Descrição de chapéu Coronavírus

Semanas após o começo da vacinação, postos em áreas ricas de SP não têm filas

Para evitar aglomerações, enfermeiros orientam esperar alguns dias depois do início da imunização de novas faixas etárias anunciadas pelo governo

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São Paulo

Nada de filas de cinco horas dentro de um carro ou idosos se aglomerando debaixo do sol. Semanas após o início da vacinação contra a Covid-19, postos de saúde em bairros ricos de São Paulo apresentam pouca ou nenhuma fila em um cenário diferente ao que se acostumou a ver na imunização durante a pandemia.

No começo da tarde desta segunda-feira (8), não havia nenhuma fila em uma tenda montada pela Prefeitura de São Paulo no estacionamento da Igreja Santa Maria Madalena e São Miguel Arcanjo, na Vila Madalena, zona oeste da cidade.

Foi lá que Maria Luiza Acocella, 89, recebeu a segunda dose da vacina, assim como seu marido, acompanhada pela neta e uma cuidadora. "É uma sensação muito boa. Não dói nada, só senti uma picadinha. É um alívio imenso", diz.

Na UBS Alto de Pinheiros, também na zona oeste e um bairro conhecido pelas mansões e por vizinhos como o ex-presidente Michel Temer, as mesas com plaquinhas "1ª dose" e "2ª dose" estavam vazias por volta das 13h.

Foi quando a veterinária Mariana Lourenço, 28, resolveu aproveitar para se vacinar —apesar da pouca idade, a categoria foi incluída no grupo prioritário de profissionais de saúde.

"Estou aliviada. Já tive Covid no ano passado. Não precisei ser internada, mas os sintomas foram fortes. Febre, diarreia, dor no corpo. Já tinha tentado ir me vacinar ali perto da Pompeia [também na zona oeste], mas estava muito cheio. Aqui está bem mais tranquilo", afirma.

Por lá, os enfermeiros logo dão a dica. Quando o poder público libera uma nova faixa etária para se vacinar, como acontecerá na próxima segunda (15) com idosos com 75 e 76 anos, o ideal é esperar alguns dias para evitar as aglomerações. O movimento também tem sido maior no começo da manhã e menor por volta da hora do almoço.

A tranquilidade da UBS se contrasta com o entra e sai do pronto-socorro que fica logo em frente. Os enfermeiros com quem a reportagem conversou não falam em números, mas dizem que é visível um aumento na demanda nas últimas semanas, com a explosão de casos e mortes por Covid-19 na cidade.

Houve quem aproveitasse o baixo movimento da UBS para tirar dúvidas sobre informações falsas que circulam pela internet. "Recebi um calendário por WhatsApp que dizia que minha vacinação já começava amanhã. Vim aqui para saber, mas me disseram que não é verdadeiro", diz o autônomo Cirineu Ayres, 68.

Com a escassez de doses, o governo tem previsão de vacinação apenas para a próxima faixa etária imediata —75 e 76 anos— e amplia os intervalos de idade de acordo com a disponibilidade de vacinas.

“Chega muita coisa por WhatsApp. Muitas delas eu simplesmente apago, não quero nem deixar no celular, porque eu sei que é mentira”, diz Antônio da Silva, 58, que acompanhava Ayres.

Para a secretária Vera Ferreira, 64, o poder público precisa agir para acelerar a vacinação. "Tem que parar de piadinha e deboche, porque isso é feio. Parar de briga entre o Doria e o Bolsonaro. Se o Bolsonaro quis tanto ser presidente, que assuma as responsabilidades de um presidente. Todo dia aqui está cheio de gente desesperada, de enfermeiro cansado de trabalhar. Precisamos vacinar todo mundo já", desabafa.

Na UBS Dr. Manoel Joaquim Pena, na Vila Madalena, a fila também andava rápido nesta segunda. Mesmo assim, Letícia Theotonio, 39, ficou lá por quase três horas até conseguir vacinar a avó, Elsie, 89. Mas o motivo foi outro.

Elsie havia tomado a primeira dose no Rio de Janeiro, onde vivia até duas semanas atrás. Mas o marido morreu vítima da Covid-19, aos 88, e a idosa veio para São Paulo morar perto do restante da família.

"Hoje viemos tomar a segunda dose, mas disseram que não podia, que tinha que ter tomado a primeira dose aqui em São Paulo. Pedi que me mostrassem alguma portaria que dissesse isso, e me mostraram um print de grupo de WhatsApp. Precisei chamar a polícia, a Guarda Civil", diz ela.

"É a falta de coordenação nacional que cria esses problemas regionais e locais. Mas, finalmente, deu certo. Agora é um alívio indescritível, ainda mais na nossa família, que o Covid entrou e levou uma pessoa."

Nesta segunda (8), ao anunciar a vacinação para idosos de 75 e 76 anos a partir de 15 de março, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), solicitou que não haja concentração nos postos. "Aproveito para pedir que por favor evitem a concentração no dia 15 de março, para que não tenhamos filas e o desconforto na vacinação nos drive-thrus. A vacinação seguirá normalmente, das 8h às 17h. Para evitar desconforto, utilizem o horário da tarde, utilizem os dias 16 e 17", disse.

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