Saiba quais países já aprovaram a Sputnik V, que não teve aval da Anvisa no Brasil

Governo russo diz que 62 nações aprovaram uso emergencial do imunizante contra o coronavírus

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Gonçalves (MG)

A Sputnik V, vacina desenvolvida pela Rússia para conter a Covid-19, vem ganhando território no mundo, apesar de ter tido pedidos de aval à importação excepcional no Brasil negados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

A agência brasileira recusou, nesta segunda-feira (26), o pedido feito por um grupo de governadores para importar e aplicar o imunizante russo na população de Bahia, Acre, Rio Grande do Norte, Maranhão, Mato Grosso, Piauí, Ceará, Sergipe, Pernambuco e Rondônia.

Segundo a Anvisa, a Sputnik V apresenta várias inconsistências técnicas no seu desenvolvimento que criam incertezas sobre a segurança da substância no combate ao coronavírus no organismo humano.

Um dia depois do parecer contrário da Anvisa, Kirill Dmitriev, diretor do fundo russo que financiou a Sputnik, chamou a agência brasileira de antiprofissional e mentirosa ao espalhar notícias falsas sobre o imunizante.

Dmitriev também afirmou que existe uma possível pressão política externa orquestrada pelos Estados Unidos para impedir a entrada da Sputnik em território brasileiro. "A intervenção externa é um dos elementos-chave desse comportamento [da Anvisa]", disse Dmitriev sem, no entanto, dizer nomes de autoridades ou laboratórios concorrentes que estariam nestas operações.

Reportagem da Folha mostrou que o governo Trump pressionou o Brasil a recusar a vacina russa contra a Covid-19. A informação consta de um relatório publicado pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos americano em 17 de janeiro, três dias antes da posse de Joe Biden.

"Isso faz parte da política. O que ela [Anvisa] vem pedindo de documentação para nós é bem maior e diferente do que ela pede para outros órgãos reguladores e produtores de vacinas", afirmou Dmitriev.

Apesar da negativa da agência reguladora brasileira, a vacina russa já obteve autorizações emergenciais para ser aplicada em 62 países, segundo balanço do governo da Rússia. Mas só em sua terra natal o imunizante obteve aprovação completa, dada em agosto de 2020.

Em comunicado divulgado nesta terça-feira (27), a Rússia informou que o ministério da Saúde de Bangladesh, país de 163 milhões de pessoas, havia autorizado o uso emergencial da Sputnik. Com a inclusão do país asiático, a vacina russa foi incluída no rol de imunizantes para fazer a cobertura vacinal de 3,2 bilhões de pessoas contra o coronavírus.

“A Sputnik V ocupa o segundo lugar entre as vacinas contra o coronavírus em todo o mundo em número de aprovações emitidas por agências reguladoras governamentais”, afirmou, por nota, o governo russo.

A informação, porém, não consta no painel atualizado do jornal The New York Times que mostrava até o início da tarde desta terça que a Sputnik era aceita em 28 países e ficava atrás das vacinas de Oxford-AstraZeneca (135 países), Pfizer-BioNTech (89 países), Moderna (37 países) e Sinopharm (33 países).

Entre as nações que aceitaram a Sputnik está a Índia, considerada o celeiro da produção mundial de vacinas, cuja população supera a dos Estados Unidos, da União Europeia e do Japão juntos.

A maioria dos governos adeptos da Sputnik são da África, do Leste Europeu, do Sudeste Asiático e da América Latina, com México, Argentina, Bolívia, Paraguai, Venezuela, Guatemala e Honduras na lista.

Além do Brasil, a Sputnik também não obteve autorização de uso nos Estados Unidos e nem pela EMA (Agência Europeia de Medicamentos, na sigla em inglês). Segundo a União Europeia, Hungria e Eslováquia permitiram o uso da Sputnik V de forma emergencial. Na Hungria, inclusive, a vacina já está sendo aplicada.

A negativa da Anvisa à importação da Sputnik V ocorreu em um contexto marcado por pressão e intenso lobby político pela aprovação da vacina russa. O pedido de liberação vinha sendo reforçado por membros da União Química —que tem uma parceria com a Rússia—, parlamentares e governadores, que alegavam que a Sputnik já era usada em mais países.

Esse é segundo pedido excepcional de importação de vacinas contra a Covid negado pela agência. Antes da Sputnik, a Anvisa negou pedido do Ministério da Saúde para a vacina Covaxin, da Índia, também alegando falta de dados mínimos.

A agência já aprovou outros cinco pedidos de uso emergencial ou registro de imunizantes contra a Covid. Estão na lista a Coronavac (Butantan e Sinovac), Covishield (produzida pela AstraZeneca por meio do Serum Institute, da Índia), Covishield (pela Fiocruz) e vacinas da Pfizer e da Janssen.


PAÍSES E TERRITÓRIOS QUE ACEITAM USO DA SPUTNIK V

Angola
Antígua e Barbuda
Argélia
Argentina
Armênia
Azerbaijão
Bahrein
Bangladesh
Belarus
Bolívia
Bósnia-Herzegovina
Camarões
Cazaquistão
Djibouti
Egito
Emirados Árabes Unidos
Eslováquia
Filipinas
Gabão
Gana
Guatemala
Guiana
Honduras
Hungria
Ilhas Maurício
Índia
Irã
Iraque
Jordânia
Laos
Líbano
Macedônia do Norte
Mali
Marrocos
México
Mianmar
Moldova
Mongólia
Montenegro
Namíbia
Nepal
Nicarágua
Palestina
Panamá
Paquistão
Paraguai
Quênia
Quirguistão
República da Guiné
República do Congo
Rússia
San Marino
São Vicente e Granadinas
Sérvia
Seychelles
Síria
Sri Lanka
Tunísia
Turcomenistão
Uzbequistão
Venezuela
Vietnã

Fonte: Governo russo

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