Contra Covid, cidades de SP criam lockdown noturno e passaporte para circulação

São José do Rio Preto terá restrições das 18h às 6h a partir desta 5ª, enquanto Catanduva tenta limitar movimentação de pessoas

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Ribeirão Preto

Com hospitais lotados e dificuldades para controlar festas clandestinas e aglomerações em áreas públicas, dezenas de cidades do interior de São Paulo decretaram lockdown ou endureceram as regras nos últimos dias para tentar evitar um crescimento ainda maior dos casos de Covid-19.

As medidas estão sendo tomadas em cidades como São José do Rio Preto, Catanduva e Barretos, além de municípios menores no entorno delas.

A partir desta quinta (17), São José do Rio Preto adotará um lockdown noturno até 1º de julho, com fechamento que será válido das 18h às 6h do dia seguinte.

Comércio e shoppings poderão abrir das 6h às 18h. Bares também poderão atender presencialmente nesse período mas, depois das 18h, apenas por delivery. A venda de bebidas alcoólicas está proibida durante as 12 horas diárias de vigência das restrições, assim como aos sábados e domingos. O transporte coletivo vai funcionar das 5h às 20h.

“O quadro voltou a ser crítico, com níveis de ocupação de leitos e de novos casos que exigem ações imediatas”, afirmou o prefeito de Rio Preto, Edinho Araújo (MDB), nesta quarta (16).

Segundo ele, as restrições apenas à noite foram tomadas a partir da conclusão do comitê de enfrentamento de que a alta nas taxas ocorre por conta de aglomerações.

“Segundo o nosso comitê de saúde, a alta da taxa de transmissão do vírus se dá pelas aglomerações em bares, comemorações e pelas incontáveis festas clandestinas. Se nada for feito agora, a explosão de casos provocará rapidamente um colapso total do sistema de saúde, tanto público quanto privado. Nem o dinheiro garantirá acesso a um leito hospitalar”, disse.

A taxa de ocupação de UTIs na cidade está em 94%, segundo a prefeitura. “Tenha consciência de que, se você ficar doente ou um parente seu ficar doente, mesmo que não seja Covid, não tem mais leito de UTI para ninguém”, disse Miriam Wowk, gerente da Vigilância Sanitária. Rio Preto acumula 2.332 mortes em decorrência da Covid-19, com 81.960 casos confirmados.

Na segunda (14), Edinho se reuniu com prefeitos de outras sete cidades —Bálsamo, Bady Bassitt, Cedral, Guapiaçu, Jaci, Mirassol e Neves Paulista— para discutir as medidas restritivas.

Imagem mostra fila de carros em avenida, prestes a passar por uma blitz
Equipe faz fiscalização em Catanduva de medidas restritivas decretadas pela prefeitura por conta da pandemia - Divulgação/Prefeitura de Catanduva

O cenário anunciado agora vinha sendo desenhado nas últimas semanas, com piora dos indicadores. Na sexta (11), o secretário da Saúde de Rio Preto, Aldenis Borim, já tinha afirmado que os dados de evolução da pandemia constituíam um “péssimo sinal”.

A velocidade de contágio disparou na semana de 14 de maio e, desde então, se manteve em patamares elevados, semelhantes aos do início de março, quando a cidade decretou lockdown de cinco dias.

“Isso é um péssimo sinal, péssimo sinal. Tanto no momento que nos assusta quanto para o futuro”, afirmou o secretário ao apresentar os dados de agravamento da pandemia. A média móvel de casos leves na cidade cresceu 43% em 14 dias.

Em Catanduva, ao menos 36 pessoas morreram nas duas primeiras semanas de junho na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) à espera de leitos de UTI, que estão todos ocupados. Por isso, resolveu fechar praticamente todas as atividades e restringir a circulação de pessoas até o dia 29.

Só é permitido circular para comprar remédios, ser atendido em unidades de saúde, levar animais ao veterinário, embarcar ou desembarcar na rodoviária e entrar no município ou sair dele.

Transporte coletivo, ensino presencial, serviços públicos e comércio estão fechados. Atividades como supermercados só podem atender via delivery e não podem vender bebidas alcoólicas.

E, para que as pessoas circulem, é preciso que tenham RG, CPF e comprovante de endereço em mãos, notas fiscais de compra ou prescrição médica, atestado (no caso de atendimento médico), carteira de trabalho (ou documento que comprove atividade) ou algo que comprove a urgência de sair de casa.

Barreiras estão sendo instaladas em toda a cidade, que nesta quarta-feira (16) tinha as ruas praticamente vazias.

Quem segue trabalhando presencialmente e depende de carona em carros precisa portar uma declaração assinada pelo responsável da empresa para apresentar em caso de fiscalização.

Só no primeiro dia das medidas, nesta terça, foram feitas 300 abordagens pela Guarda Civil Municipal, com 121 autuações.

Outras cidades no entorno adotaram mais restrições, como Tabapuã, Itajobi, Palmares Paulista, Santa Adélia, Catiguá, Uchoa e Novo Horizonte.

Também com o objetivo de eliminar aglomerações, Serra Azul, na região de Ribeirão Preto, resolveu cercar com placas metálicas a praça central, que reunia jovens à noite.

Barretos, com 432 mortos e UTIs lotadas, fechará o comércio a partir da meia-noite de sábado (19) até o dia 28. Supermercados, restaurantes e bares só poderão atender por delivery.

“Chegamos a fechar no final de semana mais de 40 festas familiares”, disse a prefeita Paula Lemos (DEM).

Outra localidade que pode novamente decretar lockdown é Araraquara, que nesta quarta alcançou, pelo segundo dia seguido, índice de 20% de casos positivos dos testes (sintomáticos e assintomáticos). Se o índice for alcançado novamente na quinta, um decreto do prefeito Edinho Silva (PT) estabelece o fechamento das atividades econômicas e sociais.

“Portanto, a situação é grave e o estado de alerta máximo significa que a população não pode relaxar agora. É fundamental manter as medidas sanitárias, evitando aglomeração, usando máscara corretamente em espaços públicos e respeitando a restrição noturna de circulação”, diz o comitê de contingência do coronavírus de Araraquara.

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