Descrição de chapéu Coronavírus

Novos casos de Covid se aproximam de recorde na África do Sul após ômicron

Não há sinais de que variante esteja causando sintomas mais graves, segundo cientistas

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Alexander Winning Wendell Roelf
Johannesburgo (África do Sul) | Reuters

Cientistas sul-africanos disseram, na última sexta-feira (10), que não veem sinais que de que a variante ômicron do coronavírus esteja provocando sintomas mais graves. Ao mesmo tempo, as novas infecções diárias se aproximam de um recorde histórico, e as autoridades anunciaram planos para começar a aplicar doses de reforço da vacina.

A África do Sul alertou o mundo sobre a ômicron no final do mês passado, levando ao receio generalizado de que a nova variante, contendo grande número de mutações, desencadeasse um aumento grande de infecções globais.

Dados hospitalares indicam que as internações de pacientes com Covid-19 estão aumentando fortemente em mais de metade das nove províncias da África do Sul, mas o número de mortes não vem subindo tão dramaticamente. Indicadores como o tempo médio de internação hospitalar são tranquilizadores.

Profissional de saúde prepara dose da vacina da Pfizer na África do Sul
Profissional de saúde prepara dose da vacina da Pfizer na África do Sul - Sumaya Hisham/Reuters

Os cientistas consideram que é preciso mais tempo para chegar a uma conclusão definitiva, mas o ministro da Saúde, Joe Phaahla, descreveu os sinais sobre a severidade da variante como positivos.

"Os dados preliminares sugerem que, embora a taxa de hospitalizações venha crescendo, isso está ocorrendo puramente devido ao grande número de infecções, e não por conta da gravidade da própria variante", ele disse.

Em um surto nacional nos últimos dias ligado à variante nova, cerca de 20 mil pessoas vêm contraindo Covid-19 por dia. De acordo com o Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis, 19.018 novos casos foram notificados na quinta (9) e 20 óbitos.

O número diário de casos novos ainda não alcançou o pico de mais de 26 mil casos diários notificados durante a terceira onda de Covid, movida pela variante delta.

A África do Sul já vacinou plenamente cerca de 38% de sua população adulta, mais que muitos outros países africanos, mas essa porcentagem está muito aquém da meta do governo para o final do ano. Algumas entregas recentes de vacinas foram adiadas devido ao excesso de oferta, na medida em que o ritmo de vacinação diminuiu.

O vice-diretor geral do Departamento de Saúde sul-africano, Nicholas Crisp, disse na sexta-feira que as doses de reforço da vacina Pfizer-BioNTech serão disponibilizadas para as pessoas seis meses depois de receberam sua segunda dose. As primeiras pessoas poderão começar a receber a dose de reforço no final deste mês.

As vacinas de reforço da Janssen, já disponibilizadas para profissionais de saúde participantes de uma pesquisa, começarão a ser distribuídas a outras pessoas em breve, segundo Crisp.

Ele negou que a oferta de vacinas de reforço seja uma maneira de consumir o estoque de vacinas do país. "Não precisamos consumir vacinas. Elas são caras, e só usaremos vacinas se houver evidências que justifiquem seu uso", disse.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) recomendou neste mês que as doses de reforço sejam dadas a pessoas imunocomprometidas ou que receberam uma vacina inativada para protegê-las contra o enfraquecimento de sua imunidade.

Mas a organização disse anteriormente que a oferta das doses primárias deve ser priorizada, já que em muitos países em desenvolvimento o índice de vacinação ainda é preocupantemente baixo.

Um estudo pequeno de um instituto de pesquisas sul-africano divulgado esta semana sugeriu que a ômicron pode escapar parcialmente da proteção dada por duas doses da vacina Pfizer, mas a empresa e sua sócia, BioNTech, disseram que, segundo testes laboratoriais iniciais, três doses de sua vacina podem neutralizar a variante.

Glenda Gray, presidente do Conselho Sul-Africano de Pesquisas Médicas, disse que entre os pacientes sul-africanos hospitalizados com Covid há muito mais pessoas não vacinadas do que vacinadas e que as evidências indicam que a vacina Pfizer ainda garante proteção.

"Estamos vendo que esta vacina continua eficaz. Sua eficácia pode estar ligeiramente reduzida, mas estamos vendo sua eficácia se manter entre os pacientes hospitalizados, e isso é altamente encorajador", ela disse.

Tradução de Clara Allain

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