Descrição de chapéu Coronavírus

Fiocruz reduz em até 12 milhões de doses a previsão de entrega de vacinas contra Covid em abril

Essa é a quinta vez que o Ministério da Saúde precisa alterar suas projeções de vacinas

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Brasília

Em um novo revés na vacinação no Brasil, o Ministério da Saúde vai receber em abril entre 11 a 12 milhões de doses a menos do que estava previsto do imunizante da Universidade de Oxford/AstraZeneca.

A Fiocruz informou nesta terça-feira (23) que vai entregar em abril por volta de 18 milhões de doses da vacina que o instituto brasileiro produz com insumos importados. A mais recente previsão da Fiocruz e do Ministério da Saúde indicava o recebimento de 30 milhões de doses no próximo mês.

Os novos dados foram divulgados pela presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, durante participação de sessão temática virtual no plenário do Senado na tarde desta terça-feira.

A presidente da Fiocruz também afirmou que a previsão para entrega de vacinas contra a Covid-19 em maio será de 21 milhões. O número representa uma nova redução nas projeções, uma vez que o cronograma previa 25 milhões.

Lima foi questionada durante a sessão pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Ele afirmou que o ex-ministro Eduardo Pazuello afirmou em sessão no Senado no fim de fevereiro que a Fiocruz entregaria 100,4 milhões de doses até julho, apresentando o cronograma escalonado mensal.

De acordo com a previsão entregue na ocasião, seriam 3,8 milhões em março, 30 milhões em abril e 25 milhões em maio.

Nísia Trindade Lima afirmou que inicialmente o cálculo previa a entrega de 1 milhão de doses por dia, mas que não foi possível por causa de alguns obstáculos.

“Primeiro, há um processo para isso, esse início sempre requer alguns ajustes. Além disso, essa discrepância que o senhor sinalizou tem a ver com a chegada do IFA [Ingrediente Farmacêutico Ativo]. Além disso, cada lote de vacina fabricado fica 20 dias em teste para avaliar sua estabilidade ou verificar se há alguma possibilidade de contaminação. Então, essa variação está ligada a esses fatores”, justificou.

“E a gente está trabalhando aqui com os números mais próximos da realidade possível, sendo que a nossa orientação é acelerar esse cronograma. Só que eu diria que ele está no limite. Então, nós vamos produzir mais em abril do que está aqui como entrega, mas tem que passar por esses testes”, completou.

A presidente da Fiocruz afirma que o instituto começou uma segunda linha de produção, o que também vai requerer novos testes e poderá contribuir para a alteração no cronograma.

Como a Folha informou no fim de semana, quatro em cada dez vacinas prometidas pelo governo enfrentam entraves no Brasil, e o governo já precisaria rever suas previsão de 30 milhões de doses da Fiocruz em abril, possivelmente para 21 milhões de doses. Essa é a quinta vez que o Ministério da Saúde precisa alterar suas projeções de vacinas.

O Ministério da Saúde informou por meio de nota que não é o responsável pela redução no cronograma de recebimento de vacinas contra a Covid-19. A pasta afirma que o cronograma é montado com base nas projeções enviadas pelos laboratórios e que pode haver alterações com base no fluxo de produção das imunizações pelos fabricantes.

"Reiteramos que, para concretizar o envio dos imunizantes, a pasta depende da entrega efetiva das vacinas pelos laboratórios fabricantes. De posse das doses, o Programa Nacional de Imunizações organiza o cronograma de distribuição para as Unidades Federativas. Até o momento, mais de 29 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 já foram enviadas para todo o Brasil", informou.

A pasta sinaliza que ainda não foi informada da nova redução prevista pela Fiocruz. O cronograma enviado pelo ministério aponta a previsão de 21,1 milhões de doses do instituto produzido com IFA importado em abril e outras 26,8 milhões em maio.

O Ministério também afirma que vai receber 110 milhões de doses da Fiocruz no segundo semestre, já com produção totalmente brasileira, além de doses da Coronavac (100 milhões até setembro), vacinas via Covax Facility (42,5 milhões de doses), Covaxin (20 milhões), Sputnik V (10 milhões), Pfizer (100 milhões) e Janssen (38 milhões).

Variantes

A Fiocruz também informou que um novo estudo realizado no instituto da Amazônia da Fiocruz, o Instituto Leônidas & Maria Deane, apontou que as novas variantes de preocupação do coronavírus estão presentes em praticamente todos os estados, com exceção de Minas Gerais e Alagoas.

“Isso mostra a disseminação dessas variantes, mais uma preocupação em relação à vacinação”, disse a presidente da Fiocruz.

Na mesma sessão, os senadores aprovaram de maneira simbólica uma moção de apelo à comunidade internacional para obter vacinas contra a Covid-19. O documento havia sido assinado por 65 senadores.

O documento foi encaminhado para a ONU (Organização das Nações Unidas), OMS (Organiização Mundial da Saúde), OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e os países do bloco G20, e o Legislativo de Estados Unidos, Reino Unido e China. Laboratórios que desenvolvem imunizações também vão receber o documento.

A moção afirma que o Brasil se tornou um “risco real para o mundo” por conta do avanço de novas variantes do coronavírus.

“O Brasil se tornou o epicentro mundial da pandemia. Dados confirmados pela OMS mostram que superamos nesta semana a alarmante média móvel de 72 mil novos casos e mais de 2.000 óbitos por dia”, diz o documento.

“Dessa forma, essa moção tem como objetivo informar oficialmente às nações, por meio do Senado Federal, a gravidade da situação do País e encaminhar um apelo à comunidade internacional, sobretudo para os países produtores e com estoques excedentes, no sentido da priorização na distribuição das vacinas e insumos para o Brasil de forma a conter o avanço da pandemia. Portanto, necessitamos urgentemente vacinar no mínimo 1/3 da população brasileira, o que equivaleria a receber 100 milhões de doses no curto prazo”, avança o texto, em outro trecho.

O documento sugere três iniciativas: solicitação de auxílio internacional (como exemplo os Estados Unidos, a China, Israel, Rússia e o Reino Unido) no sentido de viabilizarem a disponibilidade de um número maior de vacinas em curto intervalo de tempo para o Brasil num acordo de cooperação; União com a OMS, com o aumento da disponibilidade de vacinas do consórcio Covax Facility; e discussão com os países do G20 da situação do Brasil para a solicitação de recursos para vacinas.

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