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Vacina da Pfizer reduz em 86% infecções assintomáticas, diz estudo em Israel

Proteção da vacina sete dias após a segunda dose também foi de 97% contra casos sintomáticos de Covid-19

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São Paulo

A vacina produzida pela farmacêutica norte-americana Pfizer com o laboratório alemão BioNTech apresentou uma das taxas de eficácias mais altas no estudo clínico de fase 3: 95% contra casos de Covid-19 sintomáticos.

O imunizante chegou ao país na última semana e houve uma corrida nas Unidades Básicas de Saúde da capital do estado de São Paulo para recebê-lo, o que levou muitos estabelecimentos a colocarem placas informando que não tinham a tal vacina naquele posto. Dentre o motivo principal que levava os paulistanos a buscar uma dose da Pfizer estava a taxa elevada de eficácia.

Agora, mais de cinco meses após o início de programas de vacinação em massa em diversos países, dados sobre a efetividade do imunizante, isto é, sua eficácia na vida real (e não nas condições ideais de um ensaio clínico) confirmam essa alta proteção e dão ainda mais uma esperança para o fim da pandemia: a proteção contra casos assintomáticos da doença.

De acordo com um estudo conduzido em Israel, a vacina da Pfizer reduz em 86% as infecções assintomáticas. A proteção contra infecções sintomáticas é ainda mais alta do que a encontrada nos testes finais, de 97%.

Os dados do estudo foram publicados na última quinta-feira (6) na revista científica Jama (Journal of the American Medical Association).

Os casos assintomáticos são definidos como qualquer pessoa que apresente uma infecção por Sars-CoV-2, mas não apresenta nenhum sintoma —como febre, dor de garganta ou dor no corpo— durante a infecção. Esses indivíduos, por não desenvolverem os quadros clínicos da Covid, raramente são testados e fazem isolamento, porém caracterizam uma fonte importante de transmissão.

Para avaliar a proteção conferida pela vacina BNT162b2, os pesquisadores fizeram um estudo retrospectivo de coorte comparando profissionais da saúde vacinados e não vacinados no Centro Médico Sourasky, em Tel Aviv. Foram incluídos 6.710 profissionais, dos quais 5.953 receberam ao menos uma dose da vacina, 5.517 receberam as duas doses e 757 não foram vacinados.

O período avaliado foi de 20 de dezembro de 2020 (quando começou a vacinação em Israel) a 25 de fevereiro de 2021. Os casos de infecção por Sars-CoV-2 foram detectados por meio do exame RT-PCR, e os casos acompanhados por 28 dias após o resultado positivo. Foram excluídos participantes que tiveram resultado RT-PCR positivo antes do início do estudo, com imunização parcial (incompleta) ou indivíduos não vacinados que contraíram Sars-CoV-2 nos primeiros 28 dias do estudo.

Para ajustar os dados de acordo com idade, sexo e risco de exposição ao vírus, os cientistas realizaram uma análise de sensibilidade com base em um escore de propensão ajustado. Em outras palavras, eliminando os fatores que podem causar ruído na análise, o risco de propensão de um indivíduo não vacinado para contrair o vírus equivalia ao risco de dois a três indivíduos vacinados. Esse parâmetro foi utilizado para calcular a taxa de incidência tanto de infecção sintomática quanto assintomática entre os profissionais de saúde vacinados e os não vacinados.

De um total de mais de 16 mil exames RT-PCR realizados, 243 retornaram positivos, dos quais 149 foram para casos de Covid-19 sintomáticos e 94 foram assintomáticos.

Entre os indivíduos vacinados, a incidência de infecção sintomática foi de 4,7 a cada 100 mil pessoas-ano, enquanto no grupo que não recebeu a vacina essa taxa foi de 149,8 a cada 100 mil, ou uma razão de 0,03 (intervalo de confiança de 95%). A eficácia da vacina foi calculada, portanto, em 97%.

Já para os casos assintomáticos, a taxa de incidência foi, respectivamente de 11,3 a cada 100 mil pessoas-ano nos vacinados e 67 a cada 100 mil pessoas-ano nos indivíduos não vacinados, o que leva a uma razão de 0,14 (intervalo de confiança de 95%). A vacina reduziu, portanto, em 86% os casos assintomáticos de Covid-19 nos indivíduos vacinados.

Embora o estudo apresente algumas limitações, como o fato de um conjunto de profissionais de saúde representar um subgrupo da população e ser dificilmente extrapolada para todos os locais, justamente por essas pessoas estarem mais sujeitas ao risco de contrair o Sars-CoV-2 a pesquisa traz luz sobre como a vacina deve se comportar na vida real.

Além disso, outros estudos de efetividade da vacina, incluindo um com mais de 370 mil pessoas no Reino Unido e outro com quase 600 mil em Israel, já haviam demonstrado a alta eficácia do imunizante da Pfizer tanto para a redução de casos quanto de hospitalizações e óbitos (mais de 90%), mas dados sobre infecções assintomáticas eram ainda escassos, porque dificilmente pessoas sem nenhum sintoma irão fazer parte de estudos de testagem de Covid.

Por serem profissionais de saúde, os participantes do estudo do Centro Médico de Sourasky são rotineiramente testados para Covid-19 com exame RT-PCR. Assim, o estudo conseguiu identificar casos assintomáticos mesmo em indivíduos que receberam as duas doses da vacina, mostrando ainda a importância de estratégias de vacinação em massa para diminuir a transmissão do vírus na população.

Como os próprios autores sugerem no estudo, a pesquisa é forte no sentido de caracterizar essas infecções e poder orientar os próximos estudos para compreender como a redução de infecções assintomáticas podem reduzir a circulação do Sars-CoV-2. “Dado o papel potencial de pessoas com infecções assintomáticas na pandemia de Covid-19, o efeito da redução na transmissão do coronavírus de maneira silenciosa pode ter um impacto importante na saúde pública”, diz o estudo.

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