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Procon pede explicações a planos de saúde sobre colocação de DIU em mulheres casadas

Órgão notificou empresas para informarem se adotam a prática, que considera abusiva

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São Paulo

O Procon-SP pediu explicação de planos de saúde sobre a prática de exigir autorização do marido para a colocação do DIU em mulheres casadas.

A existência de planos de saúde exigindo o consentimento do marido para a inserção do contraceptivo foi revelada pela Folha na última terça-feira (3).

Três cooperativas da Unimed em São Paulo e em Minas Gerais estavam condicionando o consentimento do cônjuge para a realização do procedimento. Ao todo, mais de 50 municípios são atendidos pelos planos nos dois estados.

As empresas notificadas pelo Procon foram Amil, Bradesco Saúde, Central Nacional Unimed, Notre Dame, Omint, Porto Seguro Saúde, Qsaúde, Sompo Saúde, Sul América, Unimed Seguros e Vison Med (Golden Cross), que não são citadas na reportagem da Folha.

O objetivo é que elas expliquem ao órgão de defesa do consumidor se adotam a prática, que o órgão considerou "abusiva e descabida".

DIU
Planos de saúde em São Paulo e em Minas Gerais estavam exigindo o consentimento do cônjuge para a inserção do DIU - Unsplash

"Algumas seguradoras estão exigindo consentimento do marido para reembolsar inserção do DIU em mulheres casadas. A prática é abusiva, ilegal, descabida e afrontosa à condição e dignidade da mulher. Nós estamos notificando essas empresas para saber quais fazem essa imposição absurda", disse Fernando Capez, diretor-executivo do Procon-SP, em nota.

O órgão deu 72 horas para que os planos de saúde expliquem qual procedimento adotam, se oferecem cobertura para métodos contraceptivos transitórios ou reversíveis e procedimentos de esterilização feminina e masculina, além de detalhar as condições e exigências que são impostas aos beneficiários do plano, indicando quais os fundamentos legais para os critérios estabelecidos.

A Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde) também emitiu um posicionamento, afirmando que a exigência é ilegal e repudiando a prática. O órgão afirma ter realizado um levantamento entre suas operadoras associadas e não ter encontrado nenhuma empresa que faça a exigência.

"A Abramge orienta as operadoras associadas a seguirem sempre as normas da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e lembra que a colocação de DIU está incluída no rol de procedimentos e eventos em saúde, portanto, tem cobertura obrigatória dos planos de saúde", declara em nota.

A ANS, por meio do presidente da agência, Paulo Rebello, recebeu também um ofício assinado pelo deputado federal e ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT-SP) pedindo a abertura de uma investigação dos planos de saúde citados na reportagem.

As operadoras notificadas responderam que não pedem o consentimento do cônjuge para autorizarem o procedimento. As consumidoras que passarem por esta situação podem denunciar ao Procon-SP, que irá punir a prática. As denúncias podem ser feitas pelo site ou aplicativo do órgão.

“A negativa das empresas não coloca fim à questão. A consumidora que passou por essa situação constrangedora deve registrar sua denúncia no nosso site. Vamos multar e punir severamente esse tipo de atitude", completa Capez, em nota.

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