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Hospitalizações por gripe têm alta na cidade de São Paulo

Internações por influenza já são quase 25% do total das causadas por síndrome respiratória na rede pública

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São Paulo

A cidade de São Paulo viu um aumento das hospitalizações por Srag (síndrome respiratória aguda grave) causadas pelo vírus influenza nas últimas semanas.

O número de internações com gripe já atinge 24,5% do total das causadas por síndromes gripais na rede pública, segundo os dados do Painel Covid-19 da Secretaria Municipal de Saúde para a última semana epidemiológica (de 19 a 25 de dezembro).

São 149 hospitalizações por gripe de um total de 363 casos de Srag. Na semana anterior (12 a 18 de dezembro), foram 243 casos de influenza, cerca de 22,5% do total de 973 internações.

No mesmo período, as internações por Covid-19 tiveram queda de cerca de 15% em relação à semana anterior (de 12 a 18 de dezembro): são agora 16 casos de Covid entre os 363 hospitalizados por Srag (4,4%), frente a 37 na semana anterior de um total de 973 casos (ou 3,8%).

Homem recebe vacina contra gripe na EMEF Chiquinha Rodrigues, em Campo Belo, zona sul - Rivaldo Gomes - 15.mai.21/Folhapress

Já na 49ª semana epidemiológica (de 5 a 11 de dezembro), do total de 967 hospitalizações por Srag, 143 eram por influenza (14,8%) e 56 receberam diagnóstico de Covid (ou 5,7%).

Os dados foram levantados pelo portal G1 e verificados pela Folha. Além dos casos confirmados de influenza (sem distinção do vírus do tipo H1N1 ou da nova cepa Darwin) ou Sars-CoV-2, mais de 70% das internações ainda aguardam confirmação laboratorial ou são de Srag não identificada, o que pode fazer com que esses números mudem nas próximas semanas.

Antes do início de dezembro, no entanto, as internações por Srag com diagnóstico para Covid eram maiores do que aquelas por gripe. A diferença entre as duas, embora pequena (46 contra 37) representava ainda uma maior incidência de casos de Covid-19 na capital, tendência que vinha em queda desde meados de agosto.

Com a chegada de uma nova cepa do vírus influenza, no entanto, uma epidemia de gripe atingiu a cidade de São Paulo —além de outras partes do Brasil— e reverteu esse quadro.

Na primeira quinzena de dezembro, a epidemia levou a filas de espera de até seis horas por um atendimento nos hospitais da capital.

O número de hospitalizações por gripe aumentou mais de 500% em dez dias. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, no mês de dezembro até esta terça-feira (28), foram registrados 251.589 atendimentos a pessoas com problemas respiratórios. Desses, 115.235 eram suspeitos de Covid.

Já em novembro foi registrado um total de 111.949 atendimentos de pessoas com sintomas gripais, sendo 56.220 suspeitos de Covid-19.

Segundo a Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), foi identificado um aumento na detecção de casos de Srag hospitalizado por influenza, principalmente a influenza A, a partir das últimas semanas deste ano.

Questionada sobre os casos ainda em investigação e se eles poderiam aumentar os casos de gripe ou de Covid, a secretaria informa que não há como prever seus resultados, pois são realizados por diferentes laboratórios com fluxos de trabalho próprios.

"Quando há aumento de casos, o intervalo no preenchimento das informações pode ser alterado", diz a pasta.

A Secretaria Municipal de Saúde afirma também que parte dos leitos do Hospital Municipal da Brasilândia foi destinada para o acolhimento e tratamento dos casos gripais na cidade, com o objetivo de concentrar os pacientes em uma unidade para o devido acompanhamento.

Nesta terça (28) havia 120 pacientes internados em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTIs) e 240 em leitos de enfermaria no hospital.

"Além disso, a rede municipal da saúde contratou profissionais da área e instalou tendas em unidades com maior número de atendimento para agilizar a triagem dos usuários dos serviços, a ampliação delas acontece de maneira gradual, de acordo com a demanda", diz a nota.

Em uma das unidades, a UPA Perus, na zona norte de São Paulo, teve confusão na segunda-feira após mais de 300 pacientes se irritarem com a demora pelo atendimento. Os pacientes relataram também falta de medicamentos para tratamento dos sintomas gripais, como a loratadina, indicada para coriza e sintomas alérgicos.

A epidemia de gripe provocou também uma alta procura pelo antiviral Tamiflu, que já está em falta nas grandes farmácias da capital paulista.

Em relação ao episódio na UPA Perus, a prefeitura afirma lamentar o ocorrido e diz que tem se empenhado na contratação de 280 novos profissionais para auxiliar as unidades no atendimento de quadro respiratório. Somente neste mês de dezembro, a UPA Perus realizou 16.701 atendimentos, sendo 4.988 para quadro respiratório.

Sobre a falta de medicamentos, a secretaria afirma que rotineiramente os estoques são repostos conforme programação do setor de suprimentos.

"Vale informar que a alteração de consumo ocasionada pela pandemia provocou mudanças significativas nos processos de compra (...). Com isso, todas as rotinas de compras foram adaptadas, por efetivação de novos contratos por conta do aumento de demanda ou abastecimento a curto prazo, devido à variação de preços dos insumos no mercado, prejudicando significativamente, a cadeia de abastecimento", disse a prefeitura.

VACINAÇÃO

Para tentar conter os casos de gripe na cidade de São Paulo, a prefeitura liberou, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, a vacinação contra o vírus influenza, causador da gripe, para toda a população a partir dos seis meses de idade a partir desta terça (28).

Em nota enviada na noite da última segunda (27), a prefeitura afirmou que todos aqueles que não receberam o imunizante contra a gripe em 2021 podem ser vacinados.

Na última campanha de vacinação contra gripe, encerrada em setembro, a cobertura vacinal alcançada em todo o estado de São Paulo foi de 55,5%. Na capital, até o momento, 4,5 milhões de pessoas receberam o imunizante, ou 78% do público-alvo.

A imunização contra a gripe ocorre nas 469 Unidades Básicas de Saúde (UBSs), drive-thrus, megapostos e farmácias parceiras, ou seja, nos mesmos locais onde são aplicadas doses das vacinas contra Covid.

Até então, a campanha era oferecida apenas para grupos prioritários, como os bebês e crianças de seis meses a cinco anos, os maiores de 60 anos e as grávidas, mas a adesão foi baixa. No primeiro dia da campanha, por exemplo, houve somente 6.000 aplicações.

É possível tomar a vacina da gripe junto com a da Covid-19, não precisando aguardar o intervalo de 14 dias que existia entre as duas em momentos anteriores das campanhas.

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