Descrição de chapéu Coronavírus

'É feio mentir', diz Doria sobre Queiroga não ter entregado doses restantes da Pfizer a SP

Governador cobra de ministro da Saúde o envio de 228 mil doses restantes do imunizante ao estado

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Gonçalves (MG)

O governador João Doria (PSDB) afirmou, em coletiva à imprensa nesta quarta-feira (11), que o estado de São Paulo ainda não recebeu do ministério da Saúde as 228 mil doses da Pfizer que estavam reservadas aos 645 municípios paulistas.

Na última semana, o governo Doria acusou a pasta do governo federal chefiada pelo ministro Marcelo Queiroga de ter enviado apenas metade das 556 mil doses combinadas ao estado de São Paulo.

A repartição das doses entre os estados segue o critério da proporcionalidade de população. Como São Paulo detém 23% dos brasileiros entre os 26 estados e o Distrito Federal, as remessas de vacina, até então, respeitavam essa regra estabelecida pelo PNI (Programa Nacional de Imunização).

O problema só aprofundou o acirramento político entre Doria, cotado para disputar as eleições presidenciais em 2022, e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Aos jornalistas, Doria colocou em xeque nesta quarta o compromisso verbal feito por Queiroga sobre o envio das doses faltantes ao estado. “Eu aprendi com o meu pai que é feio mentir, que é feio prometer e não cumprir”, disse Doria sobre Queiroga. “Ou o ministro não tem palavra ou a sua palavra não vale no ministério da Saúde”.

Apesar de ainda não ter em mãos as 228 mil doses restantes, o plano paulista de imunização contra a Covid-19 manteve o calendário de vacinação de jovens e adolescentes no estado.

A Pfizer é o único imunizante que possui, no momento, autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para ser aplicado em crianças e adolescentes —a eficácia de Coronavac e Janssen para esse público também está sob análise da agência.

“Estamos otimizando todas as grades e cumpriremos o calendário de vacinação para os adolescentes”, disse Regiane de Paula, coordenadora do Plano Estadual de Imunização. “Mas o ministério da Saúde deve ao estado 228 mil doses da vacina da Pfizer. Cada vacina importa.”

Até a próxima segunda-feira (16), pessoas entre 18 e 24 anos continuarão a receber uma das doses disponíveis contra o coronavírus no estado. A partir do dia 18, terão a mesma chance os adolescentes entre 16 e 17 anos com alguma comorbidade e/ou deficiência, além de gestantes e puérperas.

No dia 30 deste mês, quem tem entre 15 e 17 anos será vacinado com ao menos uma dose; e a partir de 6 de setembro, a população entre 12 e 14 anos.

Ainda segundo Doria, todos os esforços realizados para não judicializar a questão não obtiveram sucesso. “Conversamos duas vezes com ele [ministro da Saúde] ao telefone para evitar a judicialização e encaminhar as doses que cabem a São Paulo com juízo e respeito, mas isso não foi cumprido”.

Desde a semana passada, o Ministério Público Federal de São Paulo apura o que pode ter ocasionado o problema.

Após as primeiras críticas de Doria, o ministro da saúde Marcelo Queiroga disse no último domingo (8) que houve divergência de cálculo de doses entre a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo e o Ministério da Saúde e que a situação seria resolvida.

O ministério da Saúde afirmou, por nota, que entregou 241.020 doses da Pfizer nesta terça (10) ao estado de São Paulo. "As 50 mil doses extras estão contempladas nesta distribuição."

A pasta da Saúde deve enviar lotes extras nos próximos dias para completar as 228 mil doses da Pfizer que Doria diz terem sido subtraídas indevidamente do estado. O ministério não comentou as declarações do governador de São Paulo sobre o ministro Marcelo Queiroga.

IMUNIZAÇÃO RECORDE

Doria divulgou também que o estado de São Paulo atingiu, nesta terça-feira (11), o maior número de pessoas com ao menos uma dose da vacina contra o coronavírus em um único dia.

O número de doses chegou a 640.500. O recorde anterior havia sido obtido em 21 de julho, quando 619 mil vacinas foram aplicadas na população paulista.

Ao todo, 41 milhões de doses foram usadas no estado, o que permitiram alcançar 86% da população adulta com ao menos uma dose e completar o esquema vacinal para outros 26% dos moradores.

O avanço da vacinação, segundo o governo Doria, também vem se refletindo na redução de casos (-8,1%) , internações (-8%) e óbitos (-5,9%) por Covid-19 no estado.

A taxa de ocupação de UTIs no estado também atingiu 45,57% e, na Grande São Paulo, 42,79% —índices inferiores a maio do ano passado, dois meses depois de a Covid-19 ganhar status de pandemia.

Mas a secretaria de Saúde vem monitorando com atenção a subida repentina de pacientes infectados pelo coronavírus nas enfermarias que, nas últimas 24 horas, saltou de 4.406 pessoas para 4.458.

A propagação da variante delta, a responsável por desestabilizar planos de retomada da economia em várias partes do mundo, também continua no radar das autoridades sanitárias paulistas.

João Gabbardo, coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus, disse que “não é a presença da variante delta que altera o combate à Covid-19, mas a sua repercussão nas transmissões”.

Para Gabbardo, os indicadores sobre a delta, até o momento, apontam pela manutenção da autorização dada, por exemplo, aos eventos sociais respeitando o distanciamento e o uso de máscaras pelo público.

O coordenador reforçou na coletiva aos jornalistas que São Paulo não deve retroceder em seu plano de retomada da economia porque a vacinação da população prioritária está avançada e não há mais “nenhuma pessoa com mais de 60 anos com ou sem comorbidades sem o esquema vacinal completo.”

Gabbardo também disse que o estado “vai continuar monitorando a presença da delta”.

Em outra frente, o governo Doria também divulgou nesta quarta a ampliação da abrangência do plano estadual de telemedicina, que vai disponibilizar consultas e exames online de 14 especialidades, na primeira fase, em 14 hospitais das cidades de São Paulo, Osasco, Guarulhos e Vale do Ribeira.

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