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Variante ômicron pode ser mais perigosa que a delta, diz especialista sul-africano

Cientistas devem levar até quatro semanas para descobrir gravidade da cepa, afirma diretor de órgão de saúde

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Alexander Winning
Joanesburgo | Reuters

A variante ômicron do coronavírus detectada no sul da África pode ser a candidata mais provável a suplantar a variante delta, altamente contagiosa, afirmou na terça-feira (30) o diretor do instituto de doenças transmissíveis da África do Sul.

A descoberta da ômicron causou alarme mundial, e países estão limitando a entrada de viajantes vindos do sul da África por medo de que ela se difunda rapidamente mesmo em populações vacinadas. A OMS (Organização Mundial da Saúde) afirma que a variante traz um grande risco de alta no número de contágios.

Partículas do vírus Sars-CoV-2, que causa da Covid, em imagem de microscópio; parecem duas bolas de cor alaranjada
Partículas do vírus Sars-CoV-2, que causa da Covid, em imagem de microscópio - National Institute of Allergy and Infectious Diseases/AFP

"Se acreditamos que ela será mais forte que a delta? Essa foi sempre a questão, pelo menos em termos de transmissibilidade —talvez essa variante específica seja a variante", disse Adrian Puren, diretor-executivo interino do Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis da África do Sul (NICD, na sigla em inglês), em entrevista à Reuters.

Se a ômicron se provar ainda mais contagiosa que a delta, isso pode levar a um pico forte de contágios, o que colocaria os hospitais sob pressão.

Puren disse que os cientistas devem saber dentro de quatro semanas em que medida a ômicron será capaz de escapar à imunidade gerada por vacinas ou infecções prévias, e se ela conduzirá a sintomas clínicos piores que os de outras variantes.

Relatos incidentais de médicos que trataram pacientes sul-africanos de Covid-19 apontam que a ômicron parece estar produzindo sintomas amenos, o que inclui tosse seca, febre e suores noturnos, mas especialistas acautelaram contra extrair conclusões firmes dessas observações.

Puren disse que era cedo demais para dizer se a ômicron estava substituindo a delta na África do Sul, porque cientistas locais haviam sequenciado apenas 87 amostras da nova variante até o momento.

Mas o fato de que o número de casos tenha começado a subir rapidamente, especialmente na província de Gauteng, a mais populosa do país, é um sinal de que certa dose de substituição já esteja acontecendo.

A variante delta propeliu uma terceira onda de contágios pela Covid-19 na África do Sul que chegou a um pico de mais de 26 mil casos diários no começo de julho. A ômicron deve deflagrar uma quarta onda, com os contágios diários superando os 10 mil casos no final da semana, ante 2.270 na segunda-feira.

Anne von Gottberg, microbiologista clínica no NICD, disse que parecia que o número de contágios estava em alta em todo o país.

Na segunda-feira (29), uma apresentação do NICD apontou para um grande número de internações por Covid-19 entre crianças de menos de dois anos de idade como uma área de preocupação. Mas Von Gottberg acautelou contra vincular esse fato à ômicron, ao menos por enquanto.

"Na verdade, parece que algumas dessas internações começaram antes do surgimento da ômicron. Também estamos vendo um aumento no número de casos de gripe, nos últimos 30 dias ou pouco mais, e precisamos ter muito cuidado ao contemplar outras infecções respiratórias", ela disse.

"Estamos observando os dados com muito, muito cuidado, mas no momento não estou muito certa de que possamos vinculá-los à ômicron", ela acrescentou.

A África do Sul foi elogiada por alertar a comunidade científica mundial e a OMS tão rapidamente com relação à ômicron —uma decisão corajosa se considerarmos o dano que as restrições de viagens impostas por diversos países, entre os quais o Reino Unido, causarão ao importante setor turístico de sua economia.

O país reportou mais de 3 milhões de casos de infecção por Covid-19 durante a pandemia, e mais de 89 mil mortes, o total mais alto do continente africano.

Tradução de Paulo Migliacci.

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