Descrição de chapéu Folhajus maternidade

Renato Kalil é investigado por hospitais e promotoria após denúncia de violência obstétrica

Conhecido por fazer parto de celebridades, médico nega as acusações

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São Paulo

Os hospitais paulistanos São Luiz e Albert Einstein e o Ministério Público de São Paulo informaram nesta quarta-feira (15) que estão investigando as denúncias contra o médico Renato Kalil por suposta violência obstétrica.

As acusações contra Kalil vieram à tona nesta semana, quando áudios e vídeos circularam na internet com frases desrespeitosas atribuídas ao médico e pronunciadas durante o parto da filha da influencer Shantal Verdelho, há cerca de três meses. O G1 foi o primeiro a noticiar o caso.

O obstetra Renato Kalil, acusado de violência obstétrica contra a influencer Shantal Verdelho
O obstetra Renato Kalil, acusado de violência obstétrica contra a influencer Shantal Verdelho - Reprodução/Todo Seu no YouTube

Após a revelação do caso, a jornalista britânica Samantha Pearson, correspondente do jornal The Wall Street Journal no Brasil, disse ao jornal O Globo ter passado por episódios traumáticos de assédio moral no consultório de Kalil.

Nesta quarta, mais duas mulheres afirmaram ao jornal O Globo que foram vítimas de assédio sexual pelo médico.

Considerado referência na obstetrícia brasileira e famoso por fazer partos de celebridades, Kalil nega as acusações de violência obstétrica, afirma que o parto ocorreu sem "qualquer intercorrência" e que o vídeo foi editado, com frases retiradas de contexto.

Em nota à Folha, o Hospital São Luiz diz repudiar qualquer comportamento inadequado à prática médica. "A instituição não recebeu nenhuma denúncia formal relacionada ao parto da sra. Shantal Verdelho, mas, diante das notícias veiculadas, está apurando o ocorrido. Esclarece também que o médico não é funcionário do hospital."

O Albert Einstein informou que foi aberto um processo administrativo interno para acompanhamento da conduta médica de Kalil. "O hospital também está atento à avaliação de órgãos externos que estão atuando no caso. Importante informar que não foram identificadas quaisquer denúncias a respeito de sua prática dentro do hospital", diz a nota.

A Promotoria de Enfrentamento à Violência de Gênero, Doméstica e Familiar contra a Mulher, do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), confirmou a abertura de "procedimento de investigação criminal para apuração inicial dos fatos, recebimento de documentos e atendimento prioritário às vítimas, sem prejuízo de futura reunião de feitos na hipótese de instauração de inquérito policial para investigação de fatos correlatos".

O MP-SP ainda divulgou um email para que pessoas eventualmente interessadas em apresentar informações entrem em contato: gevidcentral@mpsp.mp.br.

Após a denúncia de Shantal, o Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) já havia aberto uma investigação sobre a conduta de Kalil. As apurações tramitam sob sigilo. Segundo a entidade, detalhes da acusação só serão revelados após o final do processo.

Por meio de sua assessoria, Kalil disse que é médico obstreta ginecologista há 36 anos e que, ao longo de sua carreira, já efetuou mais de 10 mil partos, sem nenhuma reclamação ou incidente.

A nota diz ainda: "O parto da sra. Shantall aconteceu sem qualquer intercorrência e foi elogiado por ela em suas redes sociais durante 30 dias após o parto. Surpreendentemente, o dr. Renato Kalil começou a receber nos últimos dias ataques com base em um vídeo editado, com conteúdo retirado de contexto. A íntegra do vídeo mostra que não há nenhuma irregularidade ou postura inapropriada durante o procedimento. Ataques à sua reputação serão objeto de providências jurídicas, com a análise do vídeo na íntegra".

Abuso sexual

Nesta quarta, o jornal O Globo noticiou relatos de mais duas mulheres que disseram terem sido vítimas do médico. Segundo Letícia Domingues, ela foi estuprada por três dias seguidos após ser internada na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo para a realização de um procedimento ginecológico, em outubro de 1991. Após a alta, os pais a levaram a uma consulta no consultório de Kalil, onde ela teria sido estuprada novamente. Ao jornal, ela disse não ter contado o caso por medo.

A outra mulher, que não quis ser identificada, afirmou que Kalil exibiu o pênis para ela após um parto traumático, em 1993, quando ele era plantonista do Hospital São Luiz. Isso depois de ter arrancado a placenta dela de maneira dolorosa durante o parto, de acordo com o relato.

Ao jornal carioca o obstetra negou as novas acusações e declarou, em nota, que "considera absurdas e fantasiosas as histórias e estranha que sejam veiculadas agora, 30 anos depois".

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