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Dez estados enfrentam problema para registrar casos de Covid em sistema do Ministério da Saúde

Dificuldade começou há três semanas, após mudança no sistema usado pela pasta

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São Paulo

Ao menos 10 estados continuam com problemas para contabilizar os casos de Covid-19 em razão de uma atualização no sistema do Ministério da Saúde feita há três semanas. Isso levou a um represamento dos dados e pode prejudicar o monitoramento da pandemia.

Sem acesso aos números corretos de infectados, estados têm menos condições de avaliar a situação. Além disso, a questão atrapalha a formulação de políticas públicas, seja para a reabertura, seja para a contenção da doença.

A maioria dos problemas aconteceram entre os dias 11 e 23 de setembro, afetando ao menos 15 estados. Desses, 10 ainda tentam se adaptar às mudanças feitas pelo ministério e normalizar a situação. É o caso de Paraná, Bahia, Pará e Ceará, por exemplo.

Homem faz teste de Covid no interior de São Paulo - Rubens Cardia-24.jun.21/Folhapress

As alterações não afetaram a contabilidade de mortes e internações, apenas a de casos. Em nota, o Ministério da Saúde disse que o sistema e-SUS está estável, negou problemas no sistema e afirmou que não recebeu relato de nenhuma ocorrência.

O levantamento junto às secretarias estaduais de saúde foi feito pelo consórcio de veículos de imprensa, formado por Folha, UOL, O Globo, G1, O Estado de São Paulo e Extra. Amapá, Mato Grosso do Sul, Sergipe e Alagoas não responderam aos questionamentos enviados.

Segundo as secretarias estaduais, uma atualização na API (ferramenta que permite a troca entre sistemas e compartilhamento de informações) do ministério causou interrupções e lentidão no fluxo de dados, gerou problemas com os sistemas próprios das pastas e, em alguns casos, impossibilitou a divulgação do balanço diário com os números da doença.

No Ceará, as mudanças bagunçaram os dados de tal maneira que mais de 12 mil casos foram excluídos da contabilidade. Do dia 20 ao dia 26, a média móvel de novos registros ficou negativa. Também houve balanços com números parciais em oito dias, e consequente, divulgação de acumulados.

Já em Santa Catarina houve problemas na contagem de casos ativos, prejudicando, assim, a visualização em tempo real pelas autoridades de saúde da situação da pandemia no estado.

No Rio de Janeiro, a atualização fez com que o balanço diário de casos e mortes não fosse divulgado ou fosse publicado com atraso em três dias de setembro.

Além disso, 92 mil casos, que antes não apareciam no sistema, foram computados de uma só vez no balanço do dia 18. Com isso, o Brasil bateu um falso recorde de novos casos naquela data, com 125 mil novos registros.

A secretaria estadual informou, contudo, que não se tratavam de casos registrados nas últimas 24 horas, mas de registros antigos que não apareciam no sistema —praticamente a metade deles era de 2020, inclusive.

A secretaria também afirmou que isso não prejudicou a avaliação do cenário epidemiológico, uma vez que se baseia na data do início de sintomas de cada paciente para fazer o monitoramento da situação atual da Covid no estado.

Mesmo quando as secretarias conseguem se pautar por outros parâmetros e minimizar o problema, a inconstância nos dados prejudica a percepção da população sobre a doença e o acompanhamento da epidemia por pesquisadores e pela imprensa.

O caso do Rio de Janeiro, por exemplo, provocou alterações no monitor da aceleração da Folha, que mede o crescimento da pandemia em cidades grandes e nos estados do país.

A ferramenta é calibrada para suavizar inconstâncias rotineiras nos dados, como o represamento nos números no fim de semana e consequente divulgação dos totais represados nas segundas ou terças-feiras. Também suporta sem maior impacto a não divulgação do balanço diário em uma ou outra data, o que ocorre de forma esporádica.

Contudo, a inclusão de 92 mil casos (valor próximo ao que o estado registrou em todo o mês de agosto) em um único dia e a não divulgação ou o atraso do balanço em outros três fez com que o monitor interpretasse o cenário como de crescimento acelerado de novos casos.

Antes das alterações no sistema do ministério, o estado se encontrava na fase desacelerada, em que há diminuição no número de novos casos.

Embora o Rio tenha passado recentemente por uma alta de casos, é difícil mensurar a real situação neste momento, e serão necessários alguns dias até que os números se regularizem.

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