Descrição de chapéu Coronavírus

Vacinação tem ritmo desigual em cidades da Grande SP

Enquanto São Caetano vacinou 20% da população, Itaquaquecetuba não passou de 5%

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Halitane Rocha Lucas Landin Paulo Talarico
Cotia, Itaquaquecetuba e Osasco | Agência Mural

Apesar de situadas na Grande São Paulo, São Caetano do Sul e Itaquaquecetuba vivem cenários opostos na vacinação contra a Covid-19.

Enquanto o município do ABC paulista tem enfatizado que é um dos que mais vacinou no país —cerca de 20% da população receberam a primeira dose— Itaquá ainda não deu conta de imunizar os profissionais de saúde. Apenas 4,8% dos moradores tomaram a primeira dose na cidade do Alto Tietê, onde vivem 370 mil habitantes. Os dados são do Vacinômetro, plataforma do governo do estado.

Desde que a campanha começou, o ritmo na distribuição e na aplicação de vacinas em pessoas dos grupos prioritários têm sido desigual. Na região metropolitana, mais de 2 milhões já tomaram a primeira dose da vacina contra o coronavírus, 1,4 milhão na capital (12% dos paulistanos).

No entanto, a média em geral tem ficado abaixo desse patamar. Em 31 cidades, nem 10% receberam vacina após dois meses de campanha. Itaquá tem a pior posição no estado. Mesmo quem está na linha de frente não conseguiu uma dose.

Membros do Conselho da Saúde de Carapicuíba fazem manifestação por mais vacinas - Arquivo pessoal

“Na semana em que foi liberado o primeiro lote da vacina, eu infelizmente estava com Covid e não pude ir. E quando fui à UBS procurar informações, me disseram que não posso receber, pois só estão vacinando os idosos”, conta Sabrina Costa, 25, enfermeira do Hospital Santa Marcelina, o único com UTI para Covid na cidade.

Sabrina foi informada de que, caso a cidade não recebesse mais vacinas para os profissionais de saúde, ela deveria aguardar junto aos de sua faixa etária. “Particularmente, achei um absurdo.”

Na terça (6), o vereador David Neto (PP) apresentou um requerimento na Câmara Municipa em que pediu uma revisão nos critérios de envio de doses, “pois o município está recebendo menos do que vizinhos com população menor”.

Pelas redes sociais, o prefeito Eduardo Boigues (PP) chegou a questionar os critérios de repasses pelo governo estadual no começo da campanha.

A gestão João Doria (PSDB) respondeu que o cálculo de distribuição de vacinas é feito pelo Ministério da Saúde com base no número de pessoas imunizadas contra a gripe em 2020 em cada município.

As cidades que têm as maiores taxas de imunização foram as que receberam mais doses proporcionalmente. Até 8 de abril, São Caetano contava com 53 mil vacinas, o equivalente a 33% da população. Santo André, onde 13% já tomaram uma dose, recebeu 147 mil (20% dos moradores).

Campanha de vacinação contra a Covid-19 em Itaquaquecetuba; cidade é a que menos vacinou proporcionalmente - Divulgação

Na comparação, Itaquá recebeu 29 mil vacinas, o equivalente a 8% dos habitantes. Em Santo André, mais de 31 mil já tomaram até a segunda dose.

“Uma colega recebeu a primeira dose da Coronavac e quando foi receber a segunda, no dia agendado, não tinham mais doses”, diz a biomédica Maria Santos, 24, moradora de Itaquaquecetuba.

O atraso é visto também em Cotia, na região sudoeste da Grande São Paulo. Ali, a vacinação foi realizada com um polo em frente à prefeitura, em Caucaia do Alto e Granja Viana. Com isso, houve espera de até 5 horas para idosos. Com filas imensas no sistema pedestres e drive-thru, a prefeitura decidiu aderir ao agendamento por telefone e site. Mas muita gente reclama que não consegue agendar.

“As equipes da área de informática estão mobilizadas para resolver instabilidades que são registradas em momento de grande volume de acesso”, afirmou a prefeitura.

Maria Sanowiack, 66, tomou a primeira dose nesta quinta-feira (8). O filho fez o agendamento online, e agora ela aguarda a segunda dose.

O irmão mais velho, Miguel, 69, também tomou a primeira dose depois de agendar. Foi o primeiro da família a ser vacinado. “Tivemos casos confirmados da Covid-19 na família, e graças a Deus foram de sintomas leves.”

Cotia aplicou 14 mil vacinas da primeira dose, 6% do total de moradores. Por causa da dificuldade em garantir imunizantes, a Câmara Municipal aprovou projeto para compra de vacinas não fornecidas pelo Programa Nacional de Imunização e aprovadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

As cidades de Guarulhos, Itapevi, Jandira, Osasco, São Bernardo do Campo, Taboão da Serra e Santa Isabel também aprovaram leis nesse sentido.

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