Com alta de casos, internações e mortes, Araraquara já vive sob sombra de novo lockdown

Em live à população, prefeito Edinho Silva disse que os números "traduzem a realidade do que a cidade está vivendo"

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Ribeirão Preto

O cenário não está crítico como já esteve, mas a alta de novos casos, internações e mortes em decorrência da Covid-19 já fazem Araraquara (a 273 km de São Paulo) viver a possibilidade de um novo lockdown decretado.

Quando a cidade decretou as restrições totais, em fevereiro, a média móvel de casos diários era de 189. Em 22 de abril, dois meses após o lockdown, chegou a ser de 42 casos. Nesta terça-feira (1), alcançou 123.

O mesmo se aplica ao total de pacientes atendidos diariamente na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Vila Xavier, exclusiva para o combate à pandemia: dos 417 pré-lockdown, o número caiu para 104, em 18 de abril, e no último sábado (29) já estava em 316.

O total de pacientes internados na cidade voltou a crescer, assim como as mortes. Cinco dias após as restrições, em 26 de fevereiro, a cidade teve o ápice de moradores com Covid-19 em hospitais, com 209. O número, que chegou a ser de 69 em 20 de abril, alcançou 90 na segunda-feira (31).

Já as mortes subiram de 49 em abril para 59 no mês seguinte, ou 20,4% mais —são 449 desde o início da pandemia.

“Os números não mentem, traduzem a realidade do que a cidade está vivendo”, disse o prefeito Edinho Silva (PT) em live em rede social na qual falou à população do risco de um novo lockdown precisar ser decretado no município.

Primeira cidade a decretar lockdown após a aceleração de casos com a detecção da variante brasileira, Araraquara viu despencar os índices de novos casos, internações e mortes nas semanas seguintes e passou a ser utilizada por pacientes de mais de 30 municípios que, sem leitos, foram internados em seus hospitais.

Imagem mostra hospital de campanha, com carros estacionados à sua frente
Hospital de campanha criado em Araraquara para atender casos da Covid-19 - Adriano Vizoni/Folhapress

Além dos casos e mortes em alta, a cidade também viu os limites de alerta, definidos num decreto em vigor desde o dia 24, serem superados.

O decreto determina que restrições serão adotadas se a taxa de positividade nos exames de Covid-19 passar de 30% dos sintomáticos ou de 20% nos testes em geral por três dias seguidos ou cinco alternados em uma semana. Também diz que um alerta será emitido à população caso a positivação atinja 20% dos sintomáticos e 15% da testagem geral.

Foi o que ocorreu nos dias 27 e 31 de maio, quando o índice de sintomáticos chegou a 20,2% no primeiro dia, e a taxa de testagem geral atingiu 15,47%, na segunda data.

Ao falar sobre os índices, o prefeito afirmou que ter 30% de positivados na cidade significaria uma “pressão intensa” nos leitos de UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) e de enfermaria.

Nesta quarta, a cidade tinha 177 pacientes internados, 98 em enfermaria e 79 em UTIs, com ocupações de 61% e 77%, respectivamente. Do total, 86 são de Araraquara e 91 de outros 32 municípios.

“Os números e os gráficos mostram o que para nós? Nós podemos evitar que um novo lockdown seja decretado em Araraquara, podemos evitar, depende só de nós [...] Se nós não temos vacinação em massa, para evitarmos esse quadro que se avizinha, vamos usar máscaras e evitar todas as formas de aglomeração. A doença é uma realidade, provoca mortes, ceifa vidas”, afirmou Edinho.

Apesar disso, ele afirmou que é possível evitar a piora do cenário da pandemia se as aglomerações forem contidas e se cada um fizer a sua parte. "Porque isso [lockdown] é ruim para os empregos, para nossa economia, para as crianças, que estão caminhando para dois anos fora da escola, para as pessoas que são autônomas, que dependem de seu trabalho para viver."

A adoção de medidas restritivas em Araraquara foi alvo inicialmente de comerciantes, que chegaram a organizar um protesto no lockdown, e também do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que usou uma distribuição de alimentos feita pela Ceagesp em abril na cidade para criticar restrições.

“Nesse momento, comboio parte da Ceagesp rumo a Araraquara/SP, levando alimentos para aqueles vitimados pela política do ‘fique em casa que a economia a gente vê depois’”, disse o presidente.

Edinho disse que Bolsonaro poderia fazer isso sem "humilhar as pessoas”.

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