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Em meio a protestos na USP, Queiroga atribui mortes de Covid a sistema de saúde subfinanciado

Ministro da Saúde participou de evento na Faculdade de Medicina da USP; também presente, ministro da Educação disse que gestão não é negacionista

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São Paulo

Em um encontro com o objetivo de estreitar laços e trabalhar junto com a Faculdade de Medicina da USP no combate à Covid-19, o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, enfrentou protestos e se esquivou quando questionado sobre as ações contra a pandemia e as mortes registradas no país —o país passou da marca de 300 mil óbitos na quarta (24).

Na reunião transmitida online aos professores, Queiroga disse que o passivo do óbitos não poderia ser atribuído a ele, mas, sim, a um sistema de saúde que não tem financiamento adequado.

“Precisamos implementar mais leitos de UTI, mas, se fizermos isso não temos insumos, como respiradores. Se conseguimos respiradores, não temos recursos humanos qualificados para essa situação. Se conseguimos recursos humanos, precisamos treiná-los para que consigamos diminuir a mortalidade."

Afirmou também que se aproximar da academia nesse momento é importante e que o esforço do governo é para comprar mais vacinas e que o atendimento hospitalar precisa ser reforçado.

Quando questionado por professores presentes sobre as ações de enfrentamento ao vírus, porém, desconversou.

Marco Mello, presidente do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz, leu um manifesto e questionar o ministro. "Podemos esperar do senhor respeito para com a medicina baseada em evidências ou será apenas mais uma gestão que desprezará as medidas de isolamento e incentivará o uso de medicamentos sem eficácia comprovada?", perguntou.

Mello também o questionou sobre o tratamento precoce, que não tem eficácia comprovada. Queiroga, entretanto, evitou uma resposta direta. Respondeu pedindo um voto de confiança e dizendo: "Quem vai avaliar minha gestão é a história. Vamos olhar para a frente, vamos deixar de gerar calor. Nós queremos é luz. Luz, não calor".

Finalizou com uma frase atribuída ao cardiologista Adib Jatene, mas, na verdade, é tida como de Hipócrates, considerado o “pai da medicina”: “Curar quando possível; aliviar quando necessário; consolar sempre”.

Do lado de fora da sala, cerca de cem estudantes gritavam “fora, genocida”, “fora, Bolsonaro”, "mais vacina e menos cloroquina" e “pela vida”, o que era ouvido com constrangimento pelos participantes do encontro a cada vez que a porta se abria.

Em certo momento, as duas telas que exibiam convidados virtuais foram invadidas por imagens do protesto. O ministro da Educação, Milton Ribeiro, que também participou do encontro, comentou os protestos em sua fala: “Não recrimino, é próprio da juventude. Já fiz muito barulho”. Ele disse ainda que o "governo acredita, sim, na ciência" e que não é negacionista.

Mais cedo, um grupo de 20 estudantes ligados a organizações como UNE (União Nacional dos Estudantes) e Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) aguardava a passagem do ministro pelo portão principal da faculdade, o que não ocorreu.

Eles levaram uma faixa de mais de dez metros com a inscrição "A gripezinha já matou 300 mil brasileiros. Fora, genocida". A bandeira foi reaproveitada de protestos anteriores, de quando o Brasil atingiu 100 mil mortos pela Covid-19. "Atualizamos o número, mas até que número de mortos vamos atualizar?", questionou Isis Mustafá, diretora de relações internacionais da UNE.

"Estamos aqui para protestar contra um projeto do presidente que nega a existência do coronavírus, um projeto de governo genocida", completou Rozana Barroso, presidente da Ubes.

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