Descrição de chapéu Coronavírus

Ômicron é nome da nova variante identificada na África do Sul

OMS vê risco de maior contágio e classificou mutante como 'de preocupação'; cientistas trabalham 24 horas por dia para entender seu impacto

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Bruxelas

A OMS (Organização Mundial da Saúde) batizou como ômicron a nova variante do Sars-Cov-2 –causador da Covid– sequenciada pela primeira vez na África do Sul.

O nome foi dado nesta sexta-feira (26), em reunião na qual o grupo técnico independente (TAG-VE) que assessora a OMS classificou a variante como "de preocupação": "A evidência preliminar sugere um risco aumentado de reinfecção com esta variante, em comparação com outros mutantes de preocupação".

Homem negro de camiseta branca passa ao lado de cabeças de manequim, uma delas de máscara
Morador de Soweto, na África do Sul, passa ao lado de manequins, um dia depois de o governo sul-africano comunicar o sequenciamento da variante ômicron - Siphiwe Sibeko/Reuters

Na quinta, a entidade havia alertado que serão necessárias "algumas semanas" para entender os efeitos das muitas mutações da ômicron sobre o contágio, a gravidade da doença ou a eficácia da vacina.

Cientistas da África do Sul e do Reino Unido disseram estar trabalhando "24 horas por dia" para destrinchar o novo mutante, e fabricantes de imunizantes também começaram a se preparar para adaptar seus fármacos à ômicron, se necessário.

Os temores de que a nova variante seja ainda mais transmissível que a delta, mas não tão suscetível às vacinas já disponíveis, fez governos no mundo todo suspenderem voos vindos do sul da África e impondo quaretenas a quem chega de países em que ela foi detectada,como Israel e Bélgica, além dos africanos.

Os nomes derivados do alfabeto grego fazem parte do sistema de nomenclatura utilizado pela OMS para identificar novas mutações —entre outros objetivos, como o de evitar as siglas técnicas, está o de evitar que países fiquem estigmatizados por terem feito o sequenciamento.

Até virar ômicron, o novo mutante vinha sendo chamado pela sigla técnica B.1.1.529, que designa sua posição num sistema de linhagens do coronavírus.

Ao escolher a 15ª letra do alfabeto grego, a OMS pulou a 13ª e a 14ª, respectivamente nu e xi. No caso da nu, o problema é que sua pronúncia, "niu", poderia ser confundida com a palavra "nova" em inglês ""new". Já xi é um nome próprio comum na China, inclusive no sobrenome do atual presidente, Xi Jinping

A OMS e os cientistas acompanham variantes que possam, potencialmente, infectar humanos com mais facilidade ou escapar da proteção oferecida pelas vacinas.

Em geral, quando um novo mutante tem alterações genéticas que são conhecidas por afetar as características do vírus ou há esse potencial, a variante é chamada "de interesse" e a vigilância sobre ela é intensificada —é o caso da mu, identificada na Colômbia.

Se, após a comparação com outros mutantes, ela mostra ter efeitos de impacto na saúde global, passam a ser "de preocupação" —como a alfa, a beta, a gama e a delta.

Entre as características de uma variante de preocupação estão o aumento da transmissibilidade ou alteração prejudicial na epidemiologia da Covid, o aumento da virulência ou mudança na apresentação clínica da doença ou a diminuição da eficácia da saúde pública e medidas sociais ou diagnósticos, vacinas e terapêuticas disponíveis.

No relatório da reunião desta tarde, o TAG-VE afirmou que, "nas últimas semanas, as infecções aumentaram abruptamente, coincidindo com a detecção da variante B.1.1.529 [agora chamada de ômicron]". De acordo com o grupo, o número de casos dessa variante parece estar aumentando em quase todas as províncias da África do Sul.

"Vários laboratórios indicaram que, para um teste de PCR amplamente usado, um dos três genes-alvo não é detectado (chamado de perda do gene S ou falha do gene S) e este teste pode, portanto, ser usado como marcador para esta variante, enquanto a confirmação do sequenciamento é pendente. Usando essa abordagem, essa variante foi detectada em taxas mais rápidas do que picos anteriores de infecção, sugerindo que essa variante pode ter uma vantagem de crescimento —o que indica que ela pode causar mais danos que a versão original do coronavírus."

Durante todo o dia, conforme as Bolsas de Valores caíam, os aeroportos fechavam e as restrições subiam, cientistas alertavam para a necessidade de vacinar o maior número possível de pessoas contra a Covid-19, já que grandes grupos de não vacinados permitem ao vírus circular mais livremente, o que acelera suas mutações.

Para especialistas, o esforço de vacinação precisa ser intensificado, especialmente nas populações de países pobres onde até agora poucos foram imunizados.

Além das vacnas, é preciso manter medidas de saúde pública e cuidados individuais que evitem a transmissão do patógeno, afirmam os cientistas.

Isso porque os imunizantes, embora tenham alta eficácia contra doenças graves e mortes por Covid, não impedem completamente o contágio, e a proteção oferecida se reduz com o tempo.

No relatório, o TAG-VE recomendou a todos os países que aumentem os sistemas de vigilância e sequenciamento para compreender melhor as variantes que estão circulando em seu território, e compartilhem as informações nas redes internacionais.


LIÇÕES DA QUARTA ONDA

Como evitar um novo repique de casos e mortes

1 - Medidas de saúde pública

  • Vacinar a maior parcela possível de idosos, vulneráveis e profissionais de saúde
  • Vacinar a maior parcela possível da população adulta
  • Ouvir os que recusam a vacina para entender seus motivos, dar respostas a suas dúvidas e restaurar a confiança na imunização
  • Vacinar jovens e crianças, nos países em que há imunizantes suficientes e já aprovados para essas faixas etárias
  • Dar a todos os adultos uma dose de reforço seis meses após a vacinação completa, priorizando idosos e vulneráveis
  • Manter sistema de testes, rastreamento de contatos e isolamento de casos suspeitos
  • Manter orientações claras contra aglomeração e de uso de máscara em locais fechados ou onde distanciamento não for possível
  • Divulgar informações de forma clara e transparente
  • Quando os números refluírem, retirar restrições de forma gradual, sem reduzir vigilância

2 - Medidas individuais

  • Vacinar-se completamente e tomar a dose de reforço seis meses após a vacinação completa, se disponível
  • Evitar aglomerações e locais fechados
  • Usar máscaras quando o distanciamento for impossível; o uso eficaz de máscara envolve cobrir boca e nariz e evitar contaminação ao retirá-la
  • Cobrir boca e nariz com a parte interna do cotovelo ao tossir ou espirrar, para evitar transmissão do vírus pelas mãos
  • Lavar as mãos constatemente, com sabão, durante ao menos 20 segundos
  • Testar-se se tiver sintomas e evitar contatos até receber um resultado negativo
  • Isolar-se e avisar contatos se tiver resultado positivo
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