Descrição de chapéu RFI Coronavírus

Proteção de vacina da Janssen pode ser insuficiente contra Covid, aponta estudo francês

Casos de falha do imunizante foram detectados em pessoas com comorbidades; mais pesquisas sobre o tema estão em curso

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RFI

Depois da desconfiança com a AstraZeneca, que provoca casos raros de embolia pulmonar, chegou a vez da Janssen ser evitada pela população francesa? A pergunta passa a ser feita depois de um estudo francês revelar que a proteção da vacina contra Covid de dose única seria insuficiente.

A pesquisa foi realizada pelos centros de farmacovigilância de Lyon e Grenoble e publicada pela Agência Nacional de Segurança de Medicamentos nesta terça-feira (14).

O relatório sinaliza um "número importante de casos de falhas vacinais" do imunizante da Jonhson&Jonhson, principalmente contra a variante delta. Com os dados disponíveis até agora, não é possível confirmar a eficácia desta vacina a longo prazo.

Mulher loira aplica injeção em um braço de pele branca e camiseta branca.
Profissional de saúde aplica vacina contra Covid em um centro de imunização em Nantes, na França, nesta terça (14) - Stephane Mahe/Reuters

De 9 de julho a 26 de agosto, os dois centros de farmacovigilância franceses foram encarregados de acompanhar os efeitos colaterais da Janssen.

Os dados coletados detalham o papel que o imunizante teve, ou não, no aparecimento de diversos sintomas, mais ou menos graves, como tromboses, paralisia facial, AVC e convulsões, entre outros.

Sobre esse ponto, o balanço é positivo. "Esses efeitos colaterais são isolados, não indicam um papel determinante da vacina antiCovid e, até agora, não há nenhuma relação direta entre a Janssen e casos de óbitos registrados no país", aponta o documento.

Mas, diante do elevado número de pessoas que tomaram a vacina de dose única e foram posteriormente internadas em UTIs com a Covid-19, a agência francesa assinala um risco potencial de falhas no imunizante.

O relatório ressalta que esses pacientes sofrem ou sofriam de comorbidades graves. Eles foram hospitalizados mais de 21 dias depois de terem sido vacinados. Novas investigações estão em curso.

A grande proporção de pessoas que receberam a Janssen e, mesmo assim, contraíram o coronavírus e necessitaram de cuidados intensivos é alarmante.

Em Marselha, entre os sete pacientes completamente vacinados que foram admitidos no serviço de reanimação no período de realização da pesquisa, quatro receberam o imunizante da Johnson & Johnson. Em Tours, essa proporção foi de três pacientes em seis internados.

Até o final de agosto, um milhão de doses da vacina da Janssen tinham sido administrados na França. Entre as pessoas que receberam a injeção única, 32 casos de Covid-19 foram registrados, o que representa uma taxa de 3,78 em 100.000.

Dentre esses contaminados, 29 desenvolveram casos graves da doença, sendo que quatro morreram. As vítimas tinham de 73 a 87 anos de idade.

As autoridades de saúde desconhecem a variante responsável pelas contaminações em cerca de metade dos casos, mas nos 17 casos conhecidos, todos foram provocados pela variante delta.

A Janssen oferece a vantagem de ter uma única dose, mas, desde o final de agosto, a Alta Autoridade de Saúde da França tem recomendado que as pessoas vacinadas com o produto da Johnson & Johnson recebam uma segunda dose de um imunizante à base de RNA mensageiro, ou seja, da Pfizer ou Moderna. A recomendação foi acatada pelo Ministério da Saúde francês.

O infectologista Benjamin Davido, ouvido pelo jornal Le Parisien, considera que o caso da Janssen não tem nada de excepcional.

"Não existe nenhuma vacina ou tratamento milagroso que traga uma imunidade a longo prazo diante de resfriados ou de contaminações pela família de coronavírus", lembra o especialista.

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