Descrição de chapéu Coronavírus

Transferências de pacientes indicam UTIs paulistas à beira do colapso

Taxa de ocupação das unidades que atendem casos de Covid-19 está em 92%, segundo governo de São Paulo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A demanda de transferências para casos de Covid-19 registradas pela Cross (Central de Regulação e Oferta de Serviços de Saúde) vem registrando rápida aceleração no estado de São Paulo.

O movimento mostra a relação cada vez mais estreita entre as vagas de UTI diariamente disponíveis e as demandadas, além da busca incessante por leitos entre várias regiões do estado —evidenciando o colapso iminente do sistema.

Em relação ao pico anterior da epidemia, em junho de 2020, quando foram computados 690 pedidos de transferências de pacientes, o aumento foi de 117%. Boa parte desse crescimento se deu entre março e neste início de abril.

Atualmente, são cerca de 1.500 pedidos ao dia —300 a mais que os 1.200 em 10 de março. Cerca de 35% das solicitações diárias (aproximadamente 530) referem-se a leitos de UTI.

Segundo o médico intensivista e consultor da Amib (Associação de Medicina Intensiva Brasileira), Ederlon Resende, os números indicam que as UTIs do sistema paulista têm cada vez menos espaço para atender pacientes graves.

“Assumindo que os hospitais tenham agora somente cerca de 5% do total de vagas de UTI disponíveis por dia, estamos perto de um colapso maior.”

As vagas disponíveis diariamente equivaleriam a cerca de 650 leitos de UTI, ante os 530 que estão sendo demandados todos os dias, segundo a Cross.

Se a aceleração recente de internações em UTIs não for contida, a demanda deve superar os leitos em poucos dias. Segundo o governo paulista, a taxa de ocupação de UTIs para coronavírus atingiu 92% no dia 1º de abril.

Ederlon Rezende usa máscara branca e avental. Ele está no corredor de um hospital; ao fundo, à direita da foto, há macas
O médico Ederlon Resende, consultor da Associação de Medicina Intensiva Brasileira - Bruno Santos/Folhapress

Como as poucas vagas disponíveis também acabam ficando espalhadas pelo estado, um doente grave pode não encontrar UTI perto de onde reside —correndo risco de morrer antes ou durante a transferência para onde existe um leito.

De acordo com reportagem da TV Globo na sexta (2) a partir de levantamento nas prefeituras do estado, 507 pessoas já morreram em São Paulo à espera de um leito de UTI (271 na capital e região metropolita e 236 no litoral e interior).

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, há mais de 31 mil pessoas hospitalizadas diariamente em virtude da doença, com 13 mil internados em unidades de terapia intensiva.

O governo paulista informa que tem investido na ampliação de leitos e somente em março anunciou a abertura de mais de 1.000 vagas e 12 hospitais de campanha.

Com isso, em abril, a rede pública de saúde passou a contar com mais de 9.200 leitos de UTI, ante 3.500 antes da pandemia.

Segundo a secretaria, já houve mais de 190 mil regulações de Covid-19 desde março de 2020. A transferência depende da disponibilidade de leitos e de condição clínica adequada para que o paciente seja deslocado com segurança até o hospital de destino.

A Cross funciona como mediadora entre os serviços de origem e de destino dos pacientes. Seu papel não é criar leitos, mas auxiliar na identificação de uma vaga no hospital mais próximo e apto a cuidar do caso.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.