Descrição de chapéu Coronavírus

Proteção de vacina da Pfizer e da AstraZeneca cai depois de 6 meses, mostra estudo

Efetividade inicial é de 88% e 77%; depois de até 180 dias, as taxas diminuem para 74% e 67%

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William Schomberg Ludwig Burger
Londres | Reuters

A proteção que pessoas que tomaram as duas doses das vacinas da Pfizer e da AstraZeneca recebem contra a Covid-19 diminui seis meses após a aplicação do imunizante, de acordo com pesquisadores do Reino Unido.

A descoberta reforça a necessidade de aplicação de doses de reforço na população, indicam os autores do estudo.

Ampola das vacinas Pfizer-BioNTech e AstraZeneca
Ampola das vacinas Pfizer-BioNTech e AstraZeneca, ambas utilizadas no combate ao coronavírus - Dado Ruvic - 19.mar.2021/Reuters

Segundo o levantamento, a efetividade da vacina da Pfizer para prevenir o contágio pelo coronavírus chega a 88% no mês seguinte à aplicação da segunda dose, mas cai para 74% depois de um período que varia entre cinco e seis meses.

No caso do imunizante da AstraZeneca, a efetividade cai de 77% para 67% depois de um período entre quatro e cinco meses.

A descoberta foi feita a partir de uma análise dos dados usados no estudo Zoe Covid, que recolheu através de um aplicativo informações de saúde de mais de 1 milhão de pessoas.

Para chegar a esse resultado, os pesquisadores compararam o número de contágios declarados pelos usuários do app que tinham tomado todas as doses dos dois imunizantes em questão com um grupo de controle formado por pessoas não vacinadas.

Tim Spector, fundador da Zoe e cientista responsável pelo estudo, afirmou que, no pior cenário, a proteção dada por esses dois imunizantes para idosos e profissionais de saúde pode cair abaixo dos 50% depois de um período.

“Isso coloca em foco a necessidade de agir. Não podemos sentar e esperar enquanto a proteção se deteriora lentamente, enquanto o número de contágios continua alto e a chance de infecção também”, disse ele à rede de TV BBC.

Os autores apontaram, porém, que ainda é necessário fazer novas análises sobre a eficácia das vacinas em pessoas mais jovens. Isso porque o levantamento usou basicamente apenas dados de pessoas mais velhas —a maioria de quem tomou as duas doses há mais de seis meses é de idosos.

A Zoe, empresa responsável pelos dados usados no estudo, foi fundada há três anos com o objetivo de oferecer consultoria de alimentação e nutrição personalizada.

O app criado por ela durante a pandemia, o Zoe Covid Symptom Study, é uma iniciativa sem fins lucrativos feita em colaboração com o King’s College London e bancada pelo Departamento de Saúde e Serviço Social britânico.

O Reino Unido e outros países europeus estão planejando uma campanha de reforço da vacina contra a Covid-19 ainda este ano, depois que médicos e pesquisadores começaram a indicar a necessidade de aplicar uma terceira dose nos idosos e em grupos mais vulneráveis..

O governo americano já está se preparando para fornecer a terceira dose a partir de setembro —o alvo são pessoas que tomaram as duas primeiras há mais de oito meses.

“É um lembrete de que não podemos confiar apenas nas vacinas para conter a difusão da Covid”, disse Simon Clarke, professor associado de microbiologia celular na Universidade de Reading, que não participou do estudo.

Ele pediu cautela em relação aos resultados, já que eles podem ter sido influenciados pela disparada no número geral de casos no Reino Unido em julho.

Um outro estudo que também analisou a saúde pública britânica apontou na semana passada que a proteção conferida pelas vacinas da Pfizer e da AstraZeneca contra a atual variante prevalecente do coronavírus, a delta, perde a força em três meses.

Um estudo da Universidade de Oxford constatou que 90 dias depois da aplicação da segunda dose da Pfizer ou da AstraZeneca, a eficácia na prevenção de infecções caiu para 75% e 61%, respectivamente —ante uma proteção original de 85% e 68%, registradas duas semanas depois da primeira dose.

Tradução de Paulo Migliacci

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