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RJ anuncia vacinação de policiais em abril mesmo após críticas de governadores

Ao menos outros cinco estados já disseram que vão imunizar forças de segurança antes de outros grupos prioritários

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Rio de Janeiro

Assim como outros estados, o Rio de Janeiro decidiu começar a vacinar suas forças de segurança contra a Covid-19 a partir de 12 de abril, antes de outros grupos considerados prioritários pelo Ministério da Saúde. O anúncio foi feito pelo governador em exercício Cláudio Castro (PSC).

“As forças de segurança, além de elas não terem parado em momento algum, há uma preocupação enorme de elas acabarem sendo vetores de transmissão”, ele afirmou durante entrevista coletiva nesta terça (30). "Vamos proteger aqueles que nos protegem", havia escrito mais cedo nas redes sociais.

Entram nesse grupo cerca de 15 mil pessoas, incluindo policiais militares e civis, bombeiros, servidores do Degase (departamento de ações socioeducativas), oficiais de Justiça, guardas municipais e Defesa Civil Municipal, além de agentes da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal.

A categoria virá em segundo lugar no calendário único de vacinação que o estado do Rio terá agora, conforme decreto. Antes será a vez de 324 mil profissionais de saúde que ainda não foram imunizados, que receberão as doses até dia 10. E em terceiro lugar, estão os profissionais da educação, a partir da segunda quinzena de abril.

Os idosos continuam a ser público alvo da campanha paralelamente. Até 10 de abril são esperadas as pessoas acima dos 75 anos e, até 17 de abril, uma parcela da população acima dos 60 anos. A programação será atualizada a cada duas semanas conforme as doses enviadas pelo governo federal.

Ao menos outros cinco estados já haviam divulgado a antecipação da vacinação de policiais —São Paulo, Pará, Distrito Federal, Goiás e Espírito Santo—, entre as 18 unidades federativas que responderam a um levantamento publicado pela Folha nesta segunda (29).

Assim como professores, policiais estão entre as prioridades do PNI (Programa Nacional de Imunização), mas atrás de pessoas com comorbidades, por exemplo. Os entes federados, porém, têm autonomia para montar seu próprio esquema vacinal de acordo com as características, demandas e doses disponibilizadas à sua população.

​No Pará, as forças de segurança já estão recebendo os imunizantes desde 20 de março. Em São Paulo, a aplicação nos policiais começa na próxima segunda (5) e nos professores, em 12 de abril.

No DF, a previsão de início é para os próximos dias, com a reserva de 10% a 15% das doses para a categoria, em paralelo com os idosos. Em Goiás, a ideia também é começar na próxima semana, com 5% das doses. Já no Espírito Santo, 5% das vacinas irão para policiais e professores a partir de 15 de abril.

Diante disso, na última sexta (26), outros governadores cobraram que todos sigam os critérios de vacinação prioritária previstos no PNI. A reclamação foi feita na primeira reunião do recém-criado comitê nacional contra Covid-19, com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

O anúncio do paulista João Doria (PSDB) na semana passada pegou os estados de surpresa, aumentando a pressão das categorias sobre governadores. Assim que ele fez a divulgação, seus colegas passaram a criticar a decisão isolada​ e o atropelo do plano nacional num grupo interno de WhatsApp.

“Precisamos ter uma comunicação única, um procedimento único para que nenhum estado possa ter privilegio em relação a outro. A vida é um direito de todos e ninguém pode ser tratado diferente”, disse na reunião o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).

CALENDÁRIO ÚNICO NO RJ

Na entrevista desta terça, o governador Cláudio Castro também detalhou a decisão de unificar o calendário de vacinação no estado do Rio de Janeiro. Hoje, cada cidade organiza seu próprio cronograma. A capital, por exemplo, vacina atualmente a faixa dos 70 anos e planeja chegar aos 60 anos até 24 de abril.

A unificação da campanha foi um pleito de prefeitos como Eduardo Paes (DEM) e Axel Grael (PDT), de Niterói, segundo o governador. Um dos objetivos é evitar corridas e aglomerações pela vacina nos municípios, como ocorreu em Duque de Caxias.

“A intenção não é criar obrigação, é criar um balizador para que isso possa ser dialogado com os municípios. [...] Principalmente para que nossa população tenha tranquilidade de quando será vacinada”, disse Castro.

Ele declarou que vai priorizar os trabalhadores da saúde ainda não vacinados: "Às vezes, eles podem até não estar no hospital, mas estarem em clínicas e outras atividades também ligadas à saúde. Como sabemos também, vai haver um incremento enorme e essa ampliação precisa ter mais profissionais aptos".

Sobre os profissionais de educação, afirmou: “Nós precisamos de uma escola absolutamente segura. Precisamos que os pais, que os profissionais, tenham a tranquilidade. Tanto os profissionais de irem trabalhar quanto os pais, e os próprios alunos".

Castro ainda negou que o sistema de saúde do estado esteja em colapso. Ele disse que nas últimas horas houve uma redução da taxa de ocupação de UTI para Covid-19 de 92% para 87% e que na última semana foram abertos 397 leitos, sendo 224 de terapia intensiva.

“É óbvio que esse não é um número que dê a mínima tranquilidade, mas é a prova de que abrindo leitos é que a gente vai conseguir diminuir essa taxa”, declarou.

Momentos antes, o governador comentou sobre a festa de aniversário que promoveu em comemoração aos seus 42 anos no domingo (28), dois dias depois de apelar para que os fluminenses ficassem em casa​. A confraternização ocorreu em uma casa em Petrópolis, onde estão proibidas aglomerações até domingo (4).

“É importante quando a autoridade reconhece também o erro. A gente tem a humildade tranquila de reconhecer quando erra. Eu já pedi desculpas. Acho que hoje é um dia de bons anúncios, de boas notícias”, afirmou.

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