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Com UTI cheia, Pernambuco usa escala de pontos de pacientes com Covid para definir prioridade em atendimento

Calculadora desenvolvida pelo Cremepe indica quais doentes têm mais chance de sobreviver

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Recife

Com média de espera de 12 horas para internar um paciente com sintomas da Covid-19 em um leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), Pernambuco passou a usar neste mês uma calculadora que auxilia médicos a escolher quem deve ser atendido prioritariamente.

O EUP-UTI (Escore Unificado para Priorização) havia sido elaborado e recomendado pelo Cremepe (Conselho de Medicina de Pernambuco) em abril do ano passado. No entanto, só após debates entre a classe médica e as autoridades de saúde o sistema foi implementado.

Na prática, a partir de informações técnicas sobre a vitalidade, a presença de comorbidades e a fragilidade dos doentes, deve ser escolhido para acessar prioritariamente o leito aquele que tem mais chance de sobreviver.​

Nesta quarta-feira (7), a taxa de ocupação de leitos para pacientes com sintomas da Covid-19 em Pernambuco era de 97%. Havia 101 doentes graves esperando na fila para acessar um leito de UTI. Nesta quinta-feira (8), foram confirmados no estado 82 novos óbitos em decorrência da doença.

O médico solicitante, que recebe o paciente e informa a necessidade de tratamento intensivo, preenche os dados numa calculadora virtual com um sistema de pontuação.

Com base neste cálculo, o nome do paciente sobe ou desce na fila da central de regulação de leitos. A escala de pontuação não leva em conta a faixa etária dos doentes.

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Lotados, hospitais têm fila de ambulâncias com pacientes com Covid no Recife (PE) - Leo Caldas - 5.mar/Folhapress


Quanto menor a pontuação, mais chance o paciente tem de sobreviver. A calculadora recomendada pelo Cremepe faz a junção de escores clínicos já utilizados mundialmente.

A secretária-executiva de Regulação de Pernambuco, Ricarda Samara, diz que o sistema garante maior segurança na decisão médica.

“Imagine que há dois pacientes e temos que escolher quem vai para o respirador. Se eu fizesse a escolha pelo meu juízo, iria passar o resto da vida pensando sobre isso. O profissional fica acobertado porque não precisa fazer uma escolha pessoal”, explica.

Ela diz que havia a ideia de que, se for jovem, o paciente passaria automaticamente na frente de um idoso. “Estávamos condenando os idosos à morte. O escore dele pode ser bom. Poderíamos fazer uma avaliação errada”, ressalta.


Na escala, há quatro escores de pontuação —presença de comorbidades, fragilidade do paciente, capacidade de resposta do indivíduo para a doença e análise do funcionamento de órgãos vitais.

A escala vai de zero a quatro; a pontuação máxima é de 12. Dois dos escores se unem na pontuação (comorbidades e fragilidade).

A pontuação máxima indica que o paciente está em uma situação irreversível.

“A nossa escala é para priorização das vagas. Importante que se diga que nenhum paciente será abandonado. Todos continuam recebendo cuidados médicos”, destacou o presidente do Cremepe, Maurício Matos.

A calculadora está disponível no site do Cremepe. “A ferramenta é completamente pública. Qualquer estado pode utilizar”, informou Matos.

No dia 30 de março, a Secretaria de Saúde de Pernambuco encaminhou ofício com a recomendação do Cremepe a todas unidades de saúde da rede pública.

“Esses ajustes visam a melhoria do processo de regulação e a organização da lista de espera de pacientes por leitos de UTI com base em critérios técnicos”, diz o documento.

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