que unem nossos países mas seria também a forma mais eficaz de conter a propagação da epidemia no seu atual epicentro. Toda a comunidade internacional ganharia em segurança sanitária e estima moral", afirma o ofício.

Também nesta sexta-feira, o presidente do Senado encaminhou um ofício ao ainda ministro da Saúde Eduardo Pazuello com recomendações para a pasta e pedido de informações, "em caráter de urgência".

O documento é assinado conjuntamente com o senador Confúcio Moura (MDB-RO), presidente da comissão do Senado que acompanha o enfrentamento à pandemia.

O ofício cita "problemas logísticos graves" que impactam o sistema de saúde dos estados e que "podem colapsar outras unidades da federação". Então cita recomendações que devem ser adotadas pelo Ministério da Saúde no menor espaço de tempo possível.

Em caráter emergencial, o documento recomenda ao ministério comprar e distribuir de maneira centralizada e urgente medicamentos, insumos e equipamentos para garantir o abastecimento imediado dos sistemas públicos de saúde de todo o país. O governo federal também deve monitorar ininterruptamente os níveis de estoque dos hospitais e também dos fornecedores.

Os dois senadores também recomendam ao ministério gerenciar e intermediar com urgência a disponibilidade de medicamentos, insumos, equipamentos, leitos e profissionais de saúde. Isso seria necessário para equalizar e possibilitar uma redistribuição entre os estados e municípios.

O documento também solicita que seja encaminhado a cada 10 dias um relatório para a Comissão Covid do Senado com informações sobre as ações adotadas para resolver os problemas de falta de condições para atender os pacientes.

"Considerando a urgência que impõe a assustadora evolução cronológica da previsão de desabastecimento nacional, bem como o alarmante aumento diário de óbitos, solicitamos a presteza de vossa excelência no sentido de que o primeiro relatório nos seja encaminhado no prazo máximo de um dia útil."

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