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Sete capitais suspendem vacinação contra Covid por falta de imunizantes

Além de São Paulo, pelo menos mais seis seguem apenas com 2ª dose nesta terça (22)

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Porto Alegre , Salvador , Brasília e Ribeirão Preto

Pelo menos sete capitais brasileiras estão com a aplicação da primeira dose de vacinas contra a Covid-19 interrompidas nesta terça-feira (22) –a maioria devido à falta de imunizantes para seguir o cronograma.

São Paulo, João Pessoa, Aracaju, Florianópolis, Campo Grande e Salvador estão aplicando apenas a segunda dose. Cuiabá suspendeu outros grupos e manteve só uma reserva para lactantes.

Segundo as prefeituras de Aracaju, Florianópolis e Campo Grande, as doses acabaram devido à grande procura nos últimos dias.

Na capital paulista, a suspensão da aplicação foi anunciada depois que 300 postos registraram falta de vacinas na segunda-feira.

Segundo a coluna Mônica Bergamo, o governo de São Paulo se comprometeu a enviar nesta terça (22) para a capital 186 mil doses da vacina Coronavac para a primeira dose e 30 mil da vacina de Oxford/AstraZeneca para a aplicação da segunda dose na cidade. Com isso, a expectativa era retomar a vacinação na quarta.

Em João Pessoa, o calendário desta terça prevê apenas a aplicação da segunda dose das vacinas Coronavac e AstraZeneca. A previsão é que mais vacinas cheguem nesta quarta, segundo a prefeitura.

A Prefeitura de Aracaju afirma que a procura pela vacina no fim de semana foi maior do que a prevista e, por isso, precisou suspender a aplicaçãp da primeira dose. A capital de Sergipe parou a campanha na faixa etária de 40 anos ou mais para pessoas sem comorbidades e espera novos lotes para avançar para o público de 39 e 38 anos.

Em Florianópolis, a prefeitura diz que esgotou as 8.500 vacinas recebidas para a primeira dose em dois dias e que reserva 150 doses em estoque para lactantes, gestantes e puérperas (mulheres até 45 dias depois do parto).

A vacinação na capital catarinense está voltada para a segunda dose de pessoas de 67 anos ou mais e também daquelas que perderam o prazo inicial. A aplicação da primeira dose estacionou na faixa etária de 50 anos ou mais.

No Centro-Oeste, Cuiabá suspendeu a imunização de outros grupos e manteve apenas uma reserva de Coronavac para a vacinação de lactantes. Por isso, nesta quarta-feira (23) terá apenas um polo aberto para a vacinação de primeira dose.

A Secretaria da Saúde da capital mato-grossense informou que o total de doses disponíveis não chega a 2.000. A imunização parou no grupo de pessoas com 50 anos ou mais. Há doses de outros imunizantes para a aplicação de segunda dose.

Campo Grande também segue a vacinação apenas com a segunda dose dos imunizantes Coronavac e AstraZeneca. A capital de Mato Grosso do Sul diz que a suspensão nesta terça foi uma medida excepcional para vacinar as pessoas que estão aguardando a segunda dose ou que estão com a aplicação dela atrasada.

A previsão da prefeitura era de que a aplicação da primeira dose fosse retomada na quarta-feira, mas uma reunião da câmara técnica na manhã desta terça definiu que o estoque deve continuar sendo direcionado para a segunda dose até a chegada de novos lotes, ainda sem previsão. Entre a última sexta e o domingo, Campo Grande recebeu 56 mil doses de Coronavac, Pfizer e AstraZeneca.

Salvador também anunciou a suspensão da aplicação de vacinas nesta terça-feira (22) por falta de doses em estoque. A expectativa é que a imunização seja retomada apenas na sexta-feira (25) após a chegada de novos lotes.

O secretário de Saúde de Salvador, Leonardo Prates, disse que a falta de vacinas é resultado de uma conjunção de fatores que inclui a chegada de menos doses nas últimas semanas, o atraso na chegada de novos lotes e a eficiência na aplicação —a capital baiana já aplicou 96% do 1,4 milhão de vacinas recebidas, o melhor desempenho entre as capitais.

Ele defende que os critérios de distribuição das vacinas do Ministério da Saúde sejam modificados e levem em conta apenas a proporção da população acima de 18 anos das cidades. O critério atual leva em conta outros fatores como a quantidade de pessoas que fazem parte de grupos prioritários.

“Para haver equidade, o ideal é que que a distribuição seja proporcional apenas à população com mais de 18 anos da cidade”, afirma Prates.

Em Porto Alegre, alguns dos principais postos de vacinação também não tinham vacinas para a primeira dose na tarde de terça. Segundo a prefeitura, há dificuldade de repor os estoques, e o cenário para quarta será avaliado no fim do dia.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, Salvador é a terceira capital que menos recebeu doses da vacina proporcionalmente à sua população, perdendo apenas para Maceió e Palmas.​

Questionado sobre a suspensão temporária da aplicação de doses em diferentes capitais, o Ministério da Saúde diz que a responsabilidade pela distribuição das vacinas aos municípios é das gestões estaduais e que a previsão é de envio de mais doses nesta semana.

Entre as próximas remessas a serem repassadas estão doses da vacina da Pfizer. O quantitativo deve ser definido após reunião em conjunto com estados e municípios, informa a pasta, em nota.

O ministério diz ainda que depende de entregas dos fabricantes para realizar a distribuição aos estados. Até o momento, aponta, já foram distribuídas cerca de 123 milhões de doses de vacinas Covid-19.

O cenário mundial é de escassez de vacinas devido à alta demanda e uma produção que não está sendo capaz de responder a ela, segundo Elize Massard da Fonseca, professora da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e especialista em gestão pública.

Em sua opinião, a questão logística da distribuição de vacinas já é algo bem resolvido no país, graças ao PNI (Programa Nacional de Imunizações), um programa sólido. O problema do cenário brasileiro, diz ela, está no acesso às vacinas e na definição de quem são os grupos prioritários.

"Se não chega a vacina, não tem como distribuir. A gente fica à mercê do que o Ministério da Saúde tem capacidade de comprar e entregar neste momento, dadas as escolhas que foram feitas no ano passado", afirma Massard.

"Nós mudamos o Plano Nacional de Imunização quatro vezes, ampliamos a população prioritária. Na ausência da coordenação federal, os estados também ganharam a prerrogativa de definir quem é prioritário."

Ela afirma que, no Brasil, não foram seguidos necessariamente critérios epidemiológicos ou morais sobre quem seriam as populações mais vulneráveis e que grupos bem organizados, que têm voz política e influência, conseguiram entrar na fila de prioridades.

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