Campos do Jordão (SP) atrai turistas em dias de temperatura negativa, em meio à pandemia

Termômetros marcaram -0,3 ºC na terça-feira, e mínimas seguem abaixo dos 10ºC

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Reginaldo Pupo
Campos do Jordão (SP)

A chegada do frio em cidades da serra da Mantiqueira nos estados de São Paulo e Minas Gerais provocou aglomeração de turistas, que lotaram pousadas, hotéis e restaurantes apesar da pandemia da Covid-19.

Houve geada nesta semana na região. Em Campos do Jordão, os termômetros chegaram a registrar -0,3ºC na madrugada de terça-feira (25), segundo estação do Cptec (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos). Oficialmente, a mínima daquele dia foi de 2,4ºC, considerada a mais baixa do ano na cidade. E para os próximos dias a temperatura deve permanecer baixa, com mínima de 9 ºC prevista para domingo (30)

Até a última quarta-feira (26), a cidade contabilizava 4.723 casos confirmados de Covid-19, com 122 mortes. O município conta com 14 leitos de isolamento para tratamento de casos de Covid-19, incluindo sete leitos de suporte ventilatório pulmonar. Cinco pacientes estão internados em UTIs da região.

imagens noturnas de rua cheia de pessoas com agasalho de frio e luzes
Turistas no centro de Campos do Jordão (SP); temperaturas baixas atraíram público, e geraram aglomeração - Reginaldo Pupo/Folhapress

O movimento em hotéis de Campos do Jordão começou a se itensificar há três semanas. Para o feriado prolongado de Corpus Christi, em junho, há locais sem vagas, assim como no fim de semana do Dia dos Namorados, em 12 de junho. Em algumas pousadas, já não há mais vagas até agosto.

“Fomos pegos de surpresa com esse movimento, e nosso estoque de carnes para a produção de hambúrgueres acabou rapidamente”, diz o proprietário da Hamburgueria Container, Cristian Carvalho. “Com o horário de funcionamento reduzido dos restaurantes, os pedidos de delivery dispararam.”

De acordo com o secretário de Turismo de Campos do Jordão, André Barbêdo, a rede hoteleira está funcionando com 60% de capacidade, conforme determina um decreto municipal, enquanto os restaurantes, comércios e parques ao ar livre funcionam com 40% de sua limitação.

pessoas aglomeradas com roupas de frio em porta de restaurante
Bares, restaurantes e lojas com aglomeração de pessoas em Campos do Jordão (SP) - Reginaldo Pupo/Folhapress

Segundo Barbêdo, antes da pandemia a cidade recebia, em média, 70 mil turistas por fim de semana durante o inverno. “Além dos turistas, Campos do Jordão recebeu um grande número de proprietários de segunda residência que passaram a morar na cidade por causa da pandemia. Das 14 mil casas de temporada, 22% delas se transformaram em residência fixa.”

A cidade aguarda decisão do governo estadual sobre a realização do Festival de Inverno, em julho. “Caso seja realizado, será em locais fechados, onde haverá mais facilidade para controle do número de pessoas. As apresentações ao ar livre possivelmente serão vetadas para evitar aglomerações”, disse Barbêdo.

Além de Campos do Jordão, a alta de turistas também é sentida na rede de hospedagem das cidades vizinhas, como São Bento do Sapucaí (SP), Santo Antônio do Pinhal (SP) e Gonçalves (MG).

De acordo com o diretor de Turismo e Cultura de Gonçalves (MG), Álvaro Costa, a cidade, localizada a 52 km de Campos do Jordão, vem registrando aumento da ocupação hoteleira desde o início da pandemia. “Desde então, o município está lotado e a procura na rede hoteleira para as próximas semanas está em alta.”

Com isso, segundo ele, há uma migração de turistas para locação de casas por meio de plataformas como o Airbnb. “Mas é um risco, pois a prefeitura não tem informações sobre essas casas, o que impossibilita o trabalho da Vigilância Sanitária em garantir um espaço saudável e seguro, diferentemente das pousadas legalizadas que seguem todos os protocolos."

Além disso, as plataformas não repassam nenhum tipo de valores à prefeitura, como ocorre em Porto Seguro (BA), disse Costa, se referindo à “taxa de sustentabilidade” de R$ 2,60 que é cobrada das plataformas de locação de residências e repassadas ao Fundo Municipal de Desenvolvimento do Turismo de Porto Seguro.

A empresária Isabel Cristina de Lima, proprietária da pousada Viver a Pedra, conta que vários meios de hospedagens da região estão com lotação esgotada para todos os finais de semana dos meses de junho e julho. “Estamos funcionando com 50% da capacidade, isso acaba reduzindo em muito a oferta de vagas.”

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