Descrição de chapéu Coronavírus

Fármacos para Covid grave continuam eficazes com ômicron, diz OMS

Entidade diz que estudos dirão se variante exige adaptação em outros tratamentos usados hoje

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Bruxelas e São Paulo

O uso de remédios para pacientes com Covid grave e insuficiência respiratória —como corticosteroides e bloqueadores do receptor de interleucina-6— continua eficaz para os que se infectarem com a ômicron, variante de preocupação identificada na semana passada, afirmou neste domingo (28) a OMS (Organização Mundial da Saúde).

"Outros tratamentos serão avaliados para ver se ainda são tão eficazes, dadas as alterações em partes do vírus na variante ômicron", disse a entidade, em comunicado.

Dois médicos todos cobertos de branco, um de cada lado da maca, aplicam tubos nas vias respiratórias de um paciente deitado, de touca verde
Médicos tratam paciente com covid grave em UTI do hospital de Istambul - Murad Sezer - 25.nov.2021/Reuters

Entre os remédios que estão sendo objeto de mais estudos estão os anticorpos monoclonais (moléculas produzidas artificialmente a partir de clones de uma única célula, que ajudam a neutralizar o vírus), justamente porque eles levam em conta a estrutura genética do patógeno, e a ômicron apresenta um número grande de mutações.

Os medicamentos que mantêm sua eficácia são usados para reduzir a inflamação provocada pelo coronavírus em pacientes graves —caso do corticosteroide dexametasona e dos bloqueadores tocilizumabe e sarilumabe.

Segundo a OMS, estudos mostram que eles ajudam a salvar vidas de doentes internados em UTI com insuficiência respiratória, especialmente quando usados em conjunto.

Os corticosteroides foram recomendados pela OMS em setembro de 2020 e os bloqueadores, em abril deste ano.

No comunicado divulgado hoje, a OMS também chamou a atenção para a necessidade de mais recursos para vacinar os países mais pobres e de mais medidas preventivas contra o contágio, enquanto se aguardam os resultados das pesquisas sobre o comportamento da ômicron.

Em entrevista ao jornal "The Telegraph", a pesquisadora sul-africana Angelique Coetzee, uma das que identificaram a nova variante, disse que, em seus pacientes, os sintomas foram leves e que eles não perderam o olfato e o paladar. Todos eles se recuperaram bem, segundo ela.

Coetzee avisou o conselho consultivo de vacinas da África do Sul em 18 de novembro sobre a suspeita de circulação de uma nova cepa quando cuidou de uma família de quatro pessoas, todas apresentando fadiga intensa após o teste positivo para o novo coronavírus. Ela também cita o caso de uma criança de seis anos que teve febre e batimentos cardíacos muito altos.

A OMS, no entanto, reforçou em seu comunicado que, até o momento, não há informação que sugira que os sintomas associados à ômicron sejam diferentes daqueles observados em outras variantes.

Segundo a entidade, os relatos iniciais da infecção aconteceram entre pessoas jovens que, em geral, tendem a apresentar formas mais leves da Covid.

A OMS informou ainda que o entendimento sobre os níveis de severidade da ômicron ainda vai levar dias ou semanas e que todas as variantes que já circulam pelo mundo podem causar formas graves da doença, especialmente entre as pessoas mais vulneráveis.

Veja quais as questões que os cientistas estão tentando responder e que indícios há até agora, segundo a entidade:

Qual o risco da ômicron?

A variante, classificada como B.1.1.529, foi considerada "de preocupação" pelo Grupo Consultivo Técnico sobre Evolução do Vírus (TAG-VE) da OMS por causa das várias mutações que podem ter um impacto na forma como se comporta, por exemplo, na facilidade com que se espalha ou na gravidade da doença que causa.

É mais transmissível?

Ainda não está claro. O número de pessoas com testes positivos cresceu em áreas do sul da África afetadas por essa variante, mas estudos epidemiológicos estão em andamento para entender se é por causa da ômicron ou de outros fatores

Provoca doenças mais graves?

Ainda não se sabe. Dados preliminares sugerem que há taxas crescentes de internação na África do Sul, mas isso pode ser devido ao aumento do número global de pessoas infectadas.
Não há até agora evidências de que os sintomas associados ômicron sejam diferentes dos de outras variantes.

As infecções iniciais foram em indivíduos mais jovens, que tendem a ter doenças mais leves.

Segundo a OMS, entender o nível de gravidade da variante ômicron pode levar semanas. A entidade ressalta que todas as variedades já conhecidas podem causar doenças graves e mortes, e prevenção é fundamental.

Quem já teve covid pode se reinfectar?

Há sinais de que sim. Segundo a OMS, "evidências preliminares sugerem que pessoas que já tiveram covid podem se reinfectar mais facilmente com a ômicron, em comapração com outras variantes de preocupação", como a delta.

Mais informações devem estar disponíveis nas próximas semanas, diz a entidade.

A eficácia das vacinas é menor?

Existe esse risco, por causa das muitas mutações da ômicron, principalmente na estrutura do vírus (a proteína S) que serve de base para os atuais imunizantes.

A OMS ressalta que vacinas continuam sendo fundamentais para a redução de doenças graves e mortes, inclusive contra o vírus que atualmente ainda prevalece no mundo, a variante delta.

Os testes atuais detectam a ômicron?

Os exames PCR continuam detectando a variante. Estudos estão em andamento para determinar se há algum impacto em outros tipos de testes, como os testes rápidos de detecção de antígenos.

O que a OMS recomenda aos governos?

Para todas as variantes de preocupação, a entidade recomenda o aumento da vigilância e sequenciamento dos casos e a manutenção de medidas de saúde pública para reduzir a circulação do coronavírus.

Também sugere que os países aumentem a capacidade de seus sistemas de saúde pública e médica para gerenciar um eventual aumento de casos.

O que a OMS recomenda para as pessoas?

Além de vacinação completa e de reforço quando oferecido, os passos mais eficazes, segundo a entidade, são manter distância física de pelo menos 1 metro de outros, usar máscara adequada, evitar contaminação ao manusear a máscara, manter recintos bem ventilados, evitar lugares fechados ou lotados, manter as mãos limpas, tossir ou espirrar na parte interna no cotovelo para evitar contaminação das mãos.

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