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Às vésperas de CPI, PGR denuncia governador do AM por supostos crimes em compra de respiradores

Wilson Lima (PSC) defendeu regularidade de seus atos na administração do estado

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Brasília

​A PGR (Procuradoria-Geral da República) denunciou nesta segunda-feira (26) o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), o vice-governador, Carlos Almeida (PTB), e outras 16 pessoas, entre servidores públicos e empresários, por suspeita de crimes na compra de respiradores para pacientes da Covid-19.

Em nota, o governador defendeu a regularidade de seus atos na administração do estado, em especial as despesas referentes à crise sanitária.

Assinada pela subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo, uma das principais auxiliares do procurador-geral da República, Augusto Aras, a acusação foi enviada ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) às vésperas da instalação da CPI da Covid no Senado.

Criada para apurar a conduta de integrantes do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no enfrentamento da pandemia, a CPI vai avaliar também a regularidade da aplicação de verbas federais enviadas a estados e municípios.

O foco da comissão motivou embates entre aliados do Palácio do Planalto e representantes da oposição nas últimas semanas. Adversários de Bolsonaro afirmam que a inclusão de governadores e prefeitos na apuração parlamentar é estratégia diversionista.

Segundo a PGR (Procuradoria-Geral da República), uma organização criminosa se instalou na estrutura burocrática do governo do Amazonas.

O governador do Amazonas, Wilson Lima, ao lado do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello em Manaus em janeiro de 2021 - AFP

“Uma verdadeira organização criminosa que tinha por propósito a prática de crimes contra administração pública, especialmente a partir do direcionamento de contratações de insumos para enfrentamento da pandemia, sendo certo que, em pelo menos uma aquisição, o intento se concretizou”, afirmou Lindôra.

A PGR enviou duas denúncias contra Lima e os demais acusados, apontando irregularidades que somam cerca de R$ 2,4 milhões desviados. Os crimes são de dispensa indevida e fraude a licitação, além de peculato.

A investigação começou em 2020, após a notícia de que 28 respiradores haviam sido comprados pela administração estadual de uma loja de vinhos.

As suspeitas foram foco de três fases de medidas como busca e apreensão autorizadas pelo ministro Francisco Falcão, relator do caso no STJ.

Na primeira denúncia, Lima e os demais são acusados de desviar cerca de R$ 2,2 milhões. O governador e um servidor também são suspeitos, segundo a PGR, de tentar atrapalhar as investigações por meio da adulteração de documentos.

A apuração reuniu documentos, testemunhos e mensagens trocadas entre os suspeitos apreendidas nos últimos meses pelos investigadores.

Foi enviada ao STJ uma segunda denúncia contra Lima e mais três servidores, desta vez acusados de peculato, envolvendo duas empresas e seus sócios, pelo fretamento irregular de aeronave para o transporte de respiradores.

Nesse caso, a PGR pede que o governador e os demais acusados sejam condenados à perda de seus cargos, além do pagamento de indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 192 mil.

Em nota, Lima afirmou a probidade e legalidade de seus atos à frente do Governo do Amazonas, sobretudo no enfrentamento da pandemia da Covid-19.

Ele ressaltou que, embora ainda não tenha sido notificado, a denúncia oferecida pela PGR não apresenta provas do envolvimento dele em supostos crimes.

“Mantenho total confiança na Justiça, que haverá de, oportunamente, reconhecer que as acusações são totalmente infundadas", disse o governador. "Reitero aqui o meu compromisso com a transparência, probidade e legalidade dos meus atos e sigo à disposição para continuar prestando todas as informações solicitadas pela Justiça.”

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