Descrição de chapéu Coronavírus

Anvisa pede que SP reavalie redução de prazo para reforço contra Covid

Estado reduziu de 5 para 4 meses o intervalo; Doria disse que não alterará plano, apesar da recomendação da agência

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo e Nova York

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), em resposta à prefeitura de São Paulo, pede que a cidade reavalie a redução no intervalo entre a segunda dose e a dose de reforço das vacinas contra a Covid.

Na quinta-feira (2), a cidade de São Paulo havia enviado um ofício à Anvisa no qual solicitava a antecipação da dose de reforço. No mesmo dia, o governo estadual paulista anunciou a diminuição de cinco para quatro meses no intervalo para a dose de reforço.

Profissional de saúde, com máscara e roupas brancas, insere agulha em frasco com vacina
Profissional de saúde prepara dose de vacina contra a Covid-19 a ser aplicada em pessoa em situação de rua - Jardiel Carvalho/Folhapress

Seguindo a nova medida, a prefeitura de São Paulo começou já nesta sexta (3) a aplicação das doses de reforço em pessoas com mais de 18 anos que tomaram a segunda dose há pelo menos quatro meses.

Doria disse na noite deste sábado (4), em coletiva de imprensa em Nova York, que a decisão está mantida, à revelia da recomendação da Anvisa.

O governador disse que o estado vai ignorar a decisão da agência para a dose de reforço. "Em São Paulo seguimos a decisão do comitê científico da Covid-19. Não muda nada", afirmou. O Supremo Tribunal Federal decidiu, no ano passado, que prefeitos e governadores têm direito a tomar medidas contra a pandemia sem anuência do governo federal.

Após o anúncio do governo João Doria (PSDB), integrantes do Ministério da Saúde já haviam informado que a pasta não pretendia recomendar a redução do intervalo para as doses de reforço, por não haver benefícios comprovados.

A Anvisa afirma não ter recebido nem avaliado dados que "sustentem o uso seguro e generalizado de doses de reforço no intervalo de 4 (quatro) meses para todas as vacinas autorizadas e em uso no Brasil".

Na mesma linha, especialistas afirmam que não há dados que embasem a decisão do governo de São Paulo, tomada em meio aos registros dos primeiros casos da variante ômicron, potencialmente mais transmissível e com maior risco de reinfecção, em comparação a cepas anteriormente identificadas.

Os primeiros casos da nova variante no Brasil, inclusive, foram registrados em São Paulo, em pessoas vindas da África do Sul, país onde a cepa foi descoberta.

Segundo a agência, até o momento não se sabe "se os benefícios superam os riscos para o uso de reforço no intervalo de quatro meses".

Além disso, a Anvisa, em nota, também aponta a prerrogativa do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde como orientador das campanhas de vacinação no país e que se deve evitar assimetrias no acesso à imunização.

A agência afirma ainda ter recomendado ao Ministério da Saúde um novo programa para monitoramento e farmacovigilância de vacinas usadas em regimes que não constam nas bulas.

Somente a vacina da Pfizer tem em sua bula, após aprovação da Anvisa, uma dose de reforço. A aprovação é para a vacinação homóloga (aplicação em pessoas que já receberam as duas doses iniciais do imunizante da farmacêutica).

Está em curso a análise sobre inclusão de doses de reforço nas bulas das vacinas da AstraZeneca e da Janssen. O Instituto Butantan não solicitou análise sobre a aplicação de uma dose de reforço da Coronavac.

Além disso, a diretoria colegiada da Anvisa aprovou a orientação de que a dose de reforço da vacinação da Covid seja preferencialmente aplicada com modelo igual ao usado no ciclo básico nos casos da Pfizer, Janssen e AstraZeneca.

O jornalista Igor Gielow viaja a convite da InvestSP​

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.