Descrição de chapéu Coronavírus

Anvisa recebe pedido da Pfizer para vacinar crianças de 5 a 11 anos

Agência afirma que fará análise em até 30 dias; diretores da agência já receberam ameaças por discussão sobre imunização de crianças

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Brasília

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) recebeu nesta sexta-feira (12) o pedido da Pfizer para permitir o uso da vacina contra a Covid em crianças de 5 a 11 anos.

Em nota, a agência informou que irá avaliar o pedido em até 30 dias. "A análise técnica feita pela Anvisa será feita de forma rigorosa e com toda a cautela necessária", disse o órgão.

Criança recebe vacina da Pfizer no estado americano da Virgínia depois da liberação da aplicação pelo governo dos EUA
Criança recebe vacina da Pfizer no estado americano da Virgínia depois da liberação da aplicação pelo governo dos EUA - Chip Somodevilla - 4.nov.2021/Getty Images/AFP

Como a vacina da Pfizer já é registrada pela Anvisa, a inclusão da indicação de uso para este grupo não precisa ser votada pela diretoria colegiada. A mudança, se for aprovada, é apenas publicada no Diário Oficial da União.

O pedido da Pfizer é para uso de dosagem menor do imunizante nas crianças. "Dessa forma, a proposta é ter frascos diferentes, com dosagem específica para cada grupo (maiores ou menores de 12 anos). Segundo a empresa, os frascos serão diferenciados pela cor", disse a Anvisa.

Ainda não há autorização no Brasil do uso de vacinas para Covid-19 em crianças. Apenas o modelo da Pfizer pode ser aplicado no grupo de 12 a 18 anos.

Os Estados Unidos autorizaram no último dia 2 o uso do imunizante da Pfizer em pessoas com idade entre 5 e 11 anos.

O Ministério da Saúde planeja vacinar as crianças em 2022, caso a Anvisa aprove o uso do fármaco neste grupo. A previsão é de que 70 milhões de doses seriam aplicadas nos mais jovens.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) distorce dados sobre a eficácia e a segurança das vacinas e faz campanha contrária a vacinação dos mais jovens. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, chegou a propor impedir a imunização de adolescentes, mas recuou após forte repercussão negativa.

Os diretores da Anvisa receberam ameaças de morte de pessoas contrárias à vacinação das crianças. A agência pediu proteção policial a dirigentes e servidores.

O Instituto Butantan também afirma que vai entrar com um novo pedido na Anvisa para a aprovação do uso da Coronavac em crianças e adolescentes entre 3 e 17 anos. Em agosto a agência rejeitou o primeiro pedido do laboratório paulista.

A vacina da Pfizer contra a Covid tem uma eficácia maior que 90% na prevenção das formas sintomáticas da doença em crianças de entre 5 e 11 anos, segundo o laboratório.

Este modelo de imunizante ganhou registro definitivo da Anvisa em 23 de fevereiro. Em março, a agência sanitária concedeu o mesmo tipo de aval para a vacina da AstraZeneca, distribuída no Brasil pela Fiocruz.

Já os imunizantes da Janssen e a Coronavac, desenvolvida pela chinesa Sinovac e entregue pelo Butantan, têm autorização de uso emergencial.

O governo Bolsonaro resistiu em comprar a vacina da Pfizer. Como mostrou a Folha, documentos entregues à CPI da Covid mostram que o Ministério da Economia e o Planalto travaram mudanças na legislação, no fim de 2020, que poderiam ter acelerado a negociação com a empresa.

Bolsonaro afirmava que era abusivo a farmacêutica exigir que o governo assumisse responsabilidades por eventuais efeitos adversos do uso do imunizante. "Se você virar um jacaré, é problema seu", disse o presidente em dezembro passado.

A vacina, agora, é a mais distribuída no Brasil, com 132,8 milhões de doses. Em seguida, o imunizante da AstraZeneca (118,1 milhões), a Coronavac (100,9 milhões) e a dose da Janssen (4,8 milhões).

Apesar das falas de Bolsonaro, o Ministério da Saúde aposta nesta vacina para 2022. A ideia é garantir de 100 milhões a 150 milhões de doses para a campanha do próximo ano.

A Anvisa também tem reagido às declarações negacionistas de Bolsonaro sobre as vacinas. No fim de outubro, o presidente da agência, Antonio Barra Torres, disse que os produtos "não induzem a nenhuma doença". Ele fazia referência a falsa associação feita pelo mandatário entre o imunizante contra a Covid-19 e a Aids.

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